Coisas do Destino é mais um livro que foi produzido no decorrer de uma longa e estafante pesquisa, por longínquos lugares do Brasil e do exterior, o qual fica dedicado a minha esposa, uma companheira de todas as horas, a Senhora Raimunda Ferreira do Nascimento. Aos meus filhos: Sâmara, Gutemberg, Sandra e Evangelista Mota Nascimento Júnior, este último (In Memória), por terem compreendido e aceitado a minha ausência nas horas de lazer e brincadeiras que a eles deveriam ser dedicadas e não foram. A meus pais, Manoel Mota do Nascimento (In Memória) e Maria Tomás Mota, por terem sido eles testemunhas da minha incansável luta para concluir mais esta obra. Meus irmãos: Ana, Antônio Clides (In Memória), Maria Analice, Raimundo, Ana Rita, Josimar, Orismar, Viturina e Vicência Mota Nascimento. Fica, também, dedicada àqueles que colaboraram com informações precisas e verdadeiras, as quais devem fazer parte do forro de travesseiro de todos aqueles que se dignarem em ler a sua própria história.
Enfim, sem a força, o incentivo e as críticas que me fizeram, antes, durante e depois da escrita de mais este livro, que foi, é e será mais um grito de vitória do escribra de mais este trabalho.
HOMENAGENS PÓSTUMAS
Na incapacidade de fazermos uma mega publicação sobre muitos progenitores e descendentes da magnânima família Motta, que já transferiram suas moradas para o Oriente Celestial, citam-se aqui somente os bisavós, avós, pai, irmãos e filhos do escriba deste livro.
Bisavós: Antônio Ferreira Motta nasceu no dia 11 de novembro de 1862, na freguesia de Vera Cruz, Sertão dos Inhamuns, Município de Tauá, Estado do Ceará, filho de Antônio Ferreira Motta e Francisca Ferreira Cavalcante Motta. Faleceu no povoado Jenipapo do Resplande, Município de Barra do Corda-MA, no dia 26 de abril de 1909.
Merenciana Rosa da Silva nasceu no dia 8 de outubro de 1874, no povoado Vereda da Serra, Município de Loreto-MA, filha de João Marcolino e Filomena Rosa da Silva. Faleceu no povoado Jenipapo do Resplande, Município de Barra do Corda-MA, no dia 22 de abril de 1952.
Lino Gonçalves do Nascimento nasceu, na freguesia de Vera Cruz, Sertão dos Inhamuns, Município de Tauá, Estado do Ceará e faleceu no povoado Maravia, Município de Barra do Corda-MA.
Avós: Manoel Gonçalves do Nascimento nasceu no dia 20 de agosto de 1902, no povoado Leandro, Município de Barra do Corda-MA, filho de Lino Gonçalves do Nascimento e Maria Ferreira de Sousa. Faleceu no dia 18 de agosto de 1927, no povoado Maravia, Município de Barra do Corda-MA.
Viturina Rosa da Silva Mota nasceu no dia 2 de novembro de 1906, no povoado Jenipapo do Resplande, Município de Barra do Corda-MA, filha de Antônio Ferreira Motta e Merenciana Rosa da Silva. Faleceu no dia 11 de outubro de 2002, na cidade de Dom Pedro-MA.
Raimundo Ferreira Mota nasceu no dia 20 de junho de 1904, no povoado Jenipapo do Resplande, Município de Barra do Corda-MA, filho de Antônio Ferreira Motta e Merenciana Rosa da Silva. Faleceu no dia 12 de setembro de 1977, no povoado Cocal de Dentro, Município de Tuntum-MA.
Josefa dos Reis Andrade nasceu no dia 20 de junho de 1909, no povoado Formosa dos Tomás, Município de Tuntum-MA, filha de João Tomás de Andrade e Isabel Flores de Andrade. Falecida no dia 20 de junho de 1944, no povoado Caxixi, Município de Tuntum-MA.
Pai: Manoel Mota do Nascimento nasceu no dia 12 março de 1928, no povoado Jenipapo do Resplande, Município de Barra do Corda-MA, filho de Manoel Gonçalves do Nascimento e Viturina Rosa da Silva Mota. Faleceu no dia 23 de dezembro de 2005, na cidade de Açailândia-MA.
Irmãos: Ana Mota Nascimento e Antônio Clides Mota Nascimento nasceram no povoado Caxixi, Município de Tuntum-MA, respectivamente, no dia 6 de julho de 1952 e 20 de fevereiro de 1954. Filhos de Manoel Mota do Nascimento e Maria Tomás Mota. Ana Mota Nascimento faleceu no dia 22 de abril de 1957, no povoado Caxixi e Antônio Clides Mota Nascimento no dia 9 de dezembro de 1989, na cidade de Itupiranga, Estado do Pará.
Filho: Evangelista Mota Nascimento Júnior nasceu no dia 10 de dezembro de 1985, no hospital Jerusalém, cidade de Açailândia-MA, filho de Evangelista Mota Nascimento e Raimunda Ferreira do Nascimento. Faleceu no dia 25 de julho de 1989, na cidade de Brasília-DF.
Agradecimentos
Primeiramente agradeço ao nosso Pai Celestial, pois é Ele quem nos dá vida, saúde, determinação e inteligência. É ele que me dá oportunidade de poder manifestar com isenção e seriedade o que pensamos e o que sentimos; a capacidade de agir e reagir diante dos fatos sociais e familiares e o desprendimento que inspira o homem a ter coragem e sem coação, coerentemente manifestar seu ponto de vista sobre os acontecimentos que nos cercam. Agradeço também, aos que me apoiaram e incentivaram a continuar expressando meus sentimentos pela escrita, com mensagens que refletem a realidade dos fatos que estavam no anonimato e ignorados por muitos, por conveniência ou por omissão dos que preferiram o silêncio.
Enfim, agradeço a todos, por terem sido pontos de inspiração para a escrita de mais este livro, que com estilo próprio segui o caminho das letras. Por isso mesmo é que tenho sentimento cívico e humano, pelos que me apoiaram, colaboraram, orientaram e vão ler esta obra, que foi feita com muito carinho e determinação, cujo trabalho pode ser uma fonte de inspiração para outros escritores continuarem a fazer aquilo que me faltou à capacidade literária e intelectual ao construir mais este livro.
APRESENTAÇÃO
Coisas do destino, que você vai ler agora, é o tipo de livro que nós escritores chamamos de “clássico histórico biográfico”. (arte relativa à literatura ou à cultura dos antigos gregos e romanos, que seguiam o padrão deles em matéria de arte, letras e cultura da melhor qualidade). Esses conjuntos de fatos notáveis estão registrados em tradicionais documentos referentes à vida dos povos e da humanidade em geral, desde o passado remoto da história biográfica da vida de uma pessoa, até hoje. Portanto, este livro é aquela história que foi arrancada do fundo do baú dos antepassados, pais, mães e filhos da magnânima família que você terá oportunidade de conhecer. Ele é um lindíssimo documentário que pode ser apresentado a todos os tipos de leitores.
A obra está cheia de cenas e aventuras. A sua história possui muitos momentos emocionantes. Os principais personagens se livram dos perigos e dos sustos de longas viagens, que o autor fez a procura de informação da origem e desenvolvimento de sua parentela. Ele apresenta neste volume ilustrações criadas e adquiridas no decorrer da pesquisa, para que você possa conhecer as imagens que vai encantar milhares de pessoas em todo o mundo. Por isso é que convidamos você, leitor, a acompanhar a leitura do mesmo, desde a incrível viagem que ele fez a São Domingos, uma cidade do cento-oeste do Estado Maranhense, lá pelas tantas da década de 70, pelo interior do seu estado natal e foi até o surpreendente continente europeu, descoberto pelos povos Estrucos, que deram origem à família Motta Universal.
O livro “Coisas do Destino”, escrito pelo confrade Evangelista Mota Nascimento é uma história biográfica que relata sobre a origem e desenvolvimento da família “MOTTA” que se originou lá pelas bandas do continente europeu, em épocas muito remotas. Para você ter uma ideia, quando o narrador descobre o sentimento que a história que ele escreveu se confunde com a ciência, que fazem do desconhecido coisas emocionantes, ele chorou de alegria, por ter descoberto algo, que a séculos estavam guardados no fundo do baú de poucos decendentes de tão magnânima família.
Com uma delicada linguagem poética, o confrade Evangelista construiu uma história de heroísmo, coragem, aventura e emoção. Ela faz você sentir, dentro de si mesmo, o que significa a verdadeira determinação de um homem que nasceu e se criou numa das regiões mais pobres do Maranhão, mas teve coragem de sair de sua terra natal e do meio de sua parentela e foi para a cidade estudar e trabalhar, por isso ele faz de sua vida uma das mais belas histórias, que pude conhecer.
Apaixonado pela sabedoria e simplcicidade, o confrade Evangelista, quando ainda estudante da 4ª série do Ensino Fundamental, idealizou e desenvolveu uma pesquisa que resultou num excelente livro. Nas leituras, discussões e debates que fazia na Escola Municipal Dr. José Teixeira de Freitas, de São Domingos do Maranhão, ele sentiu a necessidade de estudar a origem da família “MOTTA”. Desde então, ele começou escrever o projeto, o qual foi chamado de “Coisas do Destino”. Isso porque, no seu entendimento, o conhecimento é, portanto, a oportunidade que alguém tem de conhecer o que é mais fascinante na vida de uma pessoa, ou de uma família que teve e tem história para ser contada.
Há tantas pessoas que passam toda a existência de suas vidas em lamúrias, trancafiadas nos pequenos problemas do cotidiano. Vida desperdiçada, sem utopias, sonhos e ilusões. Lendo a vida dessa gente tão singular ele resolveu escrever sobre algumas delas. Não foi fácil escolher entre tantas, quais as preferenciais, porque muitas despertavam seu interesse. Optou por não escrever sobre nenhuma, mas investigou com profundidade de onde vieram e como se desenvolveram nos lugares que morava, neste e em outros países.
Seu intento não era esgotar o tema, o que seria impossível, nem escrever uma obra inédita sobre a sua própria família. Era apenas investigar e chamar a atenção dos parentes mais jovens a buscarem conhecimento sobre suas raízes. Isso certamente vai encantar-nos com suas próprias histórias e delas se
valerem como combustível para a aventura do viver em um mundo tão competitivo, como está sendo o que vivemos.
Talvez, no desejo de manter aquele mesmo sonho do jovem que acabou de se mudar do interior para a cidade, para estudar e trabalhar na construção de um projeto que foi discriminado e criticado pelos que não conheciam o seu talento e disposição. Tinham inveja do seu trabalho, mas ele não dava ouvidos àquilo. Seu objetivo era fazer o máximo que pudesse de boas coisas, ser e fazer todos felizes, por isso ele foi e está sendo vitorioso.
Ele dizia “É preciso que os incomodados vençam os acomodados. E que os inquietos vençam os magoados. E que uma força nova surja a cada dia nascida da coragem de quem não tem medo dos acontecimentos, nem espera que eles aconteçam de forma desastrosa, mas tudo na paz do Senhor, Grande Arquiteto do Universo”. Estas e outras mensagens, apontavam novos caminhos por onde ele passava, pregando boas novas aos seus familiares e assim ele mostrou para muitos, que realmente era diferente, despojado de vaidades materiais, porém cheio de virtude e fidelidade.
O seu novo livro, que aqui estou apresentação ao seu público leitor, é sem dúvida um convite à leitura. Cada assunto escrito tem o intento de impulsionar as pessoas a viverem com mais intensidade. É bom que as pessoas exaltadas neste livro, não fiquem na plateia, mas passe a fazer parte do espetáculo. Ele tem uma fascinante metamorfose, por isso desperta as pessoas a verem melhor as coisa do ponto de vista de suas próprias histórias. Quem não lê, fica de fora de tais conhecimentos e foi refletindo sobre isso, que no decorrer da pesquisa que resultou nesse livro, ele leu muitos artigos, contos, biografias e textos literários, com isso conheceu muitas coisas que não estavam na sua frente, mas estavam dentro das obras que leu. Faça isso também!
Fazendo isso você vai poder viajar numa história que pode ser a sua ou de pessoas muito conhecidas por você e sem se levantar da cadeira que está sentado. Não jogue fora à chance de saber quem realmente foi e são as pessoas envolvidas nesta história, que este livro relata. Quais foram as suas proezas, os sucessos e também os sofrimentos e decepções que sofreram e ainda sofrem. Assim como as criatividades que o autor usou para, do nada, fazer um audacioso projeto de pesquisa, que resultou numa história que merece total atenção, principalmente, quando ele fala dos coadjuvantes (pessoas que tiveram envolvimento nos fatos que ele encontrou guardados no fundo do baú, os quais foram narrados da forma mais simples possível. Ele fez isso porque são nos livros que estão escritas coisas indispensáveis ao conhecimento de todos nós.
Ler não é novidade para o escritor e professor de qualquer gênero literário. Este tipo de atividade é fruto da modernidade, pois sabemos que da Grécia antiga ao tempo de Kafka, as leituras públicas eram comuns como forma de divulgar obras e autores. Isso aconteceu com o confrade Evangelista, já escreveu e publicou vários livros e todos de boa qualidade. Ele acredita na existência de um ser supremo, aquele que orienta os acontecimentos da vida de todos nós, mesmo que, às vezes, não queira demonstrar, é também fundador de várias entidades de grande envergadura social, cultural e espiritual.
De modo que apresentar o livro “Coisas do Destino, aos leitores do colega Evangelista Mota Nascimento foi um grande prazer. Leia e se delicie com a história que nele está narrada.
INTRODUÇÃO
Imagina-se que a capacidade de uma pessoa pensar, planejar e escrever algo real que teve início em épocas muito remotas vem de Deus, o qual iluminou a cabeça de um jovem estudante da 4º série do Ensino Fundamental de uma escola pública municipal do interior do Maranhão, a iniciar no ano de 1971, do século XX, a idealizar e realizar um projeto de pesquisa, que resultou na escrita deste livro. No decorrer da pesquisa ele visitou e entrevistou mais de 300 pessoas e enviou cerca de 200 ofícios a entidades públicas e privadas das quais solicitou informação sobre a origem e o desenvolvimento da família “Motta”. Fez também, cerca de 50 viagens, nas quais passou por mais de quinhentos lugares. Leu aproximadamente 280 livros, muitos jornais e revistas especializadas em bibliografia. Leu também a Bíblia Sagrada, de onde copiou alguns versículos que serviram de inspiração para a introdução e conclusão de alguns assuntos inseridos no seu trabalho.
A partir de então, ele foi puxando pela cabeça, espanando as prateleiras da memória, pois só restava a determinação para iniciar e concluir uma longa e difícil pesquisa a ser feita, até porque já sabia que a profissão de pesquisador e escritor é uma condenação e ao mesmo tempo uma celebração, mesmo sem premiações através dos chamados bens materiais, principalmente quando se trata de escrever um livro como este, certamente foi a experiência mais próxima que ele teve de dar a luz a quem estava em trevas. E foi seguindo por estas vertentes de pensamentos, que um desconhecido homem de 21 anos iniciou, de bicicleta, uma viagem pelo sertão do Maranhão, na qual andou cerca de 90 léguas em 35 dias, pelos lugares que morou alguns troncos da família Motta Brasileira.
Depois daquela magnânima viagem ele fez inúmeras outras e com os mesmos objetivos, colher informações da origem e desenvolvimento dos Motas nas quais ele colheu reais informações que respaldou o seu projeto, “Escrever a Árvore Genealógica da Família Motta Brasileira”. Entre tantas, destaca-se uma que fez em abril de 1984, na cidade de Arame, Estado do Maranhão, onde passou a páscoa com sua família e outros parentes. Na tarde da sexta-feira da paixão daquele ano, ele se encontrou com o professor Raimundo Nonato Ruque Seterbile, um ancião de 104 anos, porém com suas faculdades intelectuais em perfeita sintonia, o qual lhe deu boas informações sobre a família em epígrafe, as quais foram mais tarde checadas e comprovadas, por isso fazem parte deste livro.
No dia 25 de julho de 1998 ele foi ao povoado Caxixi, Município de Tuntum, checar algumas das informações que já havia registrado anteriormente. De lá foi à cidade de Dom Pedro, agendar com sua avó Viturina Rosa da Silva Mota, a comemoração dos seus 90 anos, para o dia 2 de novembro, a realizar-se no Clube da Loja Maçônica Visconde Vieira da Silva, na cidade de Barra do Corda-MA. Conforme combinado, no dia e hora marcada, 251 parentes da homenageada lá estavam para prestigiar aquela anciã, que completava mais um ano de vida com muito vigor físico. Na oportunidade ele entrevistou os historiadores: João Mota de Araújo, Pedro Mota de Araújo, Ângelo Santana Silva Mota, Raimundo de Sousa Mota, Renato de Sousa Mota, Pedro Mota de Lima e João Ferreira do Nascimento, cuja conversa transformou a sua caneta em uma figura mágica e graças a ela, o passado e o desconhecido ganhou vida e passou a ser conhecido.
Dessa forma, ele foi aos poucos imaginando que o mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos, que se confundem com a história e mitos que, por vezes, ficam entrelaçados dentro de coisas bastante simples, que dificultam o entendimento de onde um acaba e o outro começa, mas as semelhanças de imagens que teve sobre a árvore genealógica da família, homenageada foi comparada com a realidade dos fatos apurados e viu que elas chegavam muito próximo do objeto real que procurava conhecer, cuja ampliação figurou o que disse o Apóstolo Paulo, quando pregava a palavra de Deus no seu estado de fé.
Talvez não com a fé do Apóstolo Paulo, mas com a determinação e vontade de conhecer o que estava guardado no fundo do baú de muitos dos seus familiares, ele possa fazer o resgate de uma história que estava perdida no tempo há mais de três séculos e assim ele foi refletindo sobre o que o homem é capaz de fazer a partir de uma união conjugal com o sexo oposto, onde as aceitações mútuas de duas pessoas definem o agrupamento de genes que vão formar uma vida da mesma descendência, linhagem, caracteres e sangue. Vidas estas que são projetadas para viverem em sociedade, comunicando-se umas com as outras, através da fala, gestos, sinais, símbolos ou toques, cujos princípios subtendem que são dignos de serem registrados, pois certamente um dia eles serviram de parâmetro para que outros escritores escrevam o que foi, é e poderá ser um ser humano, principalmente, quando é da mesma parentela.
A sua primeira análise foi a da investigação teórica sobre vários aspectos importantes da tomada de posição de um homem que nasceu no interior do estado mais pobre do Brasil, onde viveu isolado de quase tudo, durante 18 anos. Lá a escola era o pesado trabalho do roçado de sobrevivência e as duras determinações dos seus pais. Mas apesar de todo sofrimento, ele tinha na sua mente um novo projeto para a sua vida (se mudar daquele lugar, para outro onde pudesse estudar e trabalhar como mais dignidade) e isso foi feito.
A sua segunda análise foi sobre a coragem e a determinação que teve de sair de sua casa, do meio de sua parentela para andar por lugares desconhecidos a procura de informação de pessoas que ele também não conhecia, mas queria deixá-los na história e assim foi mascateando as informações que precisava, algumas ao vivo e outras oficializadas por cartas e telefones, as quais foram todas parar no seu audacioso projeto (escrever a real história de sua base familiar). Mesmo sabendo que poderia encontrar outras multiplicidades e desenvolver novas formas de criação no miolo do seu novo trabalho, como fez Machado de Assis, quando escreveu o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, que conta uma história que pareceu se do outro mundo, porém está totalmente pautada na nossa realidade circundante.
Ao escrever este texto ele não teve a pretensão de contextualizar o livro de Machado de Assis, mas de fazer dele o seu ponto de partida e de chegada, retornando sempre a ele mesmo, para nele descobrir e dele retirar os elementos que podem explicar a sua narrativa, cujo vocabulário e figuras de linguagem, temas, verbetes e ideias pessoais, nele distribuídos, fazem parte do perfil literário do autor, um padrão usual de muitos historiadores amadores como ele. Em cada assunto abordado, ele apresenta alguns conceitos e significados etimológicos a respeito dos mesmos. O título da obra também surgiu no decorrer das conversas que teve com as pessoas nos mais diferentes lugares e épocas deste imenso mundo e assim chegou a muitas informações sobre as pessoas que originou a sua parentela.
Para tanto, ele teve que enfrentar muitas barreiras e obstáculos, pois a maioria dos parentes e instituições para quem enviou ofício, não respondeu às perguntas solicitadas. A falta de recursos e tempo para visitar todos os lugares que morou e viveram os troncos da família, assim como a distância, o difícil acesso de muitas moradias, também contribuiu para as possíveis falhas, que você leitor possa encontrar neste livro, mas se isso aconteceu não foi a sua intenção. Mesmo assim, aqui está registrado o que foi entendido como sendo a verdadeira história e que, certamente será útil para todos, pois nela contém uma visão helicoidal da árvore genealógica da família que surgiu em algum lugar do mundo e se espalhou pelo restante do planeta e das mais diversas formas e, por onde está ainda continua fazendo história; como fizeram muitos de seus descendentes, que no princípio do século XVII, migraram de suas terras natais, norte da Itália para o Brasil, nos navios a vapor: Clementina Colúmbia, Izabella, Nova Trento, Pietro Tabacchi e Santa Cruz, que em pontos estratégicos da costa e rios de grande e médio porte brasileiro, eles aportaram e fincaram suas raízes.
Na fazenda Morro das Palmas e Santa Cruz, de propriedade dos ancestrais do coronel Pietro Tabacchi, eles foram agasalhados em barracão. A partir de então, foram se espalhando pelos mares,
rios e trilhas feitas por animais selvagens e nelas formaram fazendas de cana de açúcar, café e outras plantações. No engenho Vera Cruz, situado na Vila Vera Cruz, Região dos Inhamuns, Estado do Ceará, terra-berço de Antônio Ferreira Motta, ele encontrou vestígios bastante contundentes, sobre tudo que pesquisava. Feitas todas estas análises, a primeira determinação foi a de checar as informações. Como faltavam algumas, ele escreveu e mandou ofícios para vários Consulados e Associações do Brasil e do exterior. Mandou também, o mesmo documento para cartórios, igrejas e parentes das cidades mais antigas do Brasil, no qual solicitava informações afins, e o resultado de tudo que recebeu está no que você, leitor, vai ler neste livro.
Assim, encerro esta introdução, dizendo, de viva voz que: “Coisas do Destino” é um livro escrito com vocabulário próprio, porém, com base real no que foi apurado na mencionada pesquisa, que durou mais de trinta anos para ser concluída; por isso ele está destinado a leigos e intelectuais, que valorizam a sua cultura.
COISAS DO DESTINO
Se imaginarmos que a profissão de escritor é uma condenação e ao mesmo tempo celebração, porém, sem premiações dos chamados bens materiais é perfeitamente compreensível pensar o quanto é difícil escrever uma história com começo, meio e fim, que hipotetiza-se ter começado a florescer na época que os povos Etruscos colonizaram o norte da Itália.
A partir da análise de artefatos descobertos em túmulos existentes na região dos montes Apeninos e nas encostas dos rios Tibre, Sile e Botteniga, por arqueólogos e historiadores do continente europeu, foi possível identificar, que os Etruscos foram os primeiros povos a habitarem a costa norte do Mediterrâneo, onde criaram importantes cidades, entre tantas, destacam-se as de Chiusi, Cortona, Fiesole, Treviso, Volterra e Veneza, fundadas nos séculos VI e VII a.C.
Mesmo sendo a escrita dos Etruscos um grande enigma para os pesquisadores desta civilização, pois não foi totalmente decifrada, foi possível saber que o povo Etrusco fazia parte de uma sociedade aristocrática, onde as mulheres desfrutavam de uma vida emancipada, com grande habilidade na fabricação de vasos, esculturas e enfeites de barro. Os homens dominavam as técnicas de fazer objetos em bronze e outros metais nobres, eram também habilidosos na arte da ourivesaria, na arquitetura e construções de templos e pontes com pedra e barro. Suas atividades econômicas eram ligadas à agricultura e ao comércio de joias, artesanato e diversos outros produtos de metais nobres. Quando os diversos registros que eles deixaram escritos forem revelados, novos aspectos da história cultural e religiosa que eles cultivaram, serão melhor explicados.
Os seus credos religiosos eram baseados nas mitologias gregas, portanto, eram politeístas, acreditavam na existência de vários deuses. As três divindades mais importantes de suas crenças eram Uni, Tinia e Menrfa, cujos deuses eram cultuados em templos, onde os sacerdotes também realizavam adivinhações e profecias. No período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era cristã, vários elementos de suas religiosidades foram incorporados ao conjunto de crenças romanas, os quais se caracterizaram pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, que favoreciam a saúde, a prosperidade, as colheitas fartas e o sucesso na guerra. A piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa individual e sim da fiel realização dos deveres aos deuses, concebidos como poderes abstratos e não como divindades antropomórficas, que eles adoravam.
O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que apesar de todas as cerimônias e oferendas oferecidas, os seus deuses não conseguiam afastar os problemas de suas vidas. Como as crises econômicas e sociais atingiram o mundo romano naquela época, a antiga religião não respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e a partir do século III a.C., começaram a se difundir no meio deles religiões orientais de rico conteúdo mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação em doutrinas secretas e sacrifícios. Nesse ambiente chegou Pedro e Paulo no Império Romano, pregando a doutrina Cristã. A partir de então, o monoteísmo dos Etruscos chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, que o cristianismo começou a conquistar no continente europeu. Mas somente em 313 d.C. foi que o Imperador Constantino I reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano, época que ele suprimiu todos os cultos monoteístas no seu reinado.
Na epístola de Paulo aos Romanos, lê-se que, todos nós pecamos e por isso estamos separados da glória de Deus, pois o salário do pecado é a morte. Isso demonstra que os ensinamentos religiosos dos romanos já estavam se enraizando nos cultos de louvação a Deus e não mais os vários deuses que os politeístas adoravam. Talvez tenham sido os ensinamentos de Paulo e Pedro, que no ano 319, último período do Império Romano, os Imperadores Aureliano e Teodorius I determinaram as autoridades religiosas de seus reinados que cumprissem o que está escrito na Bíblia Sagrada, como por exemplo:
Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Único Filho, para que todo aquele que nele crê, não morra, mas tenha a vida eterna. João 3.16.
Nos fascículos das Academias de História da Itália, França, Espanha, Inglaterra, Escócia e nas bibliotecas e museus das províncias de Baluffi, Camastra, Calábria, Carmagnola, Catanzaro, Catatania, Campodolcino, Catalão, Conti, Cremona, D’Affermo, Escolano, Foggia, Gaspar, Geggio, Livenza, Lonbarde, Massina, Milão, Montecorvino, Piemonte, Puglia, San Giovanni, Santa Lúcia, Santa Anastasia, Sicilia, Sondrio, Travassos, Treviso, Turim, Valência, Valdez, Vercelli, Vêneto, Visconti e Veneza. Assim como nas Trovas de Moisés, Jaime Febre, Armando Fluvia e na Biblioteca Nacional do Brasil, identificou-se sinais bastante seguros de que, foram os povos Etruscos quem primeiro habitaram os vales envolventes dos rios Tibre, Sile, Botteniga e Monte Apeninos da costa norte do mediterrâneo, onde hoje é cultivado os maiores plantios e processamento de uva e vinho da Itália, terra que o fluxo e refluxo das águas do mar fazem nas encostas dos rios, montes de substâncias orgânicas que fortalecem as terras, cujo processo os Etruscos convertidos ao cristianismo chamaram de “MOTTA e EMANUEL”, cujas palavras são de origem Romana e significam = MOTEM E DEUS CONOSCO.
A partir deste e outros estudos hipotetiza-se que um Etrusco colocou no seu filho primogênito o nome de Emanuel Motta, o qual cresceu e também teve filhos, que receberam o seu sobrenome e assim ele foi se disseminando por todo o mundo, inclusive no Brasil, aonde chegou lá pelas tantas do século XVII. Enfim, estou convencido de que, para se conhecer melhor o passado das civilizações é preciso primeiro, compreender o presente e futuro delas e isso aconteceu, porque um desconhecido estudante da 4ª série primária de uma Escola Pública Municipal do interior do Maranhão idealizou e executou um projeto de pesquisa, que foi intitulado de “Coisas do Destino” e foi graças a ele, que se pôde resgatar a história que remonta o começo e o desenvolvimento da família Motta Universal.
TÍTULOS NOBILÍSSIMOS
Lá pelas tantas do século XIII, a.C., um fulano chamado de Federico II, rei da província de Campodolcino, fundada pelos Etruscos no continente europeu criou os Títulos Nobilíssimos, um tipo de Brasão em miniatura confeccionado de bronze, prata e ouro, criados pela concessão das autoridades reais, para agraciar a nobreza que desfrutavam das honras heráldicas das cortes supremas existentes no velho mundo, cuja fidalguia, recebia tais qualificações por herança familiar e também por pessoas que se ombreavam com a família real, as quais eram consideradas como se fossem os pares do rei. Tudo isto teve muita importância na antiguidade, principalmente, no universo dos nobres, os mais privilegiados da época, com benefícios públicos, materiais, serviços fiscais, isenções de impostos e exercícios de cargos da corte, que tinha rigorosa etiqueta e senhor absoluto de tudo.
Os primeiros condecorados com tais títulos foram os senhores da Casa de Quintão e Torres, criada a favor de Maria Tomás Pinto Mesquita Motta e Pedro Vasconcelos Soares Vieira Motta, herdeiros de Atanásio Domingos Motta, filho de João Domingues Motta e Luzia Dias Motta, que foi pai de João Araújo Lima Motta, Antônio Araújo Lima Motta, Mariana Luisa Araújo Motta, Benjamim Araújo Lima Motta e João Fernandes Motta, que receberam títulos de Duques, Marquês, Conde, Visconde, Barão, Fidalgos, Capitão-Mor, Bispos da Ordem de Cristo, Governadores, Deputados, Ministros de Estado, Advogados, Engenheiros e Médicos.
No dia 17 de abril de 1890, Dom Carlos I, condecorou o Conde de Juncal Carlos Pinto Vieira Motta, com um título nobilíssimo. Ele faleceu no dia 18 de março de 1889. Com sua morte assumiu o posto o Conde, Pedro de Sande Motta, que era casado com Amélia Augusta Ferreira Cabral, que geraram os filhos Bernardo José Vieira Motta e Maria do Carmo Pinto Motta, que geraram: João Maria Correia Motta e Aires Campos Motta, que se casaram, com Maria Amélia Vieira Motta e Maria Albina Monique Melo Motta.
Inácio Francisco Silveira Motta recebeu o título de Barão e Conde da Vila Franca. Ele nasceu no dia 26 de julho de 1815. Filho de Joaquim Inácio Silva Motta e Ana Luisa da Gama se casou com Francisco Velasco Castro Carreiro Motta.
O Fidalgo da Casa Real Salustiano Pereira Motta, casado com Antonia Maria Duarte Ramalho Ortigão Motta, no dia 20 de maio de 1869, recebeu o título de Barão da Província, Pereira Motta.
Os líderes religiosos que se destacaram nas suas doutrinas de evangelização da Santa Sé, também receberam o Brasão de Sacro Santoro. De igual modo receberam os Condes que tomavam conta dos Palácios Reais da dinastia jurisdicionada à nobreza dos Motas no continente europeu, principalmente, os que se espelhavam nas pessoas do governo da corte que tinham grandes propriedades.
Manoel Ferreira Seabra Motta. Filho de Manoel Antônio Ferreira Silva e Maria de Jesus Seabra Motta, casado com Ana Felícia Seabra Motta, pai de: Dulce Augusta Ferreira Seabra Motta, Albino Raimundo de Sousa Pimentel, Acácio Alfredo Ferreira Seabra Motta, Antero Frederico Ferreira Seabra Motta, que se casou com Ermínia Augusta Cardoso de Carvalho e Rita Augusta da Silva Motta, que geraram: Maria das Graças Barros Lima Motta, Julia Clementina Ferreira Seabra Motta, Manuel Rodrigues Cruz Motta, Adolfo Manuel Ferreira Seabra Motta, Alfredo Balduíno Ferreira Seabra Motta e Armando Artur Ferreira Seabra Motta, que também receberam o Brasão.
Carlos Miguel Teixeira Motta. Filho de José Manuel da Costa Leme, neto de Américo da Costa Leme Alpoim e Maria Amélia Motta, neto de Manuel Maria Costa Alpoim Motta e Maria Teresa de Lancastre Vasconcelos Motta, foi a 2ª pessoa a receber o título de Barão no continente europeu. O seu avô foi o 1º a receber o título de Visconde de Negro e a sua avó, a 11º a receber o título da Casa de Val de Couto Motta, das províncias de Mogofores, Jaceguaí, São Miguel, Vila Franca, São Sebastião,
Conde do Juncal, Marquês, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Fidalgos da Casa Real e Duque Motta, ambos criados por Dom Luís I, no dia 8 de maio de 1873, que no dia 10 de julho de 1879, decretou a favor de Antônio Pereira Motta, o título de Barão de Esposende, que no dia 4 de setembro do mesmo ano, recebeu do mesmo rei um importante sobrado, “O Solar dos Motas de Castelo Branco”.
Para prestigiar o clero, Dom Carlos I, rei de Portugal, criou os títulos de Barão de São Miguel e São Sebastião, criados a favor de Miguel Pinto da Motta e Manuel Ribeiro da Motta. Filhos de Miguel Ribeiro da Motta e Rita Maria de Azevedo.
No dia 12 de julho de 1812, Dom João VI, condecorou a Baronesa Ana Francisca Maciel Costa Motta, viúva de Brás Carneiro Leão Motta, com o Brasão São Salvador de Campos. Ela foi a 1o brasileira a receber tão magnânima honraria.
No dia 8 de janeiro de 1823, ela recebeu do Imperador, Dom Pedro I, o título de Visconde, o qual facultava aos seus descendentes pleitearem a continuidade do título, mediante solicitação específica ao imperador que poderia, ou não atender a concessão do pedido.
Destaca-se ainda, que no dia 19 de agosto de 1884, Dom Pedro II, Imperador do Brasil, assinou o decreto que criou o título de Barão de Jaceguaí, criado a favor de Artur Silveira da Motta e sua esposa Luisa Glech.
O valor do título de Duque era dois milhões e quatrocentos e cinquenta mil réis; o de Marquês era dois milhões e vinte cinco mil réis; o de Conde era um milhão e quinhentos e setenta e cinco mil réis; o de Visconde era um milhão e vinte e cinco mil réis e o de Barão era setecentos e cinquenta mil réis. A cada um destes títulos era adicionada a taxa de confecção do mesmo, que era de trezentos e sessenta e seis mil réis.
Nos 67 anos de regime imperial do Brasil, foram expedidos 1211 destes títulos sendo que as famílias Avelar, Almeida, Belfort e Campos foram as que mais receberam tais documentos. Entre estas, destacam-se os nobres Antônio Belfort Ribeiro de Arantes, Nicolau de Campos Vergueiro, Laurindo de Avelar e José Maria da Silva Paranhos Júnior. Este último nasceu no rio de Janeiro, do dia 20 de abril de 1845. Foi um Diplomata, Ministro de Estado, Geógrafo e Historiador Brasileiro. Era conhecido pelo título nobiliárquico de Barão do Rio Branco. Filho do Visconde do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos. Ele faleceu na cidade do rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1912.
MIGRAÇÃO
A prodigiosidade do solo e a exuberância da floresta brasileira adequada para o cultivo de produtos agrícolas, pastagens, extrativismo de madeira e minerais enterrados no subsolo, foi decisivo para que o rei Dom João V, mandasse para o Brasil o português Martim Afonso de Souza, para governar a províncias norte e nordeste do país, onde a relativa facilidade de obtenção do trabalho braçal dos indígenas não produziu bons resultados na agricultura.
Os primeiros migrantes recebiam do governo provincial uma sesmaria (um quarto de légua em quadra de terra), para suas culturas, uma espingarda, duas enxadas, um machado, uma enxó, um martelo, um facão, duas facas, duas tesouras, uma serra com lima e travadeira, dois alqueires de sementes, duas vacas, uma égua e farinha suficiente para o sustento da família por um ano. Os que tivessem família com capacidade de cultivar mais terra poderiam pedir ao governador mais terra, até 12 sesmarias eles poderiam ter. Isso fez com que 7817 pessoas migrassem para a província Grão-Pará, os quais se estabeleceram ao longo do litoral desde a foz do Amazonas até o rio da Prata, onde iniciaram plantios de cana, arroz, milho, mandioca, feijão, banana e vários tipos de frutas cítricas. Exploram também, os minerais nobres enterrados no subsolo.
No dia 29 de março de 1677, zarparam nos barcos Jesus, Maria e José 50 famílias de 219 pessoas, da Ilha de Faial. Eles habitaram a região onde, hoje, estão situados os atuais Estados do Amazonas, Bahia, Alagoas, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins.
Uma provisão do rei Dom João V, datada do dia 9 de agosto de 1747, determina ao brigadeiro José da Silva Paes, então governador da capitania do sul do país, que tomasse cuidado em tratar bem os novos colonos europeus que estavam migrando para o Brasil. Logo que chegou a ordem, ele procurou escolher nas terras adjacentes da costa e dos rios Amazonas, Pará, Gurupi, Bacanga, Mearim, Anil, Itapecuru, Parnaíba, Acaraú, Jaguaribe, Apodi, Açu, Potiguar, Paraíba, Tabajara, Caeté, São Francisco, Sergipe, Vasa Barris, Tupinambá, Jacuípe, Amoré, Paraguaçu, Contas, Pardo, Tupiniquim, Jequitinhonha, Mucuri, Cricaré, Doce, Tocantins, Goitacá, Puri, Paraíba do Sul, Tamoio, Carijó, Serra do Mar e Sertão do Cariri, lugares estratégicos para agasalhar bem os migrantes enviados pelo rei naquela época.
Em 1747, Feliciano Velho Oldenbourg, o fundador da Companhia de Comércio da Ásia Portuguesa, fechou contrato com o governo brasileiro para transportar, para a província Grão-Pará, cerca de 4 mil famílias açorianas, as quais povoaram vários outros lugares estratégicos do litoral brasileiro e dos seus principais rios. Entre aqueles migrantes estavam alguns descendentes das famílias Motta e Ferreira, que partiram da região norte da Itália, na Expedição Pietro Tabachi, para o Brasil, onde formaram as colônias do Espírito Santo, Nova Trento e Santa Cruz.
Sendo naquela época o litoral brasileiro originalmente preenchido de ponta pela mata Atlântica, que se caracterizava como adequada para o cultivo de arroz, mandioca, milho, feijão, cana de açúcar e criação de animais, principalmente as pertencentes à região nordeste, onde eles formaram propriedades, as quais receberam outros migrantes, que saíram às 13 horas do dia 3 de janeiro de 1874, do Porto de Gênova, em um navio à vela, o “La Sofia”, na expedição Tabacchi, com 386 famílias. Depois vieram outras expedições, como por exemplo, Mobely, Itália, Werneck, Oeste, Izabella, Berlino, Clementina, Adria, Colúmbia, Maria Pia, Regina Margherita, Solferino, Andréa Dória, Savona, Citá de Gênova, Roma, Baltimore, Savóia, Pulcevere, Birmania, Las Palmas, La Valleja e finalmente, Mateo Bruzzo, chegando com 528 famílias em outubro de 1894.
As regiões Sul e Sudeste do Brasil foram as que mais receberam imigrantes oriundos da Itália, nos séculos XVII a XX, os quais fizeram e ainda fazem grandes investimentos no território brasileiro.
O RESGATE
Lá pelas tantas do século XIX, os irmãos Emanuel e Antônio Motta, saíram de suas casas para pescar em um golfo que banhava a periferia da histórica cidade de Veneza. Como o mar estava agitado eles foram arrastados para o meio do oceano, onde ficaram por vários dias. Para não morrerem de sede e fome, bebiam água da chuva e comiam peixes crus, pescados no fluxo e reflexo das ondas que caíam dentro do barco que eles estavam, sem rumo e comando de navegação.
Passados alguns dias, eles foram resgatados por tripulantes de um navio que navegava pelas águas do Mediterrâneo, em direção do Brasil, o qual aportou no Porto Nossa Senhora da Assunção, Estado do Ceará, hoje Porto do Mucuripe, da cidade de Fortaleza, no final do mês de maio do ano de 1802. Minutos depois eles embarcaram em um barco que se destinava ao engenho “Vera Cruz”, situado no vale do Jaguaribe, região dos Inhamuns, onde a terra era fértil e clima agradável, com temperatura de 12 a 20º C, na época de inverno.
O engenho Vera Cruz foi construído na foz do rio Ibu, hoje “Rio Motta”, com o Jaguaribe, próximo das serras do Umari, Marruás e São Domingos, pelo dono do engenho Santo Antônio do Boqueirão, coronel Francisco Ribeiro de Sousa, adquirido do capitão Antônio Dias Ferreira, filho de João Dias Ferreira e Bernarda de Jesus, comprado do coronel Gil de Miranda e sua mulher Ângela de Barros, bem como do padre Antônio Rodrigues Frazão, lá pelas tantas do século XVII.
A poucos metros do rio Motta foi edificada a casa grande da fazenda que media 20 léguas de comprimento e 12 de largura. A casa tinha alpendre com parapeito largo nos seus arredores, ampla sala de estar e refeição, quartos sem janelas para a dormida dos filhos solteiros, donzelas e do casal. Em todos eles tinha um penico de barro, nos quais faziam as suas necessidades fisiológicas no período da noite. Na parte de trás ficava a cozinha e os potes de barro com copos de azas emborcados, em cima de uma tábua que cobria a boca dos potes. A despensa, quarto de mantimentos, paiol de milho empalhado, pilão para o descascamento do arroz e do milho que alimentava o pessoal, ficavam na parte de trás da casa. E foi num deles, que ficaram hospedados os irmãos Emanuel e Antônio Motta, quando chegaram ao Sertão dos Inhamuns. Por serrem homens de pele clara e terem os narizes grandes, os dois foram chamados pelo coronel Ferreira, na hora de almoçar de “Galegos Narigudos”.
Do lado direito e esquerdo da casa grande, ficavam os currais das vacas, animais miúdos, chiqueiros dos porcos e galinhas. Um pouco mais afastado, ficava o engenho, a casa de farinha e um barracão para guardar enxadas, foices, facões, machados, serrotes, arreios para os animais de sela, cargas e outros adereços de trabalho, servia também, para abrigar os escravos e ciganos.
Os trabalhadores moravam em casas de taipa, construídas um pouco mais afastados da sede da fazenda. Eram pequenas e sem conforto algum. As pessoas que ali viviam, eram marcadas pela luta na agricultura, engenho e pecuária. Não tinham diálogo sequer com a família, por isso eram desconfiados. Não havia comemorações entre eles. Somente nas festas de batizados e casamentos era que eles se juntavam em família, o resto do tempo era ocupado com o trabalho da fazenda, que mantinha o seu dono em grande conforto.
Ao amanhecer de cada dia, eles iam à casa grande tomar café com beiju de mandioca, cuscuz de milho e leite de cabra. No barracão apanhavam as ferramentas e outros apetrechos de trabalho e se dirigiam para o eito. O proprietário da terra ficava no parapeito, olhando-os. Aqui e acolá alguns deles desapareciam no mato. Nada de mais, era para fazer alguma coisa longe da visão de alguém que por ali estava.
Os animais que criavam serviam para abastecer a fazenda com carne, leite, pele e transporte de cargas e pessoas de um lugar para outro. Serviam também, para puxarem as moendas do engenho, que
moíam a cana para o fabrico de cachaça e rapadura, assim como a bolandeira que movimentava o caititu da casa de fazer farinha.
Por serem corretos em suas obrigações, pontuais no trabalho e extrovertidos, em pouco tempo de trabalho no fabrico de cachaça e rapadura no engenho Vera Cruz, os Galegos Narigudos ganharam a confiança e simpatia do coronel, que lhes ofereceu a mão de suas duas filhas solteiras Maria e Antonia Ferreira Cavalcante, em casamento. A partir de então, o coronel convidou o padre Antônio Rodrigues Frazão, Pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que foi a sua fazenda celebrar o casamento na capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que foi construída pelo pedreiro José Caçula Pedrosa, lá pelas tantas do século XVII, com tijolos e telhas de barro, retirado do barranco do Rio Motta.
Emanuel Motta com sua esposa Maria Ferreira Cavalcante geram 9 filhos: Emanuel, Joaquim, Francisco, João, Pedro, Maria, Santana, Joana e Viturina Ferreira Motta. Antônio Motta com sua esposa Antonia Ferreira Cavalcante geraram 8 filhos: Antonia, Joaquina, Rosa, Vicência, Josefa, Anastácia, Augusto e Marcelino Ferreira Motta.
Os 17 filhos dos Galegos Narigudos com a família Ferreira foram criados na mesma aldeia onde nasceram. Lá cresceram e se casaram na mesma parentela e tiveram muitos filhos. Por isso foram chamados de “Porcos” (animais que andam em manadas e procriam na mesma família). Eram também, características dos Motas dos Inhamuns, a produção de arroz, milho, feijão, mandioca, cachaça, rapadura, vinho, mel e carne de sol. A criação de gado e animais de pequeno porte, a exploração do solo em busca de metais nobres e participação na política tornou-os muito conhecidos na região que habitavam por muito tempo. Lá ainda se vê vários logradouros públicos e particulares, homenageando pessoas das famílias Motta, Ferreira e Feitosa.
ENGENHO JENIPAPEIRO
As constantes secas que assolavam o sertão nordestino, foram decisivas para que muitos dos descendentes de Emanuel e Antônio Motta fugissem de suas terras natais e do meio de suas parentelas para outros pontos do Brasil. Entre tantos, destacam-se: Antônio Ferreira Motta, Domingos Leandro, Estevão Ferreira de Sousa, Feliciano Alves Costa, Francisco Alves Costa, Furtuosa Alves Costa, Lino Gonçalves do Nascimento, Lourença Alves Costa, Manoel Alves Costa, Miguel Ferreira Motta, Militoa Alves Costa, Raimundo Runque Seterbile, Vicente Ferreira Mota e Vicente Inácio Pereira, que lá pela terça parte do século XIX, saíram a pé com seus matulões nas costas do vale de Vera Cruz, região dos Inhamuns, Estado do Ceará, em direção ao Maranhão.
Depois de terem subido e decido muitos morros, cruzado rios, riachos e grotas em 90 dias de viagem e cerca de 250 léguas caminhadas, eles chegaram ao povoado Belém da Barra situado no alto da Serra Negra. Lá eles se encontraram com alguns parentes, com os quais ficaram alguns dias, depois foram para a cidade de Picos, hoje Colinas do Maranhão, de onde foram para o Japão Maranhense.
Feliciano Alves Costa, Francisco Alves Costa, Furtuosa Alves Costa, Lourença Alves Costa, Manoel Alves Costa e Militoa Alves Costa foram para Pedreira trabalhar numa usina beneficiadora de arroz, algodão e coco babaçu. Lá eles tiveram contatos com índios Canelas da Aldeia Flores, com quem foram conhecer um Porão Misterioso, situado na Gleba São Benedito, vale da Serra do Bico Fino, centro-sul do Maranhão, descoberto no dia 5 de outubro 1817, onde a floresta era densa e com frondosas árvores de várias espécies: Angelim, Axixá, Açoita-Cavalo, Araçá, Amargoso, Aroeira, Bacuri, Candeia, Caneleiro, Catinga de Porco, Capitão do Campo, Cedro, Craíba, Conduru, Coração de Negro, Faveira, Fava-Danta, Inharé, Jatobá, Mirindiba, Marfim, Mama-Cachorra, Murici, Pequi, Pau Terra, Pau D’arco Amarelo e Roxo, Pau-Pombo, Pitomba, Puçá, Sapucaia, Sambaíba, Sucupira, Taipoca, Tinguir, Tuturubá, Tamburi. Tinha também, muitas palmeiras de coco babaçu, buriti, buritirana, coco inajá, macaúba e tucum.
Em cima de um pequeno morro de tabatinga que ficava cerca de 200 metros do porão, eles acamparam, depois construíram casas para morarem e cercar com estaca de candeia e aroeira. Em todo o vale do porão plantaram cana, café, frutas cítricas, arroz, milho, mandioca e feijão, em seguida demarcaram uma légua para o sul, uma para o leste, meia para o oeste e meia para o norte.
A cachaça e rapaduras, que produziam eram vendidas nas cidades de Barra do Corda, Caxias, Colinas, Codó, Curador, Mata do Nascimento, Pedreira e São Luís, onde também vendiam azeite de coco babaçu e farinha de mandioca.
Domingos Leandro, Estevão Ferreira de Sousa, Lino Gonçalves do Nascimento, Miguel Ferreira Motta, Raimundo Runque Seterbile, Vicente Ferreira Motta e Vicente Inácio Pereira foram trabalhar na fabrica de cachaça e rapadura nos engenhos Conceição, Charel e Mirador, onde hoje estão sediados os Municípios de Mirador e Sucupira do Norte, que naquela época eram de propriedade dos coronéis Bento Carreiro, Júlio Guimarães e Lucas Coelho. Meses depois eles foram para o centro-sul do Estado, onde demarcaram grandes áreas de terras e situaram fazendas, entre tantas, a Fazenda Leandro, Maromba, Maravia e Morrinho.
No engenho Jenipapeiro, instalado à margem esquerda, sentido norte-sul do rio Itapecuru, de propriedade do coronel Ricardo Mozinho ficou trabalhando com alguns negros africanos e índios Timbiras. Antônio Ferreira Motta ficou ensinando índios e escravos alforriados a fazerem cachaça e rapadura. Depois que todos estavam mestres na profissão, ele foi conhecer a freguesia de Loreto, onde se encontrou com a jovem Merenciana Rosa da Silva, que estava participando de uma missa campal. Foi paixão à primeira vista entre os dois, que se casaram no queima, horas depois. Quando terminou a
celebração do casamento eles foram ao povoado Vereda da Serra, onde moravam João Marcolino e Filomena Rosa da Silva, pais de Merenciana. Pelo fato do casamento ter sido no queima e Antônio Motta ser desconhecido, eles não foram recebidos. Para não se incompatibilizar com eles, os dois fugiram em direção do norte do Estado, por trilhas que só andava gado e vaqueiro. Subindo e descendo morros, cruzando chapadas, matas, carrascos, grotas, córregos, riachos e rios, eles andaram a pé em torno de 40 léguas, num período de duas semanas, até que encontraram um barraco construído debaixo de um enorme pé de Jenipapo plantado pela própria natureza, à margem direita sentido norte-sul, do rio Alpercata, no qual morava um senhor que atendia pelo nome de Manoel Resplande, o qual gentilmente acolheu-os em sua casa.
Em homenagem àquela árvore e a hospitalidade do morador, o Senhor Manoel Resplande, Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva chamaram aquele lugar de “Jenipapo do Resplande”, uma justa homenagem feita ao lugar que eles escolheram para fixar residência e criar seus filhos, que foram: Maria Rosa da Silva Mota nascida no dia 3 de agosto de 1889, José Leão Ferreira Mota, nascido no dia 15 de junho de 1894; Francisca Rosa da Silva Mota, nascida no dia 18 de março de 1898; Joaquim Ferreira Mota, nascido no dia 19 de julho de 1900; Raimundo Ferreira Mota, nascido no dia 20 de junho de 1904; Viturina Rosa da Silva Mota, nascida no dia 2 de novembro de 1906 e Antônio Ferreira Mota, nascido no dia 25 de julho de 1909.
CAXIXI
Objeto confeccionado pelos índios Canelas, feito com cipó titica e chamado de “Caxixi”
No início do ano de 1909, Antônio Ferreira Motta zarpou do Jenipapo do Resplande em direção a São Benedito, região centro-oeste do Maranhão, onde até os dias de hoje é conhecida como “Japão Maranhense,” para visitar os conterrâneos: Feliciano Alves Costa, Francisco Alves Costa, Furtuosa Alves Costa, Lourença Alves Costa, Manoel Alves Costa, Militoa Alves Costa, Anastácio Ferreira de Araújo, Raimundo Pereira de Sá, Manoel Silvério Araújo e Francisca Alves Ferreira Costa. Lá ele foi recebido com festa ao som de um saquinho de palha, com alça, que o tocador de berimbau segura juntamente com a vareta com que tange o instrumento “Caxixi”, que é também um componente musical bastante popular nas percussões de Agogô, Afoxé, Bloco Sonoro, Carrilhão de Orquesta, Castanhola, Chocalho, Ganzá, Pratos, Reco-Reco, Sinos, Triângulo e Xequerê.
Aquela festa foi regada com cachaça (aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação retirada do suco ou caldo de cana fervido na caldeira do alambique), que se for adicionado 50% de água, ela vira Caxixi (cachaça fraca). Como havia criança no meio daquela gente, Manoel Alves Costa, filho caçula de Militoa Alves Costa colocou um litro de água comum em outro de cachaça e serviu a meninada, que beberam bastante e não se embriagaram.
A presença daquele instrumento musical e da bebida enfraquecida serviu de inspiração para que o nobre visitante propusesse aos seus patrícios a mudança de nome do lugar que visitava. Como foi aceito, a partir de então, a gleba São Benedito, passou a ser chamada de “CAXIXI”. Em homenagem ao criador do novo nome, os Alves deram-lhe o direito de posse de parte daquela terra.
Depois de se deliciar do aconchego dos amigos e das belezas que aquele lugar proporcionava a quem lá morava e visitava Antônio Motta, como era popularmente conhecido por seus patrícios, retornou ao Jenipapo do Resplande. Quando em casa chegou, sentiu uma influenza respiratória, que logo mais se transformou numa gripe, uma doença infecciosa produzida por vírus que lhe causou febre, cefaléia, espirro e mal-estar, que se agravou com o sarampo, outra doença virótica, de cuja doença ele foi a óbito, no dia 26 de abril de 1909. E assim Antônio Ferreira Motta se foi, deixando a esposa Merenciana Rosa da Silva gestante e mais 6 filhos para ela terminar de criar. Deixou também saudades, amigos e uma longa história gravada na memória de seus descendentes, a qual foi resgatada com a maior fidelidade possível, pelo escriba deste livro.
SENTIMENTOS
É perfeitamente compreensível dizer, que um simples ato ou efeito de sentir na pele alguma coisa que sensibilize a sua faculdade de conhecer, perceber, apreciar, ou ter uma percepção de amor por alguém que nunca viu, pode ser um senso de conveniência de sua fraqueza carnal, cuja disposição afetiva tem relação com coisas de ordem moral ou intelectual. Esse tipo de afeto é que chamamos de “Grande Sentimento” o qual pode refletir para o corpo dos apaixonados elevadas emoções e com intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão por alguém que se deixou vencer pela paixão de alguma coisa que seus olhos viram e seus ouvidos escutaram e suas narinas sentiram. Isso pode causar afeto e obsessão por alguma coisa que ultrapasse os limites da lógica, como por exemplo, a parte do Evangelho que trata do martírio de Cristo, expressa sensibilidade e entusiasmo do artista que se manifesta numa obra de arte de qualquer gênero: falar ao público, cantar ou fazer composição dramática, assim como se gesticular no decorrer de um discurso, tal como se acham descritos nos livros sagrados.
A busca de lugares melhores para trabalhar e criar as suas famílias, fez com que lá pela metade do ano de 1913, os trabalhadores Anastácio Ferreira de Araújo, Raimundo Pereira de Sá, Manoel Siliveiro Araújo e Francisca Alves Ferreira Costa se mudassem com suas famílias para o Caxixi, aquele que antes foi chamado por Feliciano Alves Costa de “São Benedito”, onde moraram até o ano de 1943, ano que eles venderam aquela gleba de terra para Raimundo Ferreira Mota, por duas juntas de boi, sete jumentos de carga e quatro contos de réis em dinheiro, que foi dividido em quatro suaves prestações de um conto de réis, por ano.
No dia 13 de junho de 1944, ele sua esposa Josefa dos Reis Andrade e 6 filhos: Geneis Tomás de Andrade Mota, Raimunda Tomás de Andrade Mota, Maria Tomás de Andrade Mota, Antônio Tomás de Andrade Mota, João Tomás de Andrade Mota e Vicência Tomás de Andrade Mota chegou ao Caxixi. A partir de então, aquele lugar tornou-se agradabilíssimo, uma espécie de aldeia onde todos se conheciam como parentes. Ele reformou o engenho, a casa de farinha e melhorou o sítio de frutas cítricas, assim como o plantio de cana e o fabrico de cachaça e rapadura.
Por volta da metade do mês de junho de 1948, o jovem Manoel Mota do Nascimento, zarpou a pé do Jenipapo do Resplande em direção do Caxixi. A sua intenção era visitar o seu padrinho de batismo. Arrastando areia pelas trilhas que dava acesso às plantações de arroz, milho e feijão da região, no final do primeiro dia de viagem ele encontrou uma família catando frutos na chapada do Papagaio. No meio daquela gente estava, um dos irmãos de sua mãe, por isso na sua casa ele ficou hospedado até o dia seguinte.
Para chegar até o destino traçado, aquele jovem homem ganhou do seu tio uma jumenta marchadeira, que foi selada e arreada, para nela fazer o restante da viagem, que ainda faltava cerca de 10 léguas, cujo animal era de boas passadas. Depois do café da manhã de onde estava hospedado, ele saiu montado naquele animal, em direção do Caxixi.
O caminho era estreito, alguns trechos de chapada, outros de carrasco e cocais. Havia também várias serras e vales repletos de palmeiras de coco babaçu, macaúba e tucum. A vegetação rasteira era taboca(bambu) , macambira, japecanga e capim amarra-veado, tudo ressequido pelo sol escaldante, mesmo assim a jumenta marchava serenamente naquela trilha, sem demonstrar enfado. Lá pelas tantas da noite ele avistou um barraco coberto e tapado com palha de coco babaçu, na sua porta bateu e pediu hospedagem, pois não dava mais para seguir viagem, estava tudo muito escuro. Com uma lamparina na mão, lá de dentro daquela casinha rústica, vem um jovem rapaz receber-lhe e com um tom de voz um tanto baixo, deu-lhe boa noite e mandou-lhe que amarrasse o seu animal na cocheira que ficava do lado, tirasse a sela e botasse para pastar numa quinta que havia próxima dali. Depois o convidou para
jantar arroz com feijão, enquanto isso o rapaz fitava os olhos no seu rosto e perguntava-lhe: De onde vem e para onde vai o senhor, nesta viagem?
- Venho do Jenipapo do Resplande e pretendo chegar ao povoado Caxixi, lá mora meu padrinho e tio Raimundo Ferreira Mota, um velho homem, que faz mais de quinze anos que não o vejo.
- De que jeito é esse homem? Perguntou o rapaz novamente ao forasteiro.
- Ele é um homem de boa aparência, trabalhador, honesto e respeitador, gosta das pessoas corretas e é também um hábil feitor de cachaça e rapadura, disse o forasteiro.
Naquele momento, o rapaz que estava com o candeeiro de azeite na mão fez para ele um gesto de quem queria sorrir, colocou a lamparina na mesa, abraçou-o dizendo: - Sou o teu primo, o Genésio de Andrade Mota, aqui é a casa do velho homem que você procura, ele está um tanto adoentado, nada de muito grave, apenas uma pequena ferida na perna direita, espere um pouco que já vou chamá-lo.
Em poucos minutos o velho e o restante da família, que estava em reunião familiar, em uma sala reservada daquela casinha foram à varanda conhecer o novo parente que ali acabava de chegar. Dali em diante a prosa mudou de assunto, falaram dos parentes e da viagem que ele havia acabado de fazer até ali. Minutos depois, uma perfumada rede foi armada no quarto de hóspede, para que ele descansasse da estafante viagem que acabara de fazer por caminhos esburacados e fechados, mas isso só aconteceu depois da meia noite.
Como de costume, ao amanhecer do dia seguinte, todos cedo se levantaram dos seus aposentos e foram tomar café com beiju de tapioca na cozinha, depois foram ao engenho, onde Manoel conheceu a casa de farinha, o sítio de café e o canavial, que ficava ao lado do curral, construído com estacas de aroeira. Conheceu também, a roça de arroz, o porão misterioso que dava nome à região “Japão Maranhense”, uma das terras mais férteis do Estado.
Empolgado com o que via naquele lugar, Manoel agendou com os parentes que lá moravam para, no ano seguinte, um novo passeio fazer naquele lugar. Depois de ter conversado com quase todos, digo quase todos porque naquela época as mulheres, principalmente as solteiras, “moças” como eram tratadas as que ainda não tinham se casado, não eram apresentadas para estranhos, mesmo que fossem parentes. Dito isso, Manoel dos seus primos e padrinho se despediu e na sua jumentinha retornou para o Papagaio, onde deixou o animal com outros parentes e continuou a sua viagem a pé até o Jenipapo do Resplande, o lugar que ele morava com sua mãe, padrasto e irmãos.
PAIXÃO À PRIMEIRA VISTA
Sendo um homem justo e cumpridor dos seus compromissos, conforme havia combinado, lá pela metade do mês de maio de 1949, época em que o vento soprava mais forte e as chuvas cessavam em todo sertão maranhense, um fenômeno que deixava as terras ainda mais ressequidas e com muitos focos de calor, os quais abrasavam toda forragem do solo, formando assim um grande manto acinzentado na floresta, Manoel chega novamente no Caxixi, onde ficou hospedado na casa do seu tio, o qual havia lhe emprestado uma jumenta estradeira, no ano anterior, para que ele fizesse a sua primeira viagem àquele lugar. Como agricultor que era, ali chegando, logo providenciou fazer com seus parentes uma grande roça, na qual plantou: arroz, algodão, feijão, milho e mandioca.
Num certo dia do mês de agosto ele saiu do roçado mais cedo com intenção de pegar o seu cavalo alazão de sela, que pastava no vale da lagoa do “Piem” para nele dar umas voltas pelas comunidades vizinhas. Ao passar pela residência do seu tio, viu debruçada na janela da sua casa uma bonita moça, olhando o que se passava ao seu redor. Apesar de não ter com ela falado sequer uma palavra, foi “Paixão à Primeira Vista”. Quando em casa chegou, num banquinho de madeira, que lá estava no alpendre, ficou largo tempo sentado, meditando como escrever um bilhete para a moça que tinha visto debruçada na janela de sua moradia.
Enquanto as palavras não chegavam à sua mente ele foi inúmeras vezes, olhar os adereços de sela e campo que estavam pendurados na parede interna da casa que estava hospedado. Já escurecia, quando alguém anunciou que o jantar estava na mesa. Como ele estava com fome, num prato de esmalte, sua comida colocou e em um tamborete de madeira, coberto com couro cru se sentou, ao redor daquela mesa, para com uma colher de latão, comer aquele apetitoso alimento. Foi o bastante para que, na sua boca chegassem as palavras que pretendia escrever no bilhete, o qual iria mandar para a moça que havia visto debruçada na janela da casa do seu tio. Mesmo sem conhecimento da técnica de escrever, em poucos minutos o bilhete ficou pronto, mas faltou-lhe a coragem para entregá-lo.
A chama daquela nova esperança agigantava o desprezo na mente daquele pacato jovem, que pensava em fazer mil coisas ao mesmo tempo, sendo que, a principal delas, era pegar seu cavalo que estava solto no campo. E foi o que ele fez logo que ouviu o primeiro canto do Sabiá, que pulavam nos galhos das árvores que sombreavam a casa que ele estava hospedado. Quando o dia amanheceu ele encheu um cantil de água, um saco de farinha e rapadura apanhou o cabresto de seda que estava pendurado no gancho da forquilha de cumeeira e foi ao campo em busca do seu alazão.
Sem lhe ter posto um chocalho, pois deformaria as suas sedosas crinas, pensava ele, como encontrar o cavalo naquele enorme campo sapecado pelo fogo. Diante de tanta dúvida ele ficou largo tempo sentado em cima de um tronco que existia no terreiro daquela casa, pensando o que fazer. Mas concluiu que deveria percorrer todo o vale que envolvia os principais pontos de pastagem que estavam ressequidos pelo sol e sapecados pelo fogo. Tomada a decisão, de lá imediatamente saiu andando em direção da “Lagoa do Piem”, um dos mais bonitos e verdejantes lugares daquela região, que ficava do lado leste da casa que estava hospedado.
Já passava do meio-dia e ele não chegava ao fim dos vários morros e baixões remanescentes daquele vale. Por onde passava via, muitos outros animais, porém o seu não estava por lá. Até pensou que ele havia morrido, mas como não viu urubus cruzando os ares, em festa, um sinal de que o animal ainda estava vivo e saudável. Suas esperanças estavam voltadas para a lagoa, onde ainda tinha água limpa e capim verde ao seu redor. Como não ficava longe dali, dava até para ouvir o canto dos frangos d’água que moravam naquele lago, que a natureza criou no meio dos cocais do Japão Maranhense.
Ao passar pelo boqueirão que descia para a lagoa, na sombra de um enorme pé de jenipapo que estava florido, sentou-se ali, naquela repousante sombra. Ele tirou dos pés as suas alpercatas, desatou o saco de farinha e começou o seu primeiro desjejum do dia que descia com o auxílio da água que bebia na boca do cantil e assim, em poucos minutos debelou a fome que atormentava o seu estômago.
Mastigando aquele alimento, o seu olhar se perdia no vale que lhe cercava, o qual estava totalmente enfumaçado, pela ação do fogo que por lá havia passado dias atrás. Os troncos mais grossos ainda fumegavam fortemente, quando de repente ele ouviu um relincho de um cavalo lá no penhasco da serra. Foi o cavalo que sentiu o cheiro do seu dono e lá de cima desceu em disparada até a sombra daquele jenipapeiro que ele estava repousando. Ali chegando, nem foi preciso sacudir a cuia com o milho, para atrair o animal, que descia em direção da lagoa à procura de água para beber e pasto para comer. Docemente deixou-se prender com um alvíssimo cabresto feito com fibras de cachimbeiro, uma árvore de porte médio, porém, boa de embira que existia em abundância no Caxixi.
Meia hora depois, Manoel chegava esquipando naquele cavalo, na casa que a moça de sua paixão morava. Ele estava montado no seu próprio pelo. Na frente da janela de sua residência ele deu uma paradinha e foi recebido pela donzela que vibrava com o marchar do seu animal. Mesmo sem intimidade, do bolso ele retirou o bilhete e para ela entregou, dizendo: - Leia, reflita e dê-me uma resposta o quanto antes possível. No cabresto do seu animal ele deu uma sacudida e voltou para o rancho que estava hospedado, onde esperou a resposta da moça, que não demorou muito a chegar.
SINAL VERDE
Logo que teve o sinal verde, ele foi à casa do pai da moça para com ele ajustar o casamento. Depois de uma longa conversa sobre o assunto, o casamento ficou marcado para se realizar no dia 29 de outubro de 1949, dia aquele que o Pároco da cidade de Curador chegava àquele lugar para celebrar missa, batizados, crismas, consagrações e casamentos. A partir de então, o velho reservou alguns animais de sua cria (porcos, cabritos e frangos), para o jantar que pretendia servir aos seus convidados no dia do casamento de sua filha Maria Tomás Mota com Manoel Mota do Nascimento. Convidou pessoas de toda redondeza, contratou um sanfoneiro de fama e construiu com palha de coco babaçu, na frente de sua casa, um enorme galpão para acomodar os convidados.
No dia e hora marcada o padre Antônio Portela Tavernole (Aniceto), com era conhecido, chegou ao Caxixi. Na casa do senhor Anastácio Ferreira de Araújo ele se hospedou e rezou o sermão da noite na presença de toda comunidade. Acontece que no finalzinho do sermão apareceram por lá dois homens totalmente embriagados, um fato que desagradou o padre, o qual, logo que terminou a sua homilia, pegou o seu animal que pastava no terreiro daquela casa, selou e foi embora para o Cocalinho, um povoado que ficava cerca de uma légua dali, onde no dia seguinte ele rezou a missa, batizou, crismou, consagrou e casou vários noivos, na Capela Nossa Senhora da Alegria.
Diante de tais circunstâncias, Manoel e Maria, familiares e amigos montaram nos seus animais (jumentos e cavalos), os únicos meios de transporte que existiam por lá, naquela época, e foram ao Cocalinho, onde chegaram por volta das 11 horas, mesmo assim, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santos o padre os consagrou “marido e mulher, até que a morte os separe”.
Após a bênção do sacerdote, noivos e comitiva retornaram ao local onde iria ser comemorado aquele enlace matrimonial, com muita comida, bebida e música de sanfona, triângulo e zabumba. No momento que todos dançavam, apareceram por lá dois estranhos cavalheiros, muito bem trajados e mesmo sem serem convidados adentraram o salão de festa e, sem nenhuma cerimônia, um deles tirou dos braços do noivo a sua amada esposa para com ela dançar um merengue que o cego Ferreirinha tocava no seu acordeom de 8 baixos. A intenção dos dois estranhos não era dançar aquela parte com a moça, mas conquistá-la a fugir com eles para um lugar distante dali, naquela mesma noite, o que não foi possível.
Quando terminou a comemoração, Manoel e Maria foram morar em uma casinha que já haviam construído com madeira de lei: aroeira e conduru; o piso era de chão batido, paredes, portas e cobertura com palha de coco babaçu. Durante o dia era iluminada pela luz do sol, no período da noite era a lua e um candeeiro de azeite quem faziam a sua iluminação, cujo candeeiro ficava pendurado na forquilha central da casa. A água de beber e cozinhar vinha do brejo, a qual era transportada em cabaça. Quando em casa chegava era coada e colocada em um pote de barro, que ficava numa forquilha de 3 ganchos. Os copos eram de flandres, porém tudo muito bem asseado. A cama do casal era um jirau construído com talas de coco babaçu, porém forrada com esteira de palha de buriti. As roupas ficavam penduradas em uma corda de embira. Sabonete, escova e pasta de dentes não existiam, a higiene corporal e de suas vestes eram feitas com sabão de coco e bucha de paulista confeccionada por eles mesmos. O café da manhã era adoçado com rapadura e consumido com farinha de puba fabricada ali mesmo. Depois daquela merenda, um cigarro de palha era preparado com fumo de corda, aceso no tição e fumado antes de partirem para a roça, uma rotina que nunca parava. Mesmo assim, eram felizes.
SUCUPIRA
No decorrer das muitas viagens que o escriba deste trabalho fez por lugares distantes de sua moradia, garimpando informação sobre a origem da sua família, foi possível registrar a sutileza da inspiração que habita na mente das pessoas, principalmente dos que tem o dom de escrever personagens, baseadas no que leu e observou por onde andou.
Não existe um único caminho para o ser humano seguir e se sentir realizado seja no campo pessoal ou profissional, pois cada pessoa possui aspirações e planos individuais para o futuro. Buscar o autoconhecimento consiste em acessar as profundezas do próprio interior e que, muitas vezes, revela um lado do comportamento humano que nem sempre são tão agradáveis. Dessa forma, o indivíduo pode trabalhar aquilo que o impede de conquistar novos horizontes, inclusive no meio organizacional de sua vida.
Quando fui ao sertão maranhense, conhecia a cidade de Sucupira do Norte, um lugar aconchegante, que teve origem lá pelas tantas do século VIII, época que notáveis personalidades das famílias “Guimarães e Coelho” saíram das entranhas de “Oeiras, Piauí” para cultivar as terras da cabeceira do rio Itapecuru, sertão do Maranhão, onde fixaram residências, cultivaram grandes áreas de terra com plantio de cana de açúcar, arroz, feijão, mandioca e outros produtos alimentícios.
Em uma planície, sentido leste e cerca de 5 léguas da cabeceira do rio Itapecuru, eles situaram a fazenda Charel, hoje município de Sucupira do Norte. Como naquela época muitos municípios brasileiros, foram administrados por coronéis corruptos, Sucupira do Norte não foi diferente e isso deve ter inspirado o dramaturgo e escritor Alfredo de Freitas Dias Gomes, a escrever o personagem “Bem-Amado”, escrito em 1962, uma trama repleta de personagens. Entre tantos, o prefeito Odorico Paraguaçu, um político corrupto e cheio de artimanhas, que tinha como meta prioritária em sua administração na cidade de Sucupira, a inauguração do cemitério local. De um lado, era bajulado pelo secretário, Dirceu Borboleta, profundo conhecedor dos lepidópteros; e contava com o apoio incondicional das irmãs Cajazeiras, suas correligionárias e defensoras fervorosas: Doroteia, Dulcineia e Judiceia.
Doroteia era a mais velha, líder na Câmara de Vereador da cidade. Dulcineia, a do meio, era seduzida pelo prefeito e Judiceia a mais nova - e mais espevitada. Eram três solteironas avessas a imoralidades - pelo menos em público, já que Odorico sempre aparece de noite em suas casas para tomar um “licor de jenipapo”...
Do outro lado, ele tinha que lutar com a forte oposição liderada pela delegada de polícia Donana Medrado, que contava com o apoi do dentista Lulu Gouveia, inimigo mortal do prefeito Odorico e líder da oposição na Câmara - atracando-se constantemente com Doroteia no plenário. E ainda com o jornalista Neco Pedreira, dono do jornal local, A Trombeta. O meio-termo se intensifica com a presença de Nezinho do Jegue, que ao se embriara, defendia fervoroso o prefeito Odorico Paraguaçu!
Maquiavelicamente, o prefeito armava tramas para que morresse alguém, sendo sempre mal sucedido. Nem as diversas tentativas de suicídio do farmacêutico Libório, um tiroteio na praça e um crime lhe proporcionava a realização do sonho. Para obter êxito, Odorico traz de volta a Sucupira um filho da terra: Zeca Diabo, um pistoleiro redimido, que recebeu a missão de matar alguém para a inauguração do cemitério.
Como se não bastasse, Odorico ainda tinha que enfrentar os desaforos de Juarez Leão, médico personalístico da oposição, que se envolvia com sua filha Telma e fazia um bom trabalho em Sucupira, salvando vidas - para desespero de Odorico.
A trama termina com uma irônica surpresa: Zeca Diabo, revoltado, mata Odorico Paraguaçu, que, finalmente, inaugura o cemitério de Sucupira!
O seriado Bem Amado, foi gravado pela Rede Globo em Sepetiba, bairro da cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1973, a direção foi de Régis Cardoso e a supervisão de Daniel Filho.
Por fim, observou-se que, a trama do personagem “Bem-Amado” de Dias Gomes, tem tudo haver com Sucupira do Maranhão, cujo município originou-se da fazenda e engenho Charel, dos notáveis coronéis “Guimarães e Coelho”, que por muito tempo produziram cachaça, rapadura e criaram gado.
Não sei se foi pura concidência, mas quando estive lá vi perambulando pelas ruas várias pessoas embiagadas, ouvi deles muitas histórias de cangaceiros (homens valentes), que matavam gente para ganar dinheiro. Vi também, muitas figuras parecidissimas com os demais pessonagens criado por Dias Gomes no “Bem-Amado. Inclusivel um cemitério que foi igurado com o sepultamento de um importante político da região, que foi assacinado por pistoleiro.
Sobre o licor de jenipapo, que Odorico costumava tomar na casa das meninas Doroteia, Dulcineia e Judiceia, vi coisa parecida em um bordel da cidade. Em um engenho do município, tomei uma bebida produzida do fruto do jenipapeiro, uma árvore que chega a 20 metros de altura e é da família Rubiaceae, a mesma do café.
O licor de jenipapo é uma bebida apreciada em várias cidades do Maranhão, Pernambuco e Goiás, inclusive muito comercializado em comércios de cidades turísticas como Carolina, Riachão, Noviorque e Pastos Bons. Algumas partes do jenipapeiro (como a raiz, as folhas e o fruto) tem diferentes propriedades medicinais. A casca do caule e do fruto verde é usado também para curtir couro, por serem ricas em tanino.
GENEALOGIA
A palavra genealogia vem do grego: Genea = Geração e Logia = Discurso, que é um dos ramos do saber, que se refere às famílias, cujo substantivo se relaciona a pessoas aparentadas, ou seja, unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por aliança. Ascendência, linhagem, estirpe, categoria taxonômica compreendida entre a ordem e o gênero da mesma espécie. Pois antigamente tinha a genealogia não somente com a finalidade de registrar as gerações, mas igualmente a de servir às habilitações de “gênese” dos que pretendiam entrar nas ordens religiosas e militares, na magistratura, nos cargos públicos, nos santos ofícios, e em quaisquer posições para as quais se exige a chamada “limpeza de sangue”, que hoje, destina-se a reconstituir o passado de cada grupo familiar, retomar laços de parentesco e, sobretudo, revelar o processo de formação social de uma região. Por isso se costuma dizer que a genealogia deixou de ser uma ciência auxiliar da História para tornar-se a própria História. Acrescenta-se ainda, que os trabalhos genealógicos, quando feitos com o rigor da veracidade, são complexos e precisam de paciência, isso porque a pesquisa sobre este fim deve começar do zero e ir até o ponto desejado. E foi desta forma que o cosntrutor desta obra estudou e pesquisou a genealogia da sua própria família, mesmo de forma resumida, poder mostrar a sua evolução e descrever as gerações e traços de bases bastante antigas até a contemporaneidade.
Motta é um sobrenome de família da onomástica italiana de origem toponímica pré-romana, que possui muitas variantes, as mais comuns são La Motta, Motti, Mottini, Mottola, Mottura, Mottisi, Mautisi, Mottana e Mota. Este último, deve ter acontecido por falta de conhecimento da sua verdadeira origem, ou por falta de conhecimento da sua escrita original, um fato que os especialista da escrita linguística classificam como sendo uma forma de escrever determinadas palavras da forma que falam e não da forma que ela realmente deve ser escrita. Portanto, sendo a palavra Motta um topônnimo oriundo do continente europeu pré-romano, que deriva do provençal Meyer-Lübke, que por sua vez vem do italiano, francês e germânico. Motta = monte de terra encharcado por refluxo de água, aterro à borda dos rios, para proteger de alguma inundação as terras próximas.
Na impossibilidade de fazer uma mega publicação sobre a genealogia da família “MOTTA”, que até o fechamento da pesquisa resultou neste livro, contabilizou-se 58 sobrenomes, como por exemplo, Almeida, Alexandrino, Alves, Andrade, Araújo, Assunção, Barreto, Batista, Bezerra, Belchior, Brito, Campos, Carvalho, Conceição, Costa, Correia, Ferreira, Feitosa, Galdino, Gonçalves, Gomes, Graças, Granjeiro, Lima, Limeira, Machado, Matos, Mota, Monteiro, Morais, Nascimento, Neres, Oliveira, Paiva, Passos, Pereira, Pessoa, Queiroz, Santana, Ramos, Resplandes, Ribeiro, Rodrigues, Sá, Silva, Santos, Santiago, Sobrinho, Soares, Sousa, Teles, Teixeira, Tomás, Varão, Viana e Vieira, registram-se somente nomes dos filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos e penta-netos de Antônio Ferreira Motta e Merenciana Rosa da Silva, que conhecemos no decorrer da pesquisa.
1º Geração (Filhos)
Segundo anotações dos mais idosos da família Mota e Ferreira, no dia 15 de junho de 1862, no Sertão do Cariri, Estado do Ceará, de parto normal nasceu um menino, que foi batizado na Igreja Católica Apostólica Romana da região, com o nome de Antônio Ferreira Mota e no dia 08 de outubro de 1874, no povoado Vereda, município de Loreto, Maranhão, também de parto normal nasceu uma menina, dias depois ela foi batizada na Igreja Católica Apostólica Romana de Loreto, com o nome de Merenciana Rosa da Silva Mota.
Como quaisquer outras crianças daquela época Antônio e Merenciana, passaram suas infâncias, adolescências e juventudes, nos lugares que nasceram “brincando e trabalhando nos pesados serviços dos roçados de subsistência e dos engenhos de fazer cachaça e rapadura de seus pais”. Por força do destino em certo dia da metade do ano de 1888, os dois assistiam uma missa na Igreja Católica Apostólica Romana de Loreto, eles se apaixonaram a primeira vista e no mesmo dia se casaram no queima (casamento sem consentimento dos pais), fizeram assim uma aliança sacramental, que tornou os dois numa só carne para todo o sempre, uma união conjugal, por ter sido abençoada pelo vigário celebrante da palavra de Deus, a união casamenteira dos dois se encaixou perfeitamente nas aceitações mútuas e nos momentos de concepção, definiu-se em 08 filhos, vidas aqueles que deram origem a várias outras. Sobre isso argumenta a seguir.
Filhos de Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva Nascimento
Maria Rosa da Silva Mota 03/08/1889
José Leão Ferreira Mota 15/06/1891
Vicência Rosa da Silva Mota 15/06/1894
Francisca Rosa da Silva Mota 18/03/1898
Joaquim Ferreira Mota 19/07/1900
Raimundo Ferreira Mota 20/06/1904
Viturina Rosa da Silva Mota 02/11/1906
Antônio Ferreira Mota 25/07/1909
2º Segunda geração (Netos)
Segundo certidões de batismos encontradas nas Igrejas Católicas Apostólicas Romanas do Maranhão, logo no inicio do século XX, os descendentes de Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva, começa a formar a segunda geração dessa magnânima família, que até onde foi possível checar assim se desenvolveu:
Filhos de Maria Rosa da Silva Mota e Luís Mota de Araújo Nascimento
Joana Mota de Araújo 06/05/1907
Josefa Mota de Araújo 07/11/1909
Ângela Rosa da Silva Mota de Araújo 02/10/1911
Antônio Mota de Araújo 19/11/1913
José Mota de Araújo 06/11/1918
Raimundo Mota de Araújo 17/03/1921
João Mota de Araújo 06/10/1926
Pedro Mota de Araújo 19/10/1928
Ana Mota de Araújo 05/08/1931
Cícero Mota de Araújo 14/04/1934
Filhos de José Leão Ferreira Mota e Germana Carvalho Nascimento
Aldenora Carvalho Mota 04/11/1920
Adelaide Carvalho Mota 16/12/1925
Filhos de Vicência Rosa da Silva Mota e Raimundo Tomás Pereira Nascimento
Antonia Rosa da Silva Mota 11/02/1910
Filhos de Francisca Rosa da Silva Mota e Manoel Antônio de Sousa Nascimento
Merenciana Rosa da Silva Mota Neta 30/10/1929
Ângelo Santana da Silva Mota 16/04/1933
Filhos de Francisca Rosa da Silva Mota e Zacarias Leôncio de Almeida Nascimento
Ozano Almeida da Silva Mota 07/09/1943
Filhos de Joaquim Ferreira Mota e Raimunda Ferreira Mota Nascimento
Maria Ferreira Mota 15/06/1920
José Ferreira Mota 03/08/1922
Antônio Ferreira Mota 03/08/1924
Rosa Ferreira Mota 15/10/1926
Leodório Ferreira Mota 16/08/1928
Laura Ferreira Mota 15/06/1930
Raimundo Ferreira Mota 31/08/1933
Lucinda Ferreira Mota 31/10/1934
Elvira Ferreira Mota 15/05/1938
Valdenor Ferreira Mota 20/09/1940
Filhos de Joaquim Ferreira Mota e Teodolina Rodrigues Mota Nascimento
Eliézio Rodrigues Mota 10/06/1951
Joel Rodrigues Mota 18/11/1953
Creusa Rodrigues Mota 20/12/1954
Enéias Rodrigues Mota 15/06/1957
Lionéis Rodrigues Mota 15/06/1961
Edson Rodrigues Mota 15/04/1962
Filhos de Raimundo Ferreira Mota e Josefa dos Reis Andrade Nascimento
Genésio Tomás de Andrade Mota 03/08/1927
Raimunda Ferreira de Andrade Mota 02/08/1929
Maria Tomás Mota 08/08/1931
Antônio Tomás de Andrade Mota 15/12/1933
João Tomás Mota 04/11/1936
Vicência Tomás Mota 28/06/1941
Filhos de Raimundo Ferreira Mota e Raimunda Naninha Silva Nascimento
José Mota da Silva (Gêmeo) 28/06/1945
Maria Mota da Silva (Gêmeo) 28/06/1945
Filhos de Viturina Rosa da Silva Mota e Manoel Gonçalves do Nascimento Nascimento
Manoel Mota do Nascimento 12/03/1928
Filhos de Viturina Rosa da Silva Mota e Joaquim Raimundo de Sousa Nascimento
José Raimundo de Sousa Mota 09/10/1931
Antônio Raimundo Sobrinho de Sousa Mota 07/03/1933
Raimundo de Sousa Mota 05/12/1934
Pedro Raimundo de Sousa Mota 05/09/1935
Maria da Paz de Sousa Mota 31/08/1943
Francisco de Sousa Mota 30/08/1943
Neomisa Mota de Sousa 14/01/1945
Rita Mota de Sousa 12/11/1948
Filhos de Antônio Ferreira Mota e Maria de Sousa Mota Nascimento
Raimundo de Sousa Mota 21/10/1939
Francisca de Sousa Mota 28/01/1941
Acriso de Sousa Mota 07/04/1943
Renato de Sousa Mota 29/05/1945
Américo de Sousa Mota 23/02/1946
José de Sousa Mota 28/01/1949
Manoel de Sousa Mota 28/02/1951
Emerenciana de Sousa Mota 19/11/1953
Camilo de Sousa Mota 08/08/1955
Antônio Dionísio de Sousa Mota 08/10/1957
Osmarina de Sousa Mota 26/08/1959
José Dionísio Mota de Sousa 09/10/1961
3º Geração (Bisnetos)
O tempo vai passando e a família crescendo, uma dificuldade a mais para conseguimos registros palpável das gerações a seguir.
Filhos de Josefa Mota de Araújo e Raimundo Alexandrino de Sousa Nascimento
Antônio Alexandrino Sousa Mota 20/08/1930
Manoel Alexandrino de Sousa Mota 15/06/1933
José Alexandrino de Sousa Mota 11/02/1935
Isabel Alexandrino de Sousa Mota 23/07/1939
Maria das Graças Souza Novaes Mota 23/09/1940
Cândida Silva Alves Mota 03/10/1943
Anastácio Alexandrino de Sousa Mota 20/08/1945
Filhos de Ângela Rosa da Silva Mota de Araújo e Altino Resplande de Araújo Nascimento
José Ornilo Mota Resplendes 24/07/1942
José Odias da Silva Mota 04/12/1946
Maria José Resplandes Mota 15/09/1953
Filhos de José Mota de Araújo e Maria Barros Sousa Nascimento
Rita de Araújo Mota 14/09/1943
Inocência de Araújo Mota 28/12/1944
Joaquim de Araújo Mota 30/01/1947
Sinvaldo de Araújo Mota 21/03/1952
Risalva de Araújo Mota 07/11/1953
Maria de Araújo Mota 15/03/1956
Maria Helena de Araújo Mota 12/08/1957
Filhos de João Mota de Araújo e Maria Ferreira de Lima Nascimento
Antônio Ferreira Mota 16/03/1952
Maria Ferreira Mota 27/10/1953
Jovenila Ferreira Mota 04/11/1954
José Dionísio Ferreira Mota 09/10/1955
Anaisa Ferreira Mota 08/02/1960
Antônio Ferreira Mota Filho 12/06/1967
Raimundo Ferreira Mota 22/12/1970
Filhos de Pedro Mota de Araújo e Neusa Neres de Araújo Nascimento
Raimundo Mota Neres 18/11/1949
José Mota Neres 21/08/1951
João Batista Mota Neres 15/09/1952
Antônio Mota Neres 11/01/1954
Maria de Fátima Mota Neres 10/01/1955
Luís Mota Neres 16/04/1956
Maria das Dores Mota Neres 15/09/1958
Filhos de Cícero Mota de Araújo e Helena de Andrade Sousa Nascimento
Maria Aparecida de Sousa Mota 30/01/1956
Antônio Mota de Sousa 25/08/1958
Maria José Mota de Sousa 08/08/1964
Delma Mota de Sousa 12/12/1968
Filhos de Aldenora Carvalho Mota e João Gomes Neto Nascimento
Antônio Gomes Carvalho Mota 03/08/1939
José Gomes Carvalho Mota 20/12/1940
Antonia Gomes Carvalho Mota 18/03/1945
Maria Gomes Carvalho Mota 06/05/1948
Belarmina Gomes Carvalho Mota 06/05/1948
Herculano Gomes Carvalho Mota 06/08/1950
João Batista Gomes Carvalho Mota 30/11/1955
Raimundo Gomes Carvalho Mota 10/08/1957
Osmar Gomes Carvalho Mota 03/11/1959
Filhos de Antonia Rosa da Silva Mota e Raimundo Pereira da Silva Nascimento
José Pereira da Silva Mota 02/02/1931
Antônio Pereira da Silva Mota 15/11/1933
Vitória Pereira da Silva Mota 25/12/1935
Maria Pereira da Silva Mota 20/01/1942
Constância Pereira da Silva Mota 24/10/1943
Adalgisa Pereira da Silva Mota 15/12/1946
João Pereira da Silva Mota 01/01/1951
Filhos de Merenciana Rosa da Silva Mota Neta e José Lúcio Alves Pessoa Nascimento
Vicente Silva Pessoa Mota Neto 26/09/1955
Sandoval Silva Pessoa Mota 09/10/1959
Maria Luiza Silva Pessoa Mota 23/03/1961
Antônio Ronaldo Silva Pessoa Mota 23/06/1963
Mozaniel Silva Pessoa Mota 08/12/1966
Antônio Ivonede Silva Pessoa Mota 19/05/1968
Filhos de Ângelo Santana da Silva Mota e Erotides Sousa Silva Nascimento
Maria Onilde Sousa Silva Mota 16/05/1956
José Orias de Sousa Silva Mota 15/01/1957
Deuzoita Sousa Silva Mota 25/05/1959
Dejaci Sousa Silva Mota 20/08/1963
Moacir Sousa Silva Mota 16/04/1969
Davi Sousa Silva Mota 02/06/1972
Moracir Sousa Silva Mota 31/12/1974
Simone Sousa Silva Mota 27/10/1985
Filhos de Ozano Almeida da Silva Mota e Nascimento
Francisca Magna Pereira Almeida 03/01/1988
Isabel Cristina Pereira Almeida 26/04/1989
Zacarias Pereira Almeida 23/05/1991
Isaías Pereira Almeida 09/06/1993
Filhos de Ozano Almeida da Silva Mota e Sebastiana Pereira de Oliveira Nascimento
Rozângela Pereira Almeida Mota 16/10/1968
Rozaniel Pereira Almeida Mota 12/06/1970
Rozania Pereira Almeida Mota 28/10/1972
Rozifran Pereira de Almeida Mota 07/01/1973
Roziane Pereira Almeida Mota 13/05/1976
Mariana Pereira Almeida Mota 06/06/1982
Filhos de Leodorio Ferreira Mota e Alice Alves Pequena Mota Nascimento
Leoneide Mota do Nascimento 22/06/1953
Francisco Alves Mota 19/04/1956
Oneide Mota da Silva 18/02/1958
Alzira Alves Mota 15/09/1961
Raimundo Alves Mota 07/01/1964
Maria Francisca Mota Santos 04/02/1976
Filhos de Lucinda Ferreira Mota e Cosmo Alves de Paiva Nascimento
Raimunda de Paiva Mota 08/10/1951
Ismerinda de Paiva Mota 19/04/1953
Teresinha de Jesus Ferreira de Paiva Mota 13/05/1955
Paulo Ferreira de Paiva Mota 19/06/1957
Pedro Ferreira de Paiva Mota 10/05/1959
Maria de Jesus Ferreira de Paiva Mota 06/08/1961
Marisa Fátima Ferreira de Paiva Mota 01/06/1963
Vanderley José Ferreira de Paiva Mota 01/09/1965
Carlos Alberto Ferreira de Paiva Mota 24/04/1967
Vanderlan Ferreira de Paiva Mota 14/10/1969
Georlan Bento Ferreira de Paiva Mota 21/03/1972
Janis Ferreira de Paiva Mota 01/01/1976
Filhos de Joel Rodrigues Mota e Maria Antonia Ferreira Mota Nascimento
Odailho Ferreira Mota 27/09/1979
Filhos de Creusa Rodrigues Mota e Américo de Sousa Motas Nascimento
Antonia Elia Ferreira Mota 07/11/1972
José Antônio Ferreira Mota 25/03/1974
Antônio José Ferreira Mota 08/01/1979
Joaquim Ferreira Mota Neto 22/09/1982
Rafael Ferreira Mota 27/08/1985
Filhos de Geneis Tomás de Andrade Mota e Isaura Ferreira Lima Nascimento
José Ribamar de Andrade Mota 26/12/1949
João Artur de Andrade Mota 20/10/1951
Maria Alzenir de Andrade Mota 22/06/1955
João Edezio de Andrade Mota 10/04/1958
Maria Erlinda de Andrade Mota 31/08/1967
Luciano de Andrade Mota 19/07/1966
Filhos de Raimunda Ferreira de Andrade Mota e Calixto Lima de Andrade Nascimento
Maria das Graças Ferreira Andrade Sousa Mota 14/10/1959
Maria do Socorro Ferreira Andrade Silva Mota 04/08/1966
Filhos de Maria Tomás Mota e Manoel Mota do Nascimento Nascimento
Evangelista Mota Nascimento 27/08/1950
Ana Mota Nascimento 27/07/1952
Antônio Clides Mota Nascimento 20/02/1954
Maria do Nascimento Mota 25/12/1955
Analice Mota Nascimento 05/10/1958
Raimundo Tomaz Mota 06/11/1960
Ana Rita Mota Nascimento 24/10/1962
Josimar Mota Nascimento 04/04/1965
Orismar Mota Nascimento 29/10/1966
Viturina Mota Nascimento 01/08/1969
Vicência Mota Gonçalves 15/03/1971
Filhos de Antônio Tomás de Andrade Mota e Leoniza Ferreira Mota Nascimento
Maria José Ferreira Mota Costa 13/05/1956
Filhos de João Tomás Mota e Hortência Alves da Silva Nascimento
Lourença Alves Mota dos Santos 10/08/1961
Sônia Maria Alves Mota 10/08/1962
Maria Evanir Alves Mota 12/10/1963
Maria Evanilda Alves Mota 23/07/1965
Antônio José Alves Mota 12/11/1967
João José Alves Mota 10/01/1970
Antonio Luís Alves Mota 04/11/1971
Maria Dinalva Alves Mota 10/09/1976
Maria da Glória Alves Mota 27/04/1978
Filhos de Vicência Tomás Mota e Raimundo de Sousa Mota Nascimento
Maria de Fátima Mota de Sousa 22/09/1955
Maria Luzia Mota de Souza 15/01/1963
Isabel Maria Mota de Souza 16/01/1968
Valeriano Mota de Souza 14/12/1973
Filhos de José Mota da Silva e Rosilda Conceição Moreira Mota Nascimento
Maria Nilva Conceição Mota 26/10/1971
Franciel Conceição Mota 04/02/1973
Maria Nilza Conceição Mota 16/09/1974
Filhos de Maria Mota da Silva e Lupécio dos Santos Nascimento
Iraci Mota dos Santos 09/04/1965
Irenilde Mota dos Santos 22/08/1968
Antônio Mota dos Santos 31/03/1972
Antonia Mota dos Santos 08/10/1976
Josinaldo Mota dos Santos 05/05/1990
Filhos de José Raimundo de Sousa Mota e Delmira Varão de Sousa Nascimento
Sonha Maria de Sousa Mota 19/03/1956
Antonia Maria de Sousa Mota 15/07/1957
Deus Maria de Sousa Mota 17/09/1958
Rita Maria de Sousa Mota 19/01/1961
Shirlene Maria de Sousa Mota 20/12/1970
Filhos de Antônio Raimundo Sobrinho de Sousa Mota e Joana Varão de Sousa Nascimento
Joaquim Neto de Sousa Mota 25/04/1956
Miguel Arcanjo de Sousa Mota 10/11/1957
Cláudio Raimundo de Sousa Mota 01/04/1959
Maria Valeime Varão de Sousa Mota 22/06/1963
João Batista Varão de Sousa Mota 25/06/1965
Deusdata Varão de Sousa Mota 21/08/1966
Enoque Elias Varão de Sousa Mota 02/03/1969
Antônio Elias Varão de Sousa Mota 09/04/1971
Carlito Varão de Sousa Mota 11/01/1973
Filhos de Pedro Raimundo de Sousa Mota e Maria José de Bezerra Sousa Nascimento
Antônio Joaquim Bezerra de Sousa 28/12/1962
Edésio Bezerra de Sousa 03/11/1964
Benta Fernandes Sousa Lima Mota 21/03/1986
Rita Neide de Bezerra da Luz Mota 18/04/1970
Filhos de Maria da Paz de Sousa Mota e Antonio Alves Nascimento
Joane Alves de Sousa Mota 02/06/1962
Filhos de Francisco de Sousa Mota e Emerenciana de Sousa Mota Nascimento
Antônio Mota de Sousa 10/04/1968
Viturino Mota de Sousa 03/11/1970
Rosano Mota de Sousa 25/06/1979
Rosa Vilma Mota de Sousa 19/10/1977
Geane Mota de Sousa 04/6/1986
Raimundo Nonato Mota de Sousa 06/11/1973
Filhos de Neomisa de Sousa Mota e Josemar Nunes dos Santos Nascimento
Célia Maria Mota dos Santos Barbosa 05/10/1962
Ailton Mota dos Santos 01/01/1964
Adailton Mota dos Santos 08/01/1968
Adilton Mota dos Santos 28/01/1970
Maria Josélia Mota dos Santos 17/11/1972
Hamilton Mota dos Santos 17/06/1975
Filhos de Rita Mota de Sousa e Antônio Gonzaga Pereira Nascimento
José Maria Pereira Mota 10/12/1970
Maria Felix Pereira Mota 09/03/1974
José Gonzaga Pereira Mota 18/03/1976
Lourença Pereira Mota 10/08/1977
Maria das Dores Pereira Mota 15/09/1978
Maria Salete Pereira Mota 19/11/1985
Filhos de Raimundo de Sousa Mota e Iraide Correia Mota Nascimento
José Ornilo Correia Mota 26/10/1962
Maria Alzira Correia Mota 21/09/1964
Antônio Neto Correia Mota 15/05/1967
Filhos de Francisca de Sousa Mota e Otávio Rodrigues de Matos Nascimento
Margarida Mota de Matos 19/04/1960
Raimundo Mota de Matos 30/03/1961
Antônio Mota de Matos 11/07/1967
José Antônio Mota de Matos 19/12/1969
Francisco dos Santos Mota de Matos 27/12/1971
Pedro dos Santos Mota de Matos 22/08/1976
Manoel dos Santos Mota de Matos 01/08/1980
Manoel Acriso dos Santos Mota de Matos 11/09/1986
Filhos de Acrísio de Sousa Motas e Maria de Jesus Gomes Costa Nascimento
Maria Lucinda Mota 09/08/1968
Maria Lourença Mota 10/08/1970
Maria Lidenha Mota 15/05/1972
Maria Livanete Mota (gêmeo) 23/08/1973
Benjamim Mota (gêmeo) 23/08/1973
Maria da Luz Mota 02/02/1977
Francisco das Chagas Mota 24/05/1979
Filhos de Renato de Sousa Mota e Delvair da Costa Mota Nascimento
Deusilene da Costa Mota 28/05/1968
Deusicleia da Costa Mota 21/03/1970
Maria Neusa da Costa Mota 25/08/1972
Nelzonita da Costa Mota 13/02/1974
Renato da Costa Mota Filho 06/12/1976
Deuvanir da Costa Mota 28/05/1978
Ronaldo da Costa Mota 28/07/1981
Nelsonede da Costa Mota 02/07/1982
Filhos de José de Sousa Mota e Luzia Ferreira Mota Nascimento
Widegran Ferreira Mota 26/02/1980
Widean Ferreira Mota 01/08/1981
Dayane Ferreira Mota 05/08/1986
Filhos de Manoel de Sousa Motas e Ivanilde Gomes de Sousa Mota Nascimento
Hélio de Angelis de Sousa Mota 05/10/1980
Elizangela de Sousa Mota 22/10/1981
Elizete de Sousa Mota 14/11/1982
Matheus de Sousa Mota 18/07/1997
Filhos de Camilo de Sousa Mota e Perpétua Gomes Neta Mota Nascimento
Raimunda Nonata Gomes Mota 19/09/1981
Maria Rejania Gomes Mota 06/10/1982
Fabiana Gomes Mota 14/05/1984
Filhos de Antônio Dionísio de Sousa Mota e Audinei Vieira Mota Nascimento
Sandro Vieira Mota 25/07/1979
Antonio Advaldo Vieira Mota 22/06/1983
Miguel Vieira Mota 18/121985
Edineuma Vieira Mota 07/12/1988
Lucas Lael Vieira Mota 02/06/1991
Filhos de Osmarina de Sousa Mota e Elidone Severo Gomes Nascimento
Paulo Sérgio Mota Gomes 29/08/1974
Maria de Jesus Mota Gomes 29/11/1975
Manoel Mota Gomes 16/12/1976
Rita Neuma Mota Gomes 27/12/1977
Antônio Jackson Mota Gomes 15/04/1978
Eliane Mota Gomes 19/05/1980
João Claime Mota Gomes 03/09/1981
Simião Francisco Mota Gomes 03/10/1983
Claudio Mota Gomes 16/04/1985
Magno Mota Gomes 27/05/1987
Sônia Mota Gomes 03/05/1989
Elizânia Mota Gomes 19/11/1990
Laércio Mota Gomes 15/04/1993
4º Geração (Trinetos)
Mesmo já estando na era da tecnologia, as dificuldades para conseguimos registros dos dissidentes de Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva aumentou ainda mais, mas dentro do possível, aqui fica registrados o nome da quarta geração.
Filhos de Maria das Graças Souza Novaes Mota e Raimundo Trindade de Novaes Nascimento
Maria de Nazaré Souza Novaes Progene Mota 10/01/1971
Ivan Nazareno Souza Novaes Mota 26/01/1972
Raimundo Nazareno Souza Novaes Filho Mota 30/03/1973
Filhos de José Ornilo Mota Resplandes e Maria Leides de Alcântara Resplandes Nascimento
José Ornilo Alcântara Resplandes Mota 16/07/1969
José Orlan Alcântara Resplandes Mota 25/07/1970
José Evandro Alcântara Resplandes Mota 07/02/1972
Josenildo Alcântara Resplandes Mota 31/08/1974
Joseleide Alcântara Resplandes Mota 04/09/1975
Altino Resplandes Neto Mota 31/08/1976
Joel Alcântara Resplandes Mota 14/11/1977
Filhos de José Odias da Silva Mota e Maria de Jesus da Silva Nascimento
José Wilson Lopes da Silva Mota 26/01/1969
José Dias da Silva Filho Mota 14/04/1977
Sheila Lopes da Silva Mota 11/07/1978
Keyla de Jesus Lopes da Silva 11/10/1981
Filhos de Maria José Resplandes Mota e João Artur de Andrade Mota Nascimento
Elisângela da Silva Mota 01/01/1990
George Artur da Silva Mota 10/07/1991
João Carlo da Silva Mota 07/09/1980
Filhos de Maria Alzenir de Andrade Mota e Valdo de Sousa Alves Nascimento
Valdemir Mota Alves 01/01/1980
Adão Mota Alves 12/12/1990
Filhos de José Mota Neres e Raimunda de Sousa Mota Nascimento
Manoel Messias Mota de Sousa Neres 15/06/1972
Antônio José Mota de Sousa Neres 14/11/1973
Israel Mota de Sousa Neres 16/09/1978
Daniel Mota de Sousa Neres 21/10/1980
Ismael Mota de Sousa Neres 22/04/1981
Analice Mota de Sousa Neres 11/06/1997
Filhos de João Batista Mota Neres e Lioneide dos Santos Lopes Nascimento
Isaias Conceição dos Santos Mota 27/10/1973
Moacir Conceição dos Santos Mota 05/10/1976
José Domingos Conceição dos Santos Mota 19/03/1978
Ediana Conceição dos Santos Mota 16/08/1981
João Batista Mota Neres Filho 24/02/1982
Irlandeia Conceição dos Santos Mota 13/04/1986
Jeremias Conceição Mota dos Santos 18/09/1987
Filhos de Antônio Mota Neres e Laurita Pereira Neres Nascimento
Samaritana Mota Pereira Neres 10/06/1980
Naliane Mota Pereira Neres 24/04/1981
Acácio Mota Pereira Neres 25/05/1982
Watilo Mota Pereira Neres 10/11/1983
Ana Maria Mota Pereira Neres 28/03/1987
Maxwel Mota Pereira Neres 07/09/1991
Rubia Mota Pereira Neres 12/12/1993
Filhos de Maria de Fátima Mota Neres e José Soares de Sousa Nascimento
Maria Vanusa Soares de Sousa Mota 04/09/1975
Elisângela Soares de Sousa Mota 22/04/1977
José Romeiro Soares de Sousa Mota 21/10/1991
Roberto Soares de Sousa Mota 25/05/1985
Joelma Soares de Sousa Mota 20/05/1988
Filhos de Maria das Dores Mota Neres e João da Cruz Severo da Silva Nascimento
Maria Sandra Araújo Silva Mota 07/12/1975
José Ronaldo Araújo Silva Mota 19/03/1977
Maria Betânia Araújo Silva Mota 19/10/1979
Antônio Leandro Araújo Silva Mota 01/02/1983
João Marcos Araújo Silva Mota 26/03/1984
Maria Emília Araújo Silva Mota 04/02/1986
Filhos de Herculano Gomes Carvalho Mota e Elza Sousa Carvalho Nascimento
Ermilton Sousa Carvalho Mota 13/10/1972
Enermilton Sousa Carvalho Mota 12/12/1974
José Milton Sousa Carvalho Mota 23/04/1978
Ezilene Sousa Carvalho Mota 15/09/1981
Edmilson Sousa Carvalho Mota 13/10/1984
Filhos de João Batista Gomes Carvalho Mota e Germana Resplande Araújo
Carvalho Nascimento
Erivelton Araújo Carvalho Mota 14/12/1981
Ângela Araújo Carvalho Mota 27/10/1985
Andréia Araújo Carvalho Mota 12/01/1987
Filhos de Vitória Pereira da Silva Mota e Ângelo Cavalcante de Araújo Nascimento
José Belchior Araújo Mota 20/02/1965
Maria Belchior Araújo Mota 18/12/1967
José Nilton Belchior Araújo Mota 25/09/1969
Nildete Belchior Araújo Mota 14/04/1974
Filhos de Constância Pereira da Silva Mota e Raimundo Monteiro dos Santos Nascimento
Vilanir Pereira dos Santos Mota 17/12/1967
Antônio Gabriel Pereira dos Santos Mota 10/12/1968
Vanderli Pereira dos Santos Mota 18/09/1973
Joel Pereira dos Santos Mota 20/12/1978
Vanderlucia Pereira dos Santos Mota 21/06/1982
Filhos de Sandoval Silva Pessoa Mota e Nascimento
Suelma Santos Pessoa Mota 27/08/1990
Suane Santos Pessoa Mota 17/06/1992
Sávio Santos Pessoa Mota 03/09/1994
Filhos de Maria Luiza Silva Pessoa Mota e José Martins Araújo Nascimento
Juliana Silva Araújo Mota 01/03/1992
José Lucio Silva Araújo Mota 10/04/1669
Filhos de Antônio Ronaldo Silva Pessoa Mota e Nascimento
Caroline Cavalcante de Oliveira Pessoa Mota 02/10/1993
Marta Cavalcante de Oliveira Pessoa Mota 16/03/1997
Azafran Cavalcante de Oliveira Pessoa Mota 16/03/1999
Filhos de Leoneide Mota do Nascimento e Nascimento
Raquel Nascimento Yogi 20/02/1983
Josean Mota Nascimento 08/11/1985
Joel Mota do Nascimento 07/09/1987
João Miguel Mota do Nascimento 11/05/1970
Francisca Nascimento Assis Mota 04/04/1975
Joana Mota Nascimento 29/05/1981
Eliude do Nascimento Sousa Mota 11/05/1978
Jeovan Mota do Nascimento 29/05/1981
Gleide Mota do Nascimento 08/02/1990
Kadja Rebeca Mora do Nascimento 11/07/1992
Filhos de Francisco Alves Mota e Nascimento
Daianne Alves Mota 10/08/1983
Ioana Alice Alves Araújo Mota 08/01/1972
Alonso Alves Mota 20/12/1984
Antônio Nildo Viana Mota 25/05/19758
Dano Alves Gomes Mota 01/07/1989
Filhos de Oneide Mota da Silva e Nascimento
Antônio Mota da Silva 12/08/1981
Edinaldo Mota da Silva 04/08/1983
Senilson Mota Silva 11/11/1977
Filhos de Alzira Alves Mota e Nascimento
Frank Alves Mota 16/06/1992
Flavia Alves Mota 15/07/1973
Filhos de Raimundo Alves Mota e Nascimento
Jovenilde Viana Mota 12/04/1979
Ivanilde Viana Mota 24/06/1981
Joana Alice Alves Araújo 08/01/1972
Irenilde Viana Mota 25/09/1984
Valdonildo Viana Mota 14/08/1988
Filhos de Maria Francisca Mota Santos e Nascimento
Maria de Jesus Mota da Silva Assunção 11/11/1978
Gleyciane Mota Santos 10/09/1994
Filhos de Ismerinda de Paiva Mota e Nascimento
Maria Ualda Ferreira de Sousa Mota 16/05/1974
Hérica Luiza Sousa Alves Mota 16/05/2004
José Luiz Sousa Alves Mota 11/07/2006
Cristiane Ferreira de Sousa Mota 19/05/1975
Crystyanny Ferreira de Sousa Mota 29/11/1976
Emanuelle Cristina Silva Sousa Mota 07/11/2005
Cristina Maria Ferreira de Sousa Mota 23/11/1979
Cristilene Ferreira de Sousa Mota 24/08/1981
Cristinaldo Ferreira de Sousa Mota 15/01/1983
Cristinalva Ferreira de Sousa Mota 16/05/1984
Cristivalda Ferreira de Sousa Mota 19/08/1985
Pedro Vinicius Sousa Carvalho Mota 10/10/2006
Filhos de José Antônio Ferreira Mota e Lucilene Nascimento Marinho Nascimento
Nafitaly Marinho Mota 10/04/1994
Esly Marinho Mota 08/01/1996
Filhos de Joaquim Ferreira Mota Neto e Gardênia Oliveira Franco Pereira Nascimento
Ana Beatriz Sales Mota 13/03/2002
Rodrigo Rogen Pereira Mota 01/04/2003
Filhos de José Ribamar de Andrade Mota e Onorina Costa de Albuquerque Nascimento
Lirgia Maria Costa Mota 04/08/1981
Filhos de Maria das Graças Ferreira Andrade Sousa Mota e Valdemir Ferreira
Silva Nascimento
Jailson Andrade Silva Mota 15/10/1988
Denise Andrade Silva Mota 18/07/1995
Filhos de Maria do Socorro Ferreira Andrade Silva Mota e Gaspar Barbosa de
Sousa Nascimento
Antônio Andrade de Sousa Mota 02/08/1980
Serginaldo Andrade de Sousa Mota 16/02/1982
Sergivam de Sousa Mota 05/10/1983
Maria Graciane de Sousa Mota 24/01/1988
Filhos de Evangelista Mota Nascimento e Raimunda Ferreira do Nascimento Nascimento
Sâmara Mota Nascimento 03/09/1979
Gutemberg Mota Nascimento 04/06/1981
Sandra Mota Nascimento 09/02/1983
Evangelista Mota Nascimento Júnior 10/12/1985
Filhos de Antônio Clides Mota Nascimento e Maria das Dores Maciel Nascimento
Eriadina Nascimento dos Passos Mota 16/10/1973
Raimundo Nonato Maciel Nascimento Mota 16/05/1975
Antoniária Nascimento de Oliveira Mota 1º/07/1978
Roneyvon Maciel Nascimento 25/03/1983
Dorisley Maciel Nascimento Mota 13/06/1985
Filhos de Maria do Nascimento Mota e Antônio Maciel Pessoa Nascimento
Arnaldo Mota Nascimento 02/03/1974
Filhos de Maria do Nascimento e Alberto Ferreira do Nascimento Nascimento
Alcinei Mota Nascimento 15/03/1979
Alciran Mota Nascimento 01/03/1981
Adriana Mota Nascimento 17/05/1990
Filhos de Analice Mota Nascimento e José Galdino da Silva Nascimento
Hemerson Mota da Silva 01/08/1983
Dalila Mota da Silva Galdino 22/12/1987
Filhos do Raimundo Tomaz Mota e Maria Gorete Pereira de Sousa Nascimento
Tomás de Sousa Mota 02/04/1987
Thiago de Sousa Mota 14/06/1989
Thâmara de Sousa Mota 16/04/1990
Filhos do Raimundo Tomaz Mota e Nildilene Mota Campos Nascimento
Mariana Rodrigues Mota 18/10/1999
Filhos de Ana Rita Mota Nascimento e Juracy Araújo Paiva Nascimento
Gabriel Mota Paiva 23/06/1991
Emanuel Mota Paiva 20/10/1995
Juliana Mota Paiva 20/08/2001
Filhos de Josimar Mota Nascimento e Zelma Maria de Jesus Nascimento
Hyago Murilo de Jesus Mota 06/04/1992
Hygor Kaic de Jesus Mota 16/11/1996
Filhos de Josimar Mota Nascimento e Adriana Oliveira Lima Mota Nascimento
Andressa Oliveira Lima Mota 23/11/1996
Anderson Oliveira Lima Mota 12/03/2002
Filhos de Orismar Mota Nascimento e Rosa Maria da Silva Nascimento
Giuliane Silva Nascimento Mota 19/02/1988
Talita Silva Nascimento Mota 21/04/1990
Cecília Silva Nascimento Mota 13/02/1992
Filhos de Orismar Mota Nascimento e Cleia Perêncio dos Santos Nascimento
João Pedro Santos Nascimento Mota 01/12/2005
Filhos de Viturina Mota Nascimento e Edilson Gomes da Silva Nascimento
Camilla Mota da Silva 31/10/1995
Millena Mota da Silva 13/02/2003
Filhos de Vicência Mota Nascimento e Maury de Meneses Gonçalves Nascimento
Vitória Sttefany Mota Gonçalves 24/03/1996
Viviane Maria Mota Gonçalves 07/12/2000
Filhos de Maria José Ferreira Mota Costa e Antônio da Silva Costa Nascimento
Cássia Mota Costa 20/04/1981
James Mota Costa 18/10/1982
Jairo Mota Costa 28/07/1984
Jéferson Mota Costa 09/01/1992
Joel Mota Costa 01/12/1993
Filhos de Maria Alice Ferreira Mota e Manoel José de Carvalho Nascimento
Idinelda Carvalho Mota 17/01/1980
Maria Idinelva Carvalho Mota 04/07/1981
Jane Carvalho Mota 13/01/1983
Antônio Francisco Carvalho Mota 08/04/1984
Filhos de Lourença Alves Mota dos Santos e José Campos dos Santos Nascimento
Antônio Zacarias Mota dos Santos 05/11/1981
Ismeralda Mota dos Santos 24/01/1986
Everaldo Mota dos Santos 15/11/1988
Valeriano Mota dos Santos 24/12/1990
Maurílio Mota dos Santos 12/04/1992
Maurício Mota dos Santos 11/04/1999
Filhos de Sônia Maria Alves Mota e Francisco Paulo Sena Sá Nascimento
Franciane Alves Mota de Sá 04/03/1982
Franciene Alves Mota de Sá 30/05/1985
Eva Francilene Alves Mota de Sá 02/07/1988
Antonia Elda Alves Mota de Sá 26/08/1990
Filhos de Maria Evanir Alves Mota e Leonildo Rodrigues da Silva Nascimento
Leonária Mota da Silva 18/01/1985
Leonardo Mota da Silva 21/11/1990
Filhos de Maria Evanilda Alves Mota e Baltazar Barbosa Campos Nascimento
Nildilene Mota Campos 17/12/1983
Valmor Mota Campos 05/07/1985
Arlene Mota Campos 1º/12/1989
Valdinar Mota Campos 10/01/1992
Filhos de João José Alves Mota e Maria Raimunda Ribeiro Campos Mota Nascimento
João Gutemberg Campos Mota 06/06/2001
Ana Clara Campos Mota 05/06/2004
Filhos de Maria de Fátima Mota de Sousa e Clodomir Mota Lima Nascimento
Ângela Magna Mota Lima 08/04/1977
Paulo Roberto Mota Lima 17/05/1979
José Fernando Mota Lima 18/07/1982
Antônio Henrique Mota Lima 02/01/1985
Daniel Magno Mota Lima 28/12/1986
Filhos de Iraci Mota dos Santos e Nascimento
Frank Fábio Ferreira da Silva Mota 02/04/2003
Filhos de Irenilde Mota dos Santos e Nascimento
Ivanilde Mota dos Santos Silva 14/03/2003
Filhos de Sonha Maria de Sousa Mota e José Teixeira Brito Nascimento
Jossania Maria Sousa Brito Mota 02/02/1976
Marconi Sousa Brito Mota 17/10/1977
Mayckon Sousa Brito Mota 11/01/1983
Mário Sousa Brito Mota 02-10/1984
Maciel Sousa Brito Mota 11/02/1986
Josania Sousa Brito Mota 25/01/1988
Jocelma Sousa Brito Mota 02/06/1992
Filhos de Deus Maria de Sousa Mota e Antônio Ferreira de Alencar Nascimento
Luciana Maria Mota de Sousa Alencar 30/05/1977
Antônio Carlos Mota de Sousa Alencar 04/01/1979
Luciano Mota de Sousa Alencar 22/06/1983
Filhos de Rita Maria de Sousa Mota e Antônio de Sousa Lima Nascimento
Antônio Fábio Mota de Sousa Lima 25/07/1982
Maria Emídia Mota de Sousa Lima 24/02/1984
Benta Fernanda Mota de Sousa Lima 21/03/1986
Filhos de Shirlene Maria de Sousa Mota e Olímpio Gomes Martins Filho Nascimento
Filipe de Sousa Martins Mota 15/12/1992
Fernando Ítalo de Sousa Martins Mota 01/08/1994
Filhos de Carlito Varão de Sousa Mota e Wanderléia Rodrigues da Silva Sousa Nascimento
Jessica Rodrigues de Sousa Mota 29/05/2002
Aline Rodrigues de Sousa Mota 05/07/2004
Filhos de Antônio Joaquim Bezerra de Sousa e Maria Elenice Bezerra de Sousa Nascimento
Evando da Silva de Sousa Mota 24/11/1993
Edelvan da Silva de Sousa Mota 03/03/1995
Filhos de Rita Neide de Bezerra da Luz Mota e Manoel Leite da Luz Nascimento
Alesandro Bezerra da Luz Mota 19/04/1989
Alane Bezerra da Luz Mota 02/10/1993
Amanda Bezerra da Luz Mota 10/04/1995
Filhos de Viturino Mota de Sousa e Antonia Morais da silva Nascimento
Samuel Silva Sousa Mota 24/07/1997
Filhos de Rosa Vilma Mota de Sousa e João batista oliveira Nascimento
Letícia de Sousa oliveira 07/11/1994
Filhos de Célia Maria Mota dos Santos Barbosa e José Moura da Silva Filho Nascimento
Marcelo dos Santos Barbosa Mota 13/02/1983
Ana Karine dos Santos Barbosa Mota 28/12/1985
Filhos de Ailton Mota dos Santos Barbosa e Maria Francisca de Sousa Santos Nascimento
Mailton Henrique Mota dos Santos 04/06/1992
Luís Eduardo Mota dos Santos (gêmeo) 03/11/1996
Luís Felipe Mota dos Santos (gêmeo) 03/11/1996
Filhos de Adailton Mota dos Santos e Elisângela Mota dos Santos Nascimento
André Vieira dos Santos Mota 16/08/1991
Andréia Vieira dos Santos Mota 28/07/1993
Andressa Vieira dos Santos Mota 15/10/1997
Adriano Vieira dos Santos Mota 11/01/2002
Filhos de Adailton Mota dos Santos e Ana Claudia Silva dos Santos Nascimento
João Claudio Silva dos Santos Mota 05/08/1997
Adailton Mota dos Santos Filho 15/06/2002
Filhos de Maria Josélia Mota dos Santos e Rui Alves dos Santos Nascimento
Thiago Mota dos Santos 04/o5/2009
Filhos de Hamilton Mota dos Santos e Rosilda Sena dos Santos Nascimento
Guilherme Mota dos Santos 28/12/2002
Filhos de José Maria Pereira Mota e Evanilde Pereira de Alencar Nascimento
João Pedro Pereira 29/03/2007
Filhos de Maria das Dores Pereira Mota e Nascimento
Rita de Cássia Pereira 29/03/2006
Filhos de José Ornilo Correia Mota e Valdeza Sousa da Silva Mota Nascimento
Waldileide Silva Mota 04/01/1981
Filhos de Antônio Neto Correia Mota e Nascimento
Eleilson Correia Mota 01/04/1900
Elenilde Gomes Mota 28/06/1992
Marcelo Gomes Mota 10/05/1994
Filhos de Francisco dos Santos Mota de Matos e Tânia Patrícia Ferreira Matos Nascimento
Onaria Ferreira Mota de Matos 30/09/1994
James Ferreira Mota de Matos 19/01/1996
Janiel Ferreira Mota de Matos 03/11/1997
Daniel Ferreira Mota de Matos 02/02/2002
Filhos de Pedro dos Santos Mota de Matos e Joseane Lima Matos Nascimento
Ana Paula Lima Mota de Matos 20/01/2004
Filhos de Maria Lucinda Mota e Cícero Gomes Lima Nascimento
Edinelma Mota Lima 28/02/1991
Nataniel Mota Lima 14/10/1992
Filhos de Deusilene da Costa Mota e Edson da Silva Oliveira Nascimento
Juialam Mota Oliveira 27/12/1983
Uialam Mota Oliveira 12/03/1986
Renata Mota Oliveira 14/11/1987
Edina Mota Oliveira 09/07/1989
Natália Mota Oliveira 31/03/2000
Filhos de Widean Ferreira Mota e Maria Feitosa da Silva Nascimento
Vitor Hulgo Silva Mota 02/09/2005
Filhos de Hélio de Angelis de Sousa Mota e Joelma Brilhante Ferreira Mota Nascimento
Hércules Ferreira Mota 25/03/2003
Filhos de Elizangela de Sousa Mota e Sebastião Alves Lima Neto Nascimento
Enzo Mota Lima 03/10/2003
Luângela Mota Lima 16/07/2005
Filhos de Elizete de Sousa Mota e --------------------------------------------------- Nascimento
Andersom Gabriel Sousa da Silva 05/11/1999
Filhos de Raimunda Nonata Gomes Mota e Paulo Sérgio Mota Gomes Nascimento
Isaac Gomes Mota 30/03/1999
Israel Mota Gomes 13/04/2000
Filhos de Maria Rejania Gomes Mota e -------------------------------------------- Nascimento
Denílson Mota Vilarino 16/10/2000
Anue Camile Mota Ferreira 13/07/2003
Filhos de Fabiana Gomes Mota e Antônio Eneulândio Granjeiro Ferreira Nascimento
Antônio Eneulandio Granjeiro Ferreira Júnior Mota 19/12/2004
Juliana Mota Ferreira 13/08/2006
Filhos de Sandro Vieira Mota e Juscilene dos Santos Costa Mota Nascimento
Maria Fernanda Costa Mota 02/09/2005
Filhos de Paulo Sérgio Mota Gomes e Raimunda Nonato Gomes Mota Nascimento
Paulo Sérgio Mota Gomes Filho 21/11/1993
Israel Gomes Mota 13/04/2000
Filhos de Maria de Jesus Mota Gomes e Antônio Correia Mota Neto Nascimento
Eleison Correia Mota 01/04/1990
Elenilda Correia Mota 28/06/1992
Marcelo Correia Mota 10/05/1994
Filhos de Rita Neuma Mota Gomes e Antônio Andrade Rodrigues do Nascimento Nascimento
Laiane Mota do Nascimento 05/03/1999
Antônio Mota do Nascimento 06/09/2000
Antônio Lucas Mota do Nascimento 29/09/2004
Filhos de Antônio Jackson Mota Gomes e Goiaci Gomes da Silva Nascimento
Jagno Mota da Silva 05/01/2004
Jairo Mota da Silva 18/04/2005
Jailson Mota da Silva 12/11/2006
Filhos de Eliane Mota Gomes e Gildemar Alves Silva Nascimento
Daniel Alves Mota 28/05/1997
Gilmar Alves Mota 21/02/1999
Claudia Alves Mota 10/01/2000
Danilo Alves Mota 08/12/2004
Filhos de João Claime Mota Gomes e Ozana de Castro Silva Gomes Nascimento
Jéssica Silva Mota 18/02/2007
Filhos de Simeão Francisco Mota Gomes Neto e Francilene Silva Alves Nascimento
Cleison Silva Mota 21/02/2004
Ângela Silva Mota 13/09/2005
Filhos de Magno Mota Gomes e Antonia Saraiva Alves Nascimento
Moisés Saraiva Mota 08/02/2007
Filhos de Ronaldo Catuca de Lima e Maria Rejânia Gomes Mota Nascimento
Denilson Mota Vilarino 16/10/2000
Anne Camily Mota Ferreira 13/06/2003
5º Geração (Tataranetos)
Mesmo tendo diminuído a quantidade de filhos, a 5º geração ficou ainda mais difícil de catalogar, somente os baixios registrados é o que foi possível registra.
Filhos de Maria de Nazaré Souza Novaes Progene Mota e João Batista da Silva Progene Nascimento
João Vitor Souza Novaes Progene 11/05/1998
Filhos de Ivan Nazareno Souza Novaes Mota e Rosa Freitas Novaes Nascimento
Rafaela Freitas Novaes Mota 15/09/2005
Filhos de Raimundo Nazareno Souza Novaes Filho Mota e Valcilene Nunes Vieira
Novaes Nascimento
Ramille Nunes Novaes Mota 17/10/1994
Ramiro Nunes Novaes Mota 31/08/1995
Ramon Nunes Novaes Mota 20/11/2002
Filhos de Ione de Jesus Silva Alves Mota e ------------------------------------------ Nascimento
Alice Silva Alves Braga Mota 11/01/1997
Maria Cândida Silva Alves Façanha Mota 21/11/2001
Filhos de Iolanda Conceição Silva Alves Mota e --------------------------------------- Nascimento
Felipe Alves Nobre Mota 06/10/1990
Ana Caroline Alves Chagas Mota 16/02/1996
Filhos de Aldo Silva Alves Mota e ------------------------------------------------------- Nascimento
Maria Eduarda Alves Mota 10/08/2000
Ana Beatriz Alves Mota 20/01/2008
Filhos de José Ornilo Alcântara Resplandes Mota e Ruth Martins Resplandes Nascimento
Suzane Martins Resplandes Mota 09/11/1988
Matheus Martins Resplandes Mota 31/01/1992
Sarah Martins Resplandes Mota 20/02/1993
Abraão Martins Resplandes Mota 04/12/2002
Rafael Martins Resplandes Mota 25/03/2008
Filhos de José Orlan Alcântara Resplandes Mota e Lucilene Silva Resplandes Nascimento
Lorena Leslye Silva Resplandes Mota 28/10/1996
José Ornilo Mota Resplandes Neto 16/01/2001
Filhos de José Evandro Alcântara Resplandes Mota e Elisane Sousa do
Nascimento Nascimento
Emanuel Sousa do Nascimento Resplandes Mota 25/03/1997
Samuel Sousa do Nascimento Resplandes Mota 23/06/1999
Emunuelle Sousa do Nascimento Resplandes Mota 14/01/2005
Filhos de Josenildo Alcântara Resplandes Mota e Ana Cristina Santos Pinto
Resplandes Nascimento
Camila Maria Pinto Resplandes Mota 29/12/2000
Moises Pinto Santos Resplandes Mota 11/01/2003
Filhos de Joseleide Alcântara Resplandes Mota e ----------------------------------- Nascimento
João Paulo Resplandes Nava Mota 22/10/2002
Filhos de Altino Resplandes Neto Mota e Aloacy Magalhães de Sousa Resplandes Nascimento
Pedro Henrique Melo Resplandes Mota 30/01/1995
Altino Magalhães de Sousa Resplandes Mota 22/02/2002
Álvaro Magalhães de Sousa Resplandes Mota 07/09/2004
Ângela Maria Magalhães de Sousa Resplandes Mota 02/10/2006
Filhos de Joel Alcântara Resplandes Mota e Aline Barros Resplandes Nascimento
Gabriel Vieira Resplandes Mota 25/06/1998
Alice Maria Barros Resplandes Mota 23/09/2009
Filhos de José Wilson Lopes da Silva Mota e Antônia Regina Gonçalves da Silva Nascimento
Cibelly Gonçalves da Silva Mota 26/02/1989
Sabrina Gonçalves da Silva Mota 23/10/1993
Filhos de José Dias da Silva Filho Mota e Lucilene Pereira da Costa Nascimento
Thays Fernanda da Costa da Silva Mota 08/08/1998
João Lucas da Costa da Silva Mota 23/09/1999
Maria Clara da Costa da Silva Mota 14/05/2003
Filhos de Sheila Lopes da Silva Mota e Antônio Francisco Moreira Lima Nascimento
Isaac Lima da Silva Mota 24/10/2003
Lásaro Lima da Silva Mota 11/08/2008
Filhos de Elisângela da Silva Mota e Cícero Rodrigues Lima Nascimento
Caroline Mota Lima 25/11/1994
Ana Larissa Mota Lima 20/12/1995
Filhos de George Artur da Silva Mota e Remígia Barros Mota Nascimento
Artur Vinício Barros Mota 15/07/1999
João Paulo Barros Mota 10/03/2001
Giovane Barros Mota 43/03/2007
Filhos de Valdemir Mota Alves e Jozeana da Conceição do Nascimento Nascimento
Luã Nascimento Mota 11/11/2009
Filhos de Maria Betânia Araújo Silva Mota e Antônio Gomes dos Santos Nascimento
Barbara Santos Silva Mota 18/04/2002
Filhos de Ermilton Sousa Carvalho Mota e Nascimento
Andressa Sousa Carvalho Mota 22/06/1998
Ermilton Sousa Carvalho Mota Júnior 31/03/2002
Filhos de José Milton Sousa Carvalho Mota e Nascimento
Ana Thais da Silva Carvalho Mota 05/11/1996
Alicia Thais da Silva Carvalho Mota 04/11/1797
Ana Caroline da Silva Carvalho Mota 13/08/2000
Filhos de Vilanir Pereira dos Santos Mota e João Francisco da Paz Nascimento
Flávio dos Santos Paz Mota 23/06/1982
Rogério dos Santos Paz Mota 23/12/1983
Lucivânia dos Santos Paz Mota 24/04/1985
Roberto dos Santos Paz Mota 03/01/1988
Filhos de Antônio Gabriel Pereira dos Santos Mota e Maria Irismar Nascimento
Víctor Ires Santos dos Santos Mota 22/05/2001
Camila Vitória Santos dos Santos 28/08/2008
Filhos de Vanderli Pereira dos Santos Mota e Raimundo Brandão da Silva Nascimento
Rafael dos Santos Silva Mota 26/08/1992
Diego dos Santos Silva Mota 25/04/1994
Iguo Vinício dos Santos Silva Mota 27/09/2000
Filhos de Joel Pereira dos Santos Mota e Viviane Sousa Ferreira Nascimento
Bianca Lorrany Ferreira dos Santos Mota 30/08/2005
Ludmila Ferreira dos Santos Mota 12/11/2008
Filhos de Lirgia Maria Costa Mota e Renildo Menezes Albuquerque Nascimento
Ricardo Resplandes Costa Mota Albuquerque 15/12/2005
José Augusto Resplandes Costa Mota Albuquerque 20/02/2007
Filhos de Sâmara Mota Nascimento e Pedrinho de Sousa Viana Nascimento
Gustavo Mota Nascimento Viana 24/13/2008
Filhos de Gutemberg Mota Nascimento e Paulete Queiroz Nascimento
Eduarda Queiroz Mota 24/04/2004
Filho de Raimundo Nonato Maciel Nascimento Mota e Luzia Sobral da Silva
Mota Nascimento
Railanda Silva Nascimento 20/10/2001
Filho de Raimundo Nonato Maciel Nascimento Mota e Jhena Paula Nascimeno
dos Santos Nascimento
Évile Nascimento dos Santos Mota 13/05/2007
Filhos de Arnaldo Mota Nascimento e Maria Francisca da Silva Nascimento
Cléia Lima Conceição Mota 02/01/1994
Filhos de Alcinei Mota Nascimento e Maria Eliane de Sousa Nascimento Nascimento
Rafael de Sousa Nascimento Mota 15/03/1999
Vitória Rafaela de Sousa Nascimento Mota 17/03/2005
Filho de Alciran Mota Nascimento e Eleudiana dos Reis Almeida Nascimento
Josué Almeida Nascimento Mota 18/03/2002
Calebe Almeida Nascimento Mota 28/03/2004
Isaac Almeida Nascimento Mota. 14/02/2007
Filhos de Cássia Mota Costa e Nascimento
Paulo Rodrigues Costa Brade de Sá Mota 18/03/2002
Filhos de Cássia Mota Costa e Rogerio da Silva Gonçalves Nascimento
José Antônio Mota Costa 02/09/2003
João Pedro Mota Costa 30/10/2005
Gabriel Mota Costa 23/05/2009
Filhos de James Mota Costa e Goiacinária Moreira Miranda Nascimento
Maria Clarice Moreira Mota Costa 18/04/2008
Filhos de Jairo Mota Costa e Deuzanira Ramos Nascimento Nascimento
Jailson Nascimento Costa Mota 14/10/2003
Jamil Nascimento Costa Mota 30/12/2007
Jainária Nascimento Costa Mota 05/11/2009
Filhos de Antônio Zacarias Mota dos Santos e Edinete Mendes Queiroz Nascimento
Samira Queiroz dos Santos Mota 18/04/2003
Sabrina Queiroz dos Santos Mota 04/03/2005
Filhos de Leonária Mota da Silva e Carlean Barbosa Mota da Silva Nascimento
Kalil Everton Silva Matos Mota 15/06/2006
Débora Silva Mota 21/01/2008
Filhos de Josânia Maria Sousa Brito Mota e Antônio da Costa Alves Nascimento
Antônio da Costa Alves Filho 29/09/1995
Filhos de Marcone Sousa Brito Mota e Alice Silva Nascimento
Marcos da Silva Brito Mota (gêmeo) 07/02/1997
Matheus da Silva Brito Mota (gêmeo) 07/02/1997
José Wilker Paixão Brito Mota 07/06/2008
Filhos de Maciel Sousa Brito Mota e Irliane da Costa Silva Nascimento
Luís Fernando da Costa Brito Mota 15//01/2004
Filhos de Josânia Sousa Brito Mota e Camila Medeiros Nascimento
Miguel Medeiros Brito Mota 04/06/2008
Filho de Luciana Maria Mota de Sousa Alencar e Gecimário Pereira Dias Nascimento
Gyonna Ketly Alencar Dias Mota 26/08/2003
Filhos de Antônio Fábio Mota de Sousa Lima e Ana Cristina de Campos Oliveira Nascimento
Crislani Sabrine Oliveira Lima Mota 05/08/2002
Vitor Gabriel Oliveira Lima Mota 20/09/2006
Fernando Lucas Mota Lima 15/06/2008
6º Geração (Penta-Netos)
Filhos de Cléia Lima Conceição Mota e Francisco Wender Araújo Santos Nascimento
Pablo Pierre Lima Conceição Mota 03/11/2010
MEMÓRIAS DO AUTOR
Sequenciando os ditames da narrativa da vida e obra do autor deste livro, foi possível imaginar que o poder do Grande Arquiteto do Universo é determinante para a geração e desenvolvimento de cada um de nós. Portanto, tudo começou lá pelas bandas do Japão Maranhense, quando o vigário capuchinho Antônio Porteeri Tavernole, Aniceto como era conhecido, celebrou na Capela Nova Alegria, povoado Caxixi, Município de Tuntum, Maranhão, o enlace matrimonial de duas criaturas que se amavam mutuamente, uma união conjugal que se encaixou perfeitamente nas aceitações mútuas e nos momentos de concepção, definiu-se uma gravidez. Aquilo causou felicidade e sorriso nos dois. A partir de então, eles contavam nos dedos das mãos o dia e hora que o bebê iria nascer.
Não havia médico para fazer o pré-natal da gestante. Damiana, uma parteira amiga da família, foi chamada para dar as instruções necessárias de como aquela futura mamãe deveria se preparar para o dia do nascimento do menino e como fazer o enxoval da criança. De parto normal ele nasceu, com três palmos de comprimento e cerca de 4 quilos de peso, às 14 horas do dia 27 de agosto de 1950. A placenta e o seu cordão umbilical foram enterrados na entrada da porta da casinha que ele viu o mundo pela primeira vez, uma choupana construída de pau-a-pique, coberta e tapada com palha de coco babaçu e piso de chão batido. Minutos depois ele foi colocado nos braços da sua mãe para dela receber os primeiros carinhos e mamar, com o leite materno ele foi alimentado durante 2 anos.
Até meados do século XIX, estudiosos acreditavam que o armazenamento da memória declarativa era um procedimento explícito e implícito do cérebro humano, o qual teria função distinta na linguagem e percepção, recordação das impressões retidas na ideia adquirida anteriormente a longo e curto prazo. Acreditavam também, que elas eram localizadas em regiões específicas do cérebro.
A partir de 1861, o neurofisiologista Broca evidencia que lesões restritas na parte posterior do lobo frontal, do lado esquerdo do cérebro, chamada de área de Broca, causavam um defeito específico na função da linguagem. Após essa localização da função da linguagem, os neurocientistas aprofundaram-se ainda mais nos estudos de localização da memória.
O neurofisiologista Wilder Penfield foi o primeiro a conseguir demonstrar que os processos da memória têm localizações específicas no cérebro humano. Na década de 1940, ele começou a usar métodos de estimulação elétrica, no córtex de mil pacientes submetidos à neurocirurgia, para tratamento de epilepsia, nos quais ele verificou que a estimulação elétrica produzia respostas de retrospecção, na qual o paciente descrevia uma lembrança correspondente a uma experiência vivida.
Estudos em pacientes com lesão do lobo temporal revelaram dois modos particularmente diferentes de aprendizagem, diferença que os psicólogos cognitivistas avaliaram em estudos com sujeitos normais. O ser humano aprende o que é o mundo apreendendo conhecimentos sobre pessoas e objetos, acessíveis à consciência, usando uma forma de memória que é, em geral, chamada de explícita, ou aprende como fazer coisas, adquirindo habilidades motoras ou perceptivas a que a consciência não tem acesso, usando para isto a memória implícita.
O professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo de neuropsicologia, Antônio Branco Lefêvere, descobriu em crianças e adultos, que a memória declarativa é aquela que tem a capacidade de verbalizar um fato, a qual ele classificou como sendo a Memória Imediata, aquela que dura de frações a poucos segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente um número de telefone que é dito. Estes fatos são, após um tempo, completamente esquecidos e não deixam traços de memória.
A memória de curto prazo é aquela que tem duração de alguns segundos ou minutos. Neste caso, existe a formação de traços de memória. O período para a formação destes traços se chama de Período de Consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de lembrar eventos recentes que
aconteceram nos últimos minutos. Ela depende do sistema límbico, envolvido nos processos de retenção e consolidação de informações novas.
Hoje em dia, também se supõe que a consolidação temporária da informação envolve estruturas como o hipocampo, a amígdala, o córtex entorrinal e o giro para-hipocampal, sendo depois transferida para as áreas de associação do neocótex parietal e temporal. As vias que chegam e que saem do hipocampo também são importantes para o estudo da anatomia da memória. Inpulsos que chegam são constituídos pela via fímbria-fórnix ou pela via perfurante. Importantes projecções de CA1 para os córtices subiculares adjacentes fazem parte dos outputs que saem do hipocampo. Existem também duas vias hipocampais responsáveis por interconexões do próprio sistema límbico, como o Circuito de Papez (hipocampo, fórnix, corpos mamilares, giro do cíngulo, giro para-hipocampal e amígdala), e a segunda via projeta-se de áreas corticais de associação, por meio do giro do cíngulo e do córtex entorrinal, para o hipocampo que, por sua vez, projeta-se através do núcleo septal e do núcleo talâmico medial para o córtex pré-frontal, havendo então o armazenamento de informações que reverberam no circuito ainda por algum tempo.
Compreende-se como sendo memória de trabalho aquela que inside em um sistema de controle de atenção (executiva central), auxiliado por dois sistemas de suporte (Alça Fonológica e Bloco de Notas Visuoespacial) que ajudam no armazenamento temporário e na manipulação das informações. O executivo central tem capacidade limitada e função de seleccionar estratégias e planos, tendo sua atividade relacionada ao funcionamento do lobo frontal do cérebro, que supervisiona as informações. Também o cerebelo está envolvido no processamento da memória operacional, atuando na catalogação e manutenção das sequências de eventos, o que é necessário em situações que requerem o ordenamento temporal de informações. O sistema de suporte vísuo-espacial tem um componente visual, relacionado à região occipital e um componente espacial, relacionado a regiões do lobo parietal. Já no sistema fonológico, a articulação subvocal auxilia na manutenção da informação; lesões nos giros supramarginal e angular do hemisfério esquerdo geram dificuldades na memória verbal auditiva de curta duração. Esse sistema está relacionado à aquisição de linguagem.
Memória de longo prazo é aquela que contém duração de dias, meses e anos. Um exemplo são as memórias do nome e idade de alguém, quando se reencontra essa pessoa alguns dias depois. Como engloba um tempo muito grande, pode ser diferenciada em alguns textos como memória de longuíssimo prazo, quando envolve memória de muitos anos atrás.
Memória de procedimentos é aquela que tem a capacidade de reter e processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser perdida.
Hoje é possível afirmar que a memória não possui um único locus. Diferentes estruturas cerebrais estão envolvidas na aquisição, armazenamento e evocação das diversas informações adquiridas por aprendizagem.
A memória explícita, depende de estruturas do lobo temporal medical (incluindo o hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal e do diencéfalo). Além disso, o septo e os feixes de fibras que chegam do pro-encéfalo basal ao hipocampo também parecem ter importantes funções. Embora tanto a memória episódica como a semântica dependam de estruturas do lobo temporal medial, é importante destacar a relação dessas estruturas com outras. Por exemplo, pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais têm mais dificuldades para a memória episódica do que para a memória semântica. Lesões no lobo parietal esquerdo apresentam prejuízos na memória semântica.
A memória implícita depende da aprendizagem de habilidades motoras e das aferências corticais de áreas sensoriais de associação do corpo estriado para os núcleos da base. Os núcleos caudado e putâmen recebem projecções corticais e enviam-nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema
extra-piramidal, constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. O condicionamento das respostas da musculatura esquelética depende do cerebelo, enquanto o condicionamento das respostas emocionais depende da amígdala. Já foram descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do cerebelo e reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma habilidade. Ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi aumentado. O neo-estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no planeamento das ações, constituindo, então, através de conexões entre o cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema implícito e o explícito.
As memórias que incluem lembrança de odores têm tendência para serem mais intensas e emocionalmente mais fortes. Um odor que tenha sido encontrado só uma vez na vida pode ficar associado a uma única experiência e então a sua memória pode ser evocada automaticamente quando voltamos a reencontrar esse odor. E a primeira associação feita com um odor parece interferir com a formação de associações subsequentes (existe uma interferência proativa). É o caso da aversão a um tipo de comida. A aversão pode ter sido causada por um mal estar que ocorreu num determinado momento apenas por coincidência, nada tendo a ver com o odor em si; e, no entanto, será muito difícil que ela não volte sempre a aparecer no futuro associada a esse odor.
No caso das associações visuais ou verbais, há uma interferência retroativa. Estas podem ser facilmente perdidas quando uma nova associação surge (por exemplo, depois de memorizarmos o novo número do nosso celular, torna-se mais difícil lembrarmo-nos do antigo).
A memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a tomar decisões diárias.
Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. A memória declarativa, grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o como isto se deu.
A memória declarativa, como o nome sugere, é aquela que pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais facilmente adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. Para abranger os outros animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente lembram), essa memória também é chamada explícita. Memórias explícitas chegam ao nível consciente. Esse sistema de memória está associado com estruturas no lobo temporal medial (ex: hipocampo, amígdala).
Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória episódica e a memória semânica. São instâncias da memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória semântica as lembranças de aspectos gerais.
Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos). Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser adquirida, mas é bastante duradoura.
O mecanismo utilizado para o armazenamento de memórias em seres vivos ainda não é conhecido. Estudos indicam a LTP (long-term potential) ou potencial de longa duração como a principal candidata para tal mecanismo. A LTP foi descoberta por Tim Bliss e Terje Lomo num estudo sobre a capacidade das sinapses entre os neurônios do hipocampo de armazenarem informações. Descobriram que um pequeno período de atividade elétrica de alta frequência aplicado artificialmente a uma via hipocampal produzia um aumento na efetividade sináptica. Esse tipo de facilitação é o que chamamos de LTP. Os mecanismos para indução de LTP podem ser dos tipos associativos ou não-associativos.
De forma que a memória é a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).
A LTP apresenta diversas características que a tornam uma candidata muito apropriada para o mecanismo do armazenamento de longa duração. A primeira, ocorre em cada uma das três vias principais mediante as quais a informação flui no hipocampo: a via perforante, a via das fibras musgosas e a via das colaterais de Schaffer. A segunda, é induzida rapidamente e, por fim, depois de induzida ser estável. Isso permite a conclusão de que a LTP apresenta características do próprio processo de memória, ou seja, pode ser formada rapidamente nas sinapses apropriadas e dura por um longo tempo. Vale lembrar que apesar da LTP apresentar características em comum com um processo ideal de memória, não se consegue provar que ela seja o mecanismo utilizado para o armazenamento de memória.
Em relação à LTP na via das fibras musgosas e na via das colaterais de Schaffer, pode-se melhor detalhar da seguinte maneira: As informações recebidas pelo giro denteado do córtex entorrinal são transmitidas para o hipocampo através das células granulares, cujos axônios formam a via das fibras musgosas que termina nos neurônios piramidais da região CA3 do hipocampo. As fibras musgosas liberam glutamato como neurotransmissor. A LTP nas fibras musgosas é do tipo não associativa, ou seja, não depende de atividade pós-sináptica ou de outros sinais chegando simultaneamente, depende apenas de um pequeno surto de atividade neural de alta frequência nos neurônios pré-sinápticos e do consequente influxo de cálcio. Esse influxo de cálcio ativa uma adenilato ciclase dependente de cálcio e calmodulina (tipo1); essa enzima aumenta o nível de AMPC e o AMPC ativa a proteocinase dependente de AMPC (PKA). Essa cinase adiciona grupamentos fosfato a certas proteínas e, assim, ativa algumas e inibe outras. ALTP nas fibras musgosas pode ser influenciada por sinais de entrada modulatórios pela noradrenalina. Esse sinais de entrada ativam receptores aos quais os transmissores se ligam, e esses receptores ativam a adenilato ciclase. O papel da LTP nas fibras musgosas sobre a memória ainda é obscuro.
As células piramidais na região CA3 do hipocampo enviam axônios para a região CA1 formando a via das colaterais de Schaffer. A LTP nestas é do tipo associativa, ou seja, requer atividade concomitante tanto pré quanto pós-sináptica. Assim, a LTP só pode ser induzida na via das colaterais de Schaffer se receptores do glutamato do tipo NMDA forem ativados nas células pós-sinápticas. É importante lembrar que há dois receptores importantes para o glutamato: o NMDA e o não NMDA. O canal do receptor NMDA não funciona rotineiramente pois está bloqueado por íons magnésio que são deslocados apenas quando um sinal muito forte é gerado na célula pós-sináptica. Tal sinal faz com que as células pré-sinápticas disparem em alta frequência resultando numa forte despolarização que expelem o magnésio e permitem o influxo de cálcio. Essa entrada de cálcio desencadeia uma cascata de reações que é responsável pelo aumento persistente da atividade sináptica. Esse achado foi interessante pois forneceu a primeira evidência para a proposta de Hebb que estabelecia que “quando um axônio da célula A (…) excita a célula B e repetidamente ou persistentemente segue fazendo com que a célula dispare, algum processo de crescimento ou alteração metabólica ocorre em uma ou ambas as células, de forma que aumente a efetividade, (eficácia) de A como uma das células capazes de fazer com que B dispare”. Um dos mecanismos responsáveis pelo fortalecimento dessa conexão é o aumento na sensibilidade de receptores AMPA. Outra possibilidade é a redução na reciclagem de receptores AMPA, permitindo que eles permaneçam ativos por mais tempo. Além disso, após uma indução sináptica de LTP, há um aumento na liberação de transmissores dos terminais pré-sinápticos.
À medida que se inicia a fase tardia da LTP, diversas horas após a indução, os níveis de AMPC aumentam e esse aumento do AMPC no hipocampo é seguido pela ativação da PKA e da CREB-1. A atividade de CREB-1 no hipocampo parece levar à ativação de um conjunto de genes de resposta
imediata e esses genes atuam de forma a iniciar o crescimento de novos sítios sinápticos. Estudos mostraram que a PKA, proteocinase, é de extrema importância para a conversão da memória de curta em memória de longa duração, talvez porque a cinase fosforila fatores de transição como a CREB-1, que por sua vez ativam as proteínas necessárias para uma LTP duradoura.
A neuromodulação da memória são acontecimentos que existe nas nossas vidas que não esquecemos jamais. Entretanto, nem tudo que nos acontece fica gravado na nossa memória para sempre. Como o cérebro determina o que merece ser estocado e o que é lixo?
Antes de nos atermos a essas definições, é importante lembrar que a consolidação da memória ocorre no momento seguinte ao acontecimento. Assim, qualquer fator que haja nesse instante pode fortalecer ou enfraquecer a lembrança, qualquer que ela seja. Pesquisas realizadas com ratos comprovaram que durante o treino, ocorre ativação de sistema neuro-hormonais que agem modulando o processo de memorização.
A ß-endorfina parece ser a substância ligada ao esquecimento. Este processo, apesar de algumas vezes indesejável (como numa prova, por exemplo), é fundamental do ponto de vista fisiológico. Afinal, seria inviável a vida sem nenhuma espécie de “filtro” na memória (vide hipermnésia). Outras substâncias, como morfinas, encefalinas, ACTH e adrenalina (as duas últimas em altas doses) facilitam a liberação de ß-endorfina, levando ao esquecimento. É por isso que situações carregadas de stress emocional podem levar à amnésia anterógrafa, que é o que acontece quando, após um acidente de carro, o indivíduo não consegue relatar o que lhe aconteceu minutos antes.
O que determina então se uma informação deve ser armazenada? Quando uma informação é relativamente importante, ela sobrevive ao sistema ß-endorfínico, pois ocorre a liberação de doses moderadas de ACTH, noradrenalina, dopamina e acetilcolina que agem facilitando a consolidação da memória. Contudo, doses altas dessa substância tem efeito contrário pelo bloqueamento dos canais iônicos.
Outra substância fundamental no processamento da memória é o GABA (ácido gama-aminobutírico). Drogas que influenciem a liberação de GABA modulam o processo da memória. Antagonistas ao GABA (em doses subconvulsantes, pois o bloqueio total da ação do GABA pode produzir ansiedade, alta atividade locomotora e convulsões) facilitam a memorização e agonistas (substâncias que mimetizam a ação do GABA) a prejudicam. As benzodiazepinas, os tranquilizantes mais prescritos e vendidos no mundo, facilitam a ação do GABA e, portanto, podem afetar a memória. Existem relatos de pacientes que apresentam amnésia anterógrada após tratamento com benzodiazepinas).
Sabe-se também que antagonistas dos receptores colinérgicos, glutaminérigos do tipo NMDA e adrenérgicos levam a um déficite de memória pois dificultam a ação das substância facilitadoras da memorização no interior da célula.
A serotonina (outro neurotransmissor) exerce importante papel na consolidação da memória a longo prazo, que parece estar ligada a síntese protéica. A serotonina age através de receptores metabotrópicos que aumentarão os níveis de AMP cíclico permitindo a cascata de fosforilação de quinases. Isto aumenta a transcrição do DNA e, consequentemente, síntese protéica.
Os neuropeptídeos também influenciam a memorização. Pesquisas recentes envolvendo a substância P, indicam que ela pode ter efeitos tanto reforçando a memória quando a prejudicando, dependendo do local na qual ela terá atividade.
Por fim, é importante realçar o papel da amígdala na modulação da memória, notadamente do núcleo basolateral. Esta estrutura recebe informações das modalidades sensitivas e as repassa para diferentes áreas do cérebro ligadas a funções cognitivas. Devido a seu papel central na percepção das
emoções, a amígdala participa da modulação dos primeiros momentos da formação de memória de longo prazo mais alertantes ou ansiogênicos e em alguns aspectos de sua evocação. Quando hiperativada, especialmente pelo stress, ela pode produzir os temíveis brancos de memória.
Portanto, amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações. Qualquer processo que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou a sua fixação em memória a longo prazo pode resultar em amnésia.
As amnésias podem ser classificadas em amnésia orgânica causada por distúrbios no funcionamento das células nervosas, através de alterações químicas, traumatismos ou transformações degenerativas que interferem nos processos associativos acarretando uma diminuição na capacidade de registrar e reter informações, ou amnésia psicogênica resultante de fatores psicológicos que inibem a recordação de certos fatos ou experiências vividas. Em linhas gerais, a amnésia psicogênica atua para reprimir da consciência experiências que causam sofrimento, deixando a memória para informações neutras intacta. Neste caso, pode-se afirmar que a pessoa decide inconscientemente esquecer o que a faz sofrer ou reviver um sofrimento. Em casos severos, quando as lembranças são intoleráveis, o indivíduo pode vivenciar a perda da memória tanto de fatos passados quanto da sua própria identidade.
As amnésias podem ainda ser divididas em termos cronológicos, em amnésia retrógrada e anterógrada. A retrógrada é a incapacidade de recordar os acontecimentos ocorridos antes do surgimento do problema, enquanto a anterógrada é a incapacidade de armazenar novas informações a longo prazo.
A depressão é a causa mais comum, porém a menos grave. Denomina-se depressão uma doença psiquiátrica, que inclui perda do ânimo e tristeza profunda superior ao mal causado pelas circunstâncias da vida.
Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma forma de demência. A mais comum é a doença de Alzheimer, na qual predomina a perda gradativa da memória, pois ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de outras partes do cérebro.
A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso abusivo da cocaína ou de outras drogas, lesões vasculares do cérebro (derrames), o traumatismo craniano repetido e outras doenças mais raras também causam quadros de perda de memória.
MEMÓRIAS DE FAMÍLIA
Evangelista Mota Nascimento, proseando com seus pais, no início do século XXI. Foto: Álbum de família.
Numa linda noite de lua cheia do início do século XXI, sentei-me com meus pais em um sofá de sua residência, a qual se localizava na Rua José Bonifácio, nº 565 - Centro, Açailândia, Maranhão, para uma conversa sobre “Memórias de Família”. Minutos depois, minha mãe contou-me que lá pela metade do mês de maio de 1949, época que o vento soprava mais forte e as chuvas cessavam no sertão maranhense, um fenômeno que deixava as terras ressequidas, o que propiciava muitos focos de calor (incêndio no campo), os quais abrasavam toda forragem do solo, formando assim um grande manto acinzentado na floresta dos arredores do Povoado Caxixi, Município de Tuntum, Centro-Oeste do Estado do Maranhão, onde Manoel Mota do Nascimento em cuja ocasião se hospedou na casa de Antônio Ferreira Mota, na intenção de com seus familiares cultivar as terras daquele vale, com: arroz, algodão, feijão, milho, mandioca, cana-de-açúcar, etc.
Num certo dia do mês de agosto daquele mesmo ano, ele saiu mais cedo da roça que cultivava no “Baixão do Caboclo” com intenção de pegar o seu cavalo de sela, que pastava no vale da lagoa do “Piem” para nele dar umas voltas pelas comunidades vizinhas. Quando ele passou pela residência de Raimundo Ferreira Mota, o Coronel “Doca Mota”, viu debruçada na janela da sua casa uma moça, olhando o que se passava ao seu redor. Apesar de não ter com ela falado sequer uma palavra, foi “Paixão à Primeira Vista”. Em casa, num banquinho de madeira, que lá estava no alpendre, ele ficou largo tempo sentado, meditando como escrever um bilhete para a moça que havia visto debruçada na janela de sua moradia.
Enquanto as palavras não chegavam à sua mente, ele foi várias vezes olhar os adereços de sela e campo que estavam pendurados na parede interna da casa onde estava hospedado. Já escurecia, quando alguém da casa anunciou que o jantar estava na mesa. Como ele estava com fome, num prato de esmalte, sua comida colocou e em um tamborete de madeira, coberto com tiras de couro cru se sentou ao redor daquela mesa, para com uma colher de latão, comer aquele apetitoso alimento (feijão, arroz, farinha de mandioca e carne de caça cozinhada no leite de coco babaçu. Foi o bastante para que, na sua boca chegassem as palavras que pretendia escrever no bilhete, o qual ele iria mandar para a moça que havia visto debruçada na janela. Mesmo sem conhecimento da técnica de escrever, em poucos minutos o bilhete ficou pronto, mas faltou-lhe a coragem para entregá-lo.
A chama daquela nova esperança agigantava o desprezo na mente daquele pacato jovem de 21 anos, que pensava em fazer mil coisas ao mesmo tempo, sendo que, a principal delas, era pegar seu cavalo que estava solto no campo. E foi o que ele fez logo que ouviu o primeiro canto do sabiá, que pulava nos galhos das árvores que sombreavam a casa que ele estava hospedado. Quando o dia amanheceu ele encheu um cantil de água potável, pegou um saco de farinha de mandioca e rapadura, pegou o cabresto que estava pendurado no gancho e foi ao campo em busca do seu cavalo Alazão.
Sem lhe ter posto um chocalho, pois deformaria as suas sedosas crinas, pensava ele, como encontrar o animal naquele enorme campo “sapecado” pelo fogo. Diante de tanta dúvida, ele ficou largo tempo sentado em cima de um tronco que existia no terreiro daquela casa, pensando o que fazer. Mas concluiu que deveria percorrer todo o vale que envolvia os principais pontos de pastagem que estavam ressequidos pelo sol e sapecados pelo fogo nos arredores da casa onde estava hospedado. Tomada a decisão, de lá imediatamente saiu andando em direção do Leste.
Já passava do meio-dia e ele não chegava ao fim dos vários morros e baixões remanescentes daquele vale. Por onde passava, via muitos outros animais, porém o seu não estava por lá. Até pensou que ele havia morrido, mas como não viu urubus cruzando os ares, em festa, um sinal de que o animal ainda estava vivo e saudável. Suas esperanças estavam voltadas para um lindo vale que avistou ao passar por um boqueirão (grotas) que desce água da chuva de morro abaixo. Não muito longe dali, ele ouviu o canto de frangos d’água, um tipo de pássaro que vive à margem de lagoas.
Pé de jenipapo plantado pela própria natureza na beira da Lagoa do Piem. Foto: Álbum de família.
Por ter visto muitos “Piem”, um tipo de gavião de barriga branca e costa preta repousando nos galhos de um enorme pé de jenipapo, ele chamou aquele lago de “LAGOA DO PIEM”. Em uma das raízes daquela árvore que estava exposta ao solo, ele sentou-se. Ali, naquela repousante sombra, tirou dos pés as alpercatas, desatou o saco de farinha e começou o seu primeiro desjejum do dia que, descia com o auxílio da água que bebia na boca do cantil e assim, em poucos minutos debelou a fome que atormentava o seu estômago.
Mastigando aquele alimento, o seu olhar se perdia no vale que lhe cercava, o qual estava totalmente enfumaçado, pela ação do fogo que por lá havia passado dias atrás. Os troncos mais grossos ainda fumegavam fortemente, quando de repente, ele ouviu um relincho de um cavalo próximo ao penhasco da serra. Foi o Cavalo Alazão que sentiu o cheiro do seu dono e lá de cima, desceu em disparada até o pé de Jenipapo onde o seu dono estava repousando na sua sobra. Ali chegando, nem foi preciso sacudir a cuia com o milho para atrair o animal, que descia em direção da lagoa à procura de água para beber e pasto para comer. Docemente deixou-se prender com o cabresto confeccionado com alvíssimas fibras de cachimbeiro, uma árvore de porte médio, porém, boa de embira que existia em abundância nos vales do sertão maranhense.
Manoel Mota do Nascimento montado em seu Cavalo Alazão, em 1949. Foto: Álbum de família.
Montado no pelo, horas depois, Manilim chegava esquipando na casa que a moça de sua paixão morava. Na frente da janela que a donzela costumava ficar nos fins de tarde apreciando a sinfonia dos pássaros, ele deu uma paradinha e acenou para ela que lá estava adernada sobre os seus braços. O sinal foi correspondido, assim como o elegante marchar do seu cavalo. Mesmo sem intimidade, do bolso ele retirou o bilhete e para ela entregou, dizendo: “Leia, reflita e dê-me uma resposta o quanto antes possível do que aí está escrito”. No cabresto do seu animal ele deu uma sacudida e saiu em disparada até a casa em que estava hospedado, aonde esperou a resposta da moça com muita expectativa, a qual foi dada no dia seguinte. Como foi positiva, Manilim foi com seu padrinho Antônio Ferreira Mota à sua casa para com seus pais ajustarem o casamento. Lá chegando, com eles teve uma longa conversa sobre o assunto em epígrafe e o casamento ficou marcado para se realizar no dia 29 de outubro de 1949, dia aquele que o Pároco da cidade de Curador chegava àquele lugar para celebrar missa, batizar, crismar e consagrar crianças e casar pessoas adultas. A partir de então, o Coronel Doca Mota reservou alguns animais de sua cria (porcos, cabritos e frangos), para o jantar que pretendia servir aos convidados no dia do casamento de Maria Tomás Mota com Manoel Mota do Nascimento. Convidou também pessoas da redondeza, contratou um sanfoneiro de fama e construiu com palha de coco babaçu, na frente de sua casa, um enorme galpão para acomodar os convidados.
Noivos montados em jumentos de sela. Foto: Álbum de família.
No dia e hora marcada o padre Antônio Portela Tavernole (Aniceto), com era conhecido, chegou ao Caxixi. Na casa do senhor Anastácio Ferreira de Araújo ele se hospedou e rezou o sermão da noite na presença de toda comunidade. Acontece que no finalzinho do sermão apareceram por lá dois homens totalmente embriagados, o fato desagradou o padre, o qual, logo que terminou a sua homilia, pegou o seu animal que pastava no terreiro daquela casa, selou e foi embora para o Cocalinho, um povoado que ficava cerca de uma légua dali, onde no dia seguinte, ele rezou a missa, batizou, crismou, consagrou e casou vários noivos, na Capela Nossa Senhora da Alegria.
Padre celebrando casamento em uma igrejinha do interior do Maranhão. Foto: Álbum de família.
Diante de tais circunstâncias, Manoel e Maria, familiares e amigos montaram nos seus animais (jumentos e cavalos), os únicos meios de transporte que existiam por lá, naquela época, e foram ao Cocalinho, aonde chegaram por volta das 11 horas, mesmo assim, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santos o padre “Aniceto” os consagrou “marido e mulher, até que a morte os separe”.
Após a bênção do sacerdote, noivos e comitiva retornaram ao local onde iria ser comemorado aquele enlace matrimonial, com muita comida, bebida e música de sanfona, triângulo e zabumba. No momento que todos dançavam, apareceram por lá dois estranhos cavalheiros, muito bem trajados e mesmo sem serem convidados adentraram o salão de festa e, sem nenhuma cerimônia, um deles tirou dos braços do noivo a sua amada esposa para com ela dançar um merengue que o cego Ferreirinha tocava no seu acordeom de 08 baixos. A intenção dos dois estranhos não era dançar aquela parte com a moça, mas conquistá-la e convencê-la a fugir com eles para um lugar distante dali, naquela mesma noite, o que não foi possível.
Primeira casa de Manoel Mota do Nascimento e Maria Tomás Mota. Foto: Álbum de família.
Quando terminou a comemoração, Manoel e Maria foram morar em uma casinha que já haviam construído com madeira de lei: aroeira e conduru; o piso era de chão batido e as paredes, portas e cobertura com palha de coco babaçu. Durante o dia era iluminada pela luz do sol, no período da noite era a lua e um candeeiro de azeite quem faziam a sua iluminação, cujo candeeiro ficava pendurado na forquilha central da casa. A água de beber e cozinhar vinha do brejo, a qual era transportada em cabaça. Quando em casa chegava era coada e colocada em um pote de barro, que ficava numa forquilha de 03 ganchos. Os copos eram de flandres (latas pequenas), porém tudo muito bem asseado. A cama do casal era um jirau construído com talos de coco babaçu, porém forrada com esteira de palha de buriti. As roupas ficavam penduradas em uma corda de embira. Sabonete, escova e pasta de dentes não existiam, a higiene corporal e de suas vestes eram feitas com sabão de coco e bucha de paulista confeccionada por eles mesmos. O café da manhã era adoçado com rapadura e consumido com farinha de puba fabricada ali mesmo. Depois daquela merenda, um cigarro de palha era preparado com fumo de corda, aceso no tição e fumado antes de partirem para a roça, uma rotina que nunca parava. Mesmo assim, eram felizes e por assim serem, o enlace matrimonial dos dois se encaixou perfeitamente nas aceitações mútuas e nos momentos de concepção, definindo-se onze gravidezes.
Maria Tomás Mota gestante do seu primeiro filho, em 1950. Foto: Álbum de família.
Os sintomas da primeira gravidez de Maria deram-se no mês de dezembro de 1949. Aquilo causou felicidade e sorriso ao casal. A partir de então, eles contavam nos dedos das mãos o dia e hora que o bebê iria nascer.
Não havia médico para fazer o pré-natal da gestante. Damiana, uma parteira amiga da família, foi chamada para dar as instruções necessárias de como aquela futura mamãe deveria se preparar para o dia do nascimento do menino e como fazer o enxoval da criança. De parto normal ele nasceu com três palmos de comprimento e cerca de quatro quilos de peso, às 14 horas do dia 27 de agosto de 1950. O seu cordão umbilical foi cortado com uma tesoura comum e sem ser esterilizada, mas, graças ao Grande Arquiteto do Universo nenhuma infecção lhe aconteceu. A placenta e parte do seu cordão umbilical foram enterrados debaixo do batente da porta da casinha na qual ele viu o mundo pela primeira vez. Minutos depois ele foi limpo e colocado nos braços da sua mãe para dela receber os primeiros carinhos e mamar o leite materno o qual lhe alimentou por dois anos.
Evangelista Mota Nascimento deitado numa rede de algodão, em 1950. Foto: Álbum de família.
Seu corpinho, antes molengo, ficava cada dia mais firme sobre sua redinha de algodão, onde dormia o tempo todo. Com um mês, já conseguia movimentar a sua cabecinha, exercitava os seus bracinhos e perninhas.
Evangelista Mota Nascimento sendo batizado na Igreja Nova Alegria, Povoado Caxixi, Município de Tuntum, Maranhão. Foto: Álbum de família.
Quando o menino tinha 52 dias de vida, ou seja, no dia 17 de outubro de 1950, frei Aniceto retornou pela segunda vez à Capela Nova Alegria, para celebrar missa, batizar, crismar e casar pessoas. Na oportunidade o menino foi por seus pais levado à pia batismal, daquela comunidade, para receber do vigário celebrante, o batismo e o nome de EVANGELISTA MOTA NASCIMENTO. Seus padrinhos de batismo, consagração e crisma foram: Raimundo Ferreira Mota, Viturina Rosa da Silva Mota, José Raimundo Mota de Sousa e Joaquim Raimundo de Sousa, respectivamente.
DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento de Evangelista deu-se gradativamente. Aos três meses de vida ele começou a se rolar na rede que dormia. Tudo era motivo de alegria para os seus pais, no entanto, começavam ali as suas primeiras dificuldades e sofrimentos. Antes que ele completasse o 4º mês de vida, sua tia Maria Mota da Silva deitou-se com ele dentro da redinha que dormia. Como a corda era fraca, em um instante ela se rompeu e os dois foram parar no chão, mas nada de grave, apenas um susto e pequenos aranhões corporais.
Com seis meses, ele conseguiu ficar sentado em uma cadeira enrolada com pano, fincada no meio da casa que morava. Ali ele ficava o dia todo olhando as galinhas com seus filhotes passeando ao seu redor. Enquanto isso sua mãe cuidava do almoço, jantar e dos demais trabalhos de uma dona de casa.
Aos sete meses começou, a engatinhar. Eram os seus primeiros passos que dava ao redor das coisas que lhe cercavam. De “boinho” ele saía se arrastando pelo chão à procura de alguma coisa para pegar. Não parava quieto um só instante, mexia em tudo que seus olhos viam e suas mãozinhas alcançavam, começava então a mostrar o que era capaz de fazer no decorrer do seu desenvolvimento.
Entre o oitavo e o nono mês nasceram os seus primeiros dentinhos e começou a pronunciar as suas primeiras palavras, “papai e mamãe”.
No percurso de dez a doze meses ele conseguiu ficar de pé e dar os seus primeiros passos. Era tudo motivo de festa, daí em diante só queria correr, subir nas coisas, a ter espaço e liberdade, não importando os obstáculos que encontrava pela frente, queria viver sua independência. A partir de então, ele começou a mostrar as suas travessuras: subir nas paredes para tirar algumas coisas, com as quais se machucava, mas nada de muito grave, eram apenas ferimentos leves. Pegava também, os pintos que passavam por perto de si e espremia-os até que seus intestinos saíssem pelo bico, sentava dentro do “quibane” de arroz, que sua mãe catava as escolhas. Montava nas pequenas criações e subia nas árvores frutíferas do quintal de sua moradia para tirar frutos. Para conter estas e outras travessuras, sua mãe tomou algumas atitudes radicais, amarrava-o com uma cordinha de algodão no pé da forquilha de cumeeira, ali ele ficava o dia inteiro brincando com cabacinhas, sabugo, jatobá e outros brinquedos da sua época de criança.
Sobre trabalho, Evangelista tem boas lembranças. Quando ele tinha cinco anos de idade, seus pais mandaram-lhe tanger passarinhos que comiam as plantações que eles cultivavam na roça. Com lata cheia de pedras, roncadeira feita de cabaça. A barulheira que ele fazia com aqueles objetos espantava a bicharada. Ajudava também a brocar, cortar, cercar, encoivarar, capinar, plantar e colher arroz, milho, feijão, fava, algodão e mandioca. No engenho tangia boi, moía cana, carregava lenha e cana, botava bois e jumentos para pastar no palheiro. Na casa de farinha descascava e ralava mandioca no caititu, prensava e peneirava massa. No campo pastoreava os caprinos, porcos e jumentos. Na oficina, fazia lamparinas, sapatos, tamancos, selas e outros artefatos de flandres, madeira, couro e ferro. Nos fins de semana e feriados caçava com cachorro e espingarda pelas matas dos arredores de sua casa.
A roupa que vestia não passava de uma toroca (calça curta, a bermuda dos dias de hoje) confeccionada com mescla, o jeans da atualiade e a camisa de riscado. O calçado era alpercatas de couro cru.A rede de dormir e o cobertor eram de algodão fiado em fuso e tecido no tear artesanal. Como a maioria dos meninos só tinha uma muda de roupa, ao ficar suja eles tiravam e deixavam em cima da tábua nas quais suas mães lavavam roupas sujas no brejo, enquanto isso eles ficavam nus escondidos dentro do mato.
A falta de conhecimento sobre a higiene pessoal, o baixo teor de caloria e nutrientes dos alimentos que consumia certamente contribuiu para a perda de boa parte dos seus dentes, o que fez com que, ainda muito jovem, usasse prótese dentária.
Por fim, passou fome e tomou muitas surras de chibata, cipó, palmatória e outros artefatos torturantes. Contraiu também, vários tipos de doenças, como por exemplo: Verminoses, diarreias, catapora, coqueluche, lechimaniose, malária, sarampo, turbeculose, dengue, cáries dentárias, entre outras, porém todas tratadas com remédios caseiros.
VIAGENS
Em capítulos anteriores foi relatado que a memória envolve extraordinárias lembranças de longuíssimo prazo, ou seja, aquela que engloba acontecidos históricos, há muitos anos atrás.
Por ser um homem de boa memória, Evangelista faz, aqui, um breve relato das viagens que fez em julho de 1952, maio de 1955, outubro de 1966, fevereiro de 1969, junho de 1970 e dezembro de 1972.
Mesmo tendo apenas um ano e onze meses de idade, com clareza ele se lembra, que no amanhecer de um lindo dia do mês de julho de 1952, seu pai levantou-se, cedo, da rede na qual dormia, atada debaixo de uma humilde casinha coberta e tapada com palha de coco babaçu e piso de chão batido, calçou as alpercatas de couro cru, colocou o chapéu de couro na cabeça, pegou no gancho o cabresto e foi ao campo buscar um jumento preto. Ao Nascer do sol, ele em casa chegou montado “em pelo” no Jegue. Na cocheira amarrou o animal, colocou no seu lombo uma cangalha e um jogo de jacá (balaios construídos com fibra de tabocas), em seguida montou-me naquele animal e com minha avó Viturina Rosa da Silva Mota e o tio Pedro Raimundo Mota de Sousa, saímos por uma estradinha vicinal, em direção do Sul.
Quando o sol se escondeu no Morrinho, serra que dava nome ao lugar que moravam os avós paternos de Evangelista, ele avistou um enorme cruzeiro fincado no topo mais alto do morro. Do lado uma extensa grota, cercada com estacas de candeia, em seguida avistou uma casa coberta com palha de coco babaçu e paredes de taipa, rebocadas e pintadas de branco. Na porta daquela casa o jumento que ele estava montado foi interceptado por Niomisa de Sousa Mota, Rita de Sousa Mota e Francisco Raimundo de Sousa Mota, os quais lhe tiraram daquela desconfortável montaria com abraços e beijos. Conclui-se ali a sua primeira viagem, a qual teve um percurso de 10 léguas. Lá, ele ficou vários dias sendo paparicado por seus parentes.
Sobre o seu retorno ao Caxixi, local que morava com seus pais, nada ficou registrado na sua memória.
No final de um ensolarado domingo do mês de maio de 1955, seus pais colocaram nas costas alguns utensílios de casa e os filhos: Ana de um ano e 10 meses e Antônio Euclides de um ano e dois meses e determinaram que Evangelista seguia-os a pé por uma estradinha vicinal em direção do sul, puxando a cachorrinha Faceira e a cabra Mimosa, para colher a roça que haviam feito na cabeceira do Riacho Caxixi, que ficava cerca de meia légua do lugar que moravam.
Na cabeceira se acomodaram debaixo de um barraco de 20 metros quadrados, construído com pau-a-pique, piso de chão batido, paredes e cobertura de palha de coco babaçu. Mesmo rústica, naquela casinha, Evangelista morou com seus pais e seus outros dez irmãos até o dia 20 de fevereiro de 1969. No decorrer desse período ele teve apenas alguns fins de semana para brincar de esconde-esconde, casinha na roça, burrinha, gangorra, jogo de pião, carrapeta, cavalo de pau, passarinhar com badogue, estilingue, arapuca, mundé e quebra-cabeça (armadilhas para a captura de pequenos animais silvestres). O seu tempo para estudo e diversões, também foi reduzido. Todo o seu tempo de criança, adolescente e juventude foi dedicado aos pesados trabalhos da roça, do engenho e da caça de sobrevivência.
No ano de 1962, o Coronel Doca Mota, seu avô materno, contratou o professor Ricardo de Sousa Barros para ensinar a meninada do Caxixi a lerem e escreverem as primeiras letras do ABC, cujas aulas começavam às 7 horas de 2ª a 6ª feira, até as 12 horas, que perdurou por dois meses. O motivo de aquelas aulas terem se extinguido tão precocemente, eu não sei.
No ano seguinte foi contratado o professor Luís da Silva Neto e sua filha, a professora Sebastiana da Silva Filha, que se desentenderam com a aluna Merenciana de Sousa Mota, 28 dias depois que as aulas haviam iniciado e, sem nenhuma explicação, os dois foram embora para lugar ignorado. Um mês depois, a professora Nilde Amorim da Costa foi contratada, a qual ficou três meses ministrando aulas para a molecada.
Em maio de 1964, o professor Antônio Araújo Carvalho Silva foi contratado para ensinar matemática para cerca de 20 meninos, na residência dos pais de Evangelista, que com ele e seus colegas estudaram mais uns dois meses.
Os métodos de ensino destes mestres eram rigorosos. Os alunos, ao chegarem ao local onde eram ministradas as aulas, faziam continência aos professores pediam-lhes a bênção e, em fila indiana, ficavam em forma para cantarem em uma só voz, o Hino Nacional e rezavam o Pai Nosso. Em seguida, sentavam-se nos tamboretes de madeira que traziam de casa.
Nos fins de semana, eles davam a lição oralmente. Terminadas as leituras, começava o argumento, um tipo de teste de conhecimento. Os professores cobriam algumas letras da carta de ABC com um papel furado e mostrava aos alunos, os que errassem apanhavam de palmatória e ficavam de castigo até o fim da aula.
Foram colegas de aula de Evangelista: Acrísio de Sousa Mota, Antônio Ferreira de Sá, Isaura Ferreira da Silva, José de Sousa Mota, João Artur de Andrade Mota, João Batista Neres Mota, José Neres Mota, José Ribamar de Andrade Mota, Leontino Fernandes da Silva, Manoel de Sousa Mota, Merenciana de Sousa Mota, Maria de Fátima da Conceição Moreira, Maria Virgem da Silva, Maria da Paz Silva, Nazior Cearense, Pedro Silvério, Raimundo Ferreira de Sá, Renato de Sousa Mota, Rita Ferreira de Sá, Rosemeire da Conceição Moreira e Rosilda da Conceição Moreira.
A sua terceira e mais emocionante viagem deu-se por volta das 15 horas do dia 3 de outubro de 1966. Nesta data, Evangelista levantou-se cedo da rede que dormia, tomou café com farinha de puba, amolou a foice, encheu a cabaça de água e foi concluir o broque de sua roça. Por volta das 13 horas o serviço foi concluído, em seguida retornou para casa, onde encontrou estacionado no pátio da casa de seus pais um caminhão carregado com toras de cedro e três estranhos sujeitos sentados em uma travessa que seus pais haviam colocado no alpendre da casa. Os três ele cumprimentou e foi ao brejo tomar banho para poder almoçar arroz com fava cozinhada no leite de coco babaçu. No decorrer do almoço os três estranhos cidadãos abordaram-lhe, dizendo:
- “Compramos do seu pai uma “carrada” de madeira por CR$ 18.000,00 (dezoito mil cruzeiros), cujo pagamento só podemos fazer daqui a uma semana. Depois que o caminhão estava carregado o velho não aceitou a nossa proposta, diante do impasse, sugerimos a ele, que mandasse você conosco a São Luís para receber o dinheiro. Sobre o seu retorno, prometemos dar-lhe uma passagem de ônibus até São Domingos do Maranhão e alimentação que você necessitar no decorrer da viagem de ida e volta à capital do Estado”.
O que foi combinado entre meus pais sobre esta proposta não há lembranças, sabe-se apenas, que o sol já se escondia na floresta que embelezava aquele vale, quando vesti uma bermuda de mescla, uma camisa de riscado, calcei um par de alpercatas de couro cru e num lençol de algodão enrolei uma muda de roupa, subi na carroceria do caminhão, entre as toras de madeira me acomodei e por uma estradinha vicinal, repleta de buracos e tombadores de areia, seguimos viagem em direção do norte, sem um só tostão no bolso.
No amanhecer do dia seguinte, chegamos a São Domingos. Lá, a madeira foi despachada pelo fiscal de plantão do posto de arrecadação de tributo do Estado, em seguida a viagem continuou até Peritoró, por uma estrada empiçarrada, repleta de ondulações, poeira e buracos. De Peritoró a São Luís,
a estrada estava asfaltada, portanto, melhorou a viagem. Em São Luís chegamos ao amanhecer do segundo dia de viagem. No pátio da madeireira Santa Maria o caminhão estacionou, a madeira foi medida e refugada por seus proprietários. Como os sujeitos não tinham dinheiro para pagar o frete ao proprietário do caminhão, uma discussão entre eles começou. Já era fim do dia, quando alguém indicou a Marcenaria Armando do Bom Milagre, que estava precisando de madeira para a conclusão de algumas encomendas e para lá se foram, com quem o proprietário do caminhão fechou negócio, por 24.000,00 (vinte quatro mil cruzeiros), sendo 18.000,00 (dezoitos mil cruzeiros) para Evangelista e 6.000,00 (seis mil cruzeiros) para o proprietário do caminhão, só que para o dia 09 do mês seguinte.
Depois do acordo fechado, Evangelista sentou-se na calçada e lamentou. - “O que será de mim neste lugar, aqui não conheço ninguém, não tenho dinheiro e nem lugar para ficar até receber a conta”. Naquele momento de lamentação, passava por aquele lugar um senhor de cabelos grisalhos, que se identificou com o nome de Raimundo Sales, o qual lhe convidou para ficar na sua casa até que as coisas fossem resolvidas. Como nada mais poderia ser feito, o convite foi aceito. Na Rua Nova, nº 02 - Bairro Camboa, Evangelista dormiu 20 noites em cima de um sofá.
No dia seguinte, ele saiu andando pelos trilhos da estrada de ferro São Luís/Teresina, não muito distante, encontrou o canteiro de obra da Construtora Itapoã, a qual construía a Ponte Governador José Sarney. Ao engenheiro responsável pela obra ele pediu serviço. Como não tinha nenhuma especialidade, o que pode conseguir foi lavar pedra de seixo para o preenchimento dos pilares de sustentação da ponte, em cujo trabalho ganhou CR$ 18,00 (dezoito cruzeiros), com o qual pagou o aviso que colocou na rádio Timbira, informando a seus pais a situação que se encontrava em São Luís. Comprou também, alguns pratos de comida e a passagem de volta para São Domingos, a cidade mais próxima do lugar que morava com seus pais.
No dia e hora que o marceneiro Armando do Bom Milagre pagou a conta, ele foi à estação rodoviária, que ficava no centro da cidade, lá comprou uma passagem de ônibus e por volta das quatro horas do dia 10 de novembro do mesmo ano (1966), ele embarcou no Expresso Sertanejo. Em São Domingos, chegou ao final daquele mesmo dia. Na residência do amigo João Donas dormiu. No dia seguinte, embarcou em um caminhão que ia buscar arroz no povoado Lagoa de Baixo, aonde chegou no início da noite, lá dormiu na casa do amigo Hortelino Ferreira Batista. No amanhecer do dia 12, ele saltou da rede que dormia e, a pé, seguiu viagem por uma estrada vicinal até o Caxixi, aonde chegou por volta do meio dia. Quando em casa chegou, encontrou seus pais aflitos, pois já fazia mais de meses que ele havia saído de casa, para lugar desconhecido, sem roupa e dinheiro suficientes.
Depois dos cumprimentos, ele contou para seus pais e irmãos tudo que havia acontecido, em seguida deu-lhe o dinheiro que havia recebido da venda da madeira, o qual foi muito bem guardado e depois empregado em outros bens materiais da família.
Por volta das quatro horas do dia 20 de fevereiro de 1969, Evangelista levantou-se da rede que dormia, calçou as alpercatas, arregaçou a calça, botou na cabeça o chapéu de couro, na cinta o facão e foi ao paiol de legume apanhar uma cuia, milho e o cabresto. Em seguida se dirigiu à quinta que seu cavalo de sela pastava. Como o capim estava orvalhado devido à neblina que caía naquela noite, de cima da porteira ele debulhou o milho dentro da cuia e sacudiu. O ritual era tão conhecido que o cavalo ao ouvir aquilo, veio até à porteira e, sem nenhuma resistência, recebeu na sua cabeça o cabresto e serenamente veio para a cocheira, ali aquele animal foi amarrado e selado.
Nos bolsos da carona ele botou roupas e calçados, nos alforjes farofa e rapadura, em seguida pediu bênção aos seus pais, de quem recebeu as recomendações familiares. Dos seus irmãos, apenas se despediu e partiu montado naquele cavalo marchador, em direção da cidade que havia escolhido para morar, estudar e trabalhar. Por uma estrada vicinal, a mesma que ele havia viajado em 1966, em cima de uma carrada de madeira, o seu cavalo batia os cascos no chão sem parar, o que produzia ondas
sonoras que vibravam nos seus ouvidos, como se fossem uma bela música clássica e assim foi em todo percurso da viagem.
Ao pino do sol, na casa de Pedra, um lugarejo que ficava cerca de seis léguas de onde tinha partido, chegou, em um tronco que havia no pátio daquela velha casa construída com pedras e coberta com cavaco de madeira o cavalo foi amarrado e dos seus donos um balde pediu para retirar do poço, que tinha mais de 120 palmos de profundidade, água para dar de beber ao animal, que espumava de sede. Depois que saciou a sede do seu cavalo, um pouco de milho colocou na cocheira para ele comer e dos alforjes retirou a farofa e a rapadura e fez seu desjejum.
Saciada a sede e fome do cavalo e a sua também, daquele lugar ele se retirou para o destino traçado, aonde chegou ao fim da tarde. Lá ele não conhecia ninguém, mesmo assim pediu abrigo na residência de uma bondosa viúva, a senhora Cláudia Cardoso, que atendia pelo apelido de “Eriquita”, que aparentava ter 50 anos de idade. Um tanto desconfiada com a presença daquele forasteiro, que sem acanhamento pedia-lhe hospedagem. Ela olhou no seu rosto e viu que era boa gente e, sem mais demora, ordenou-lhe que, na sala principal ele colocasse a sua bagagem, enquanto arranjava um lugar para morar e trabalhar na sua profissão de dentista protético naquela cidade.
No momento que arranchava naquela casa, passou por ali um agregado do seu avô, para quem ele entregou o cavalo devidamente arreado, para que ele o levasse de volta a seus pais. Depois que tudo estava arrumado, ele tomou um banho de chuveiro, o primeiro de sua vida, pois onde morava, água só no riacho e nos cacimbões. Em um gancho da sala armou a redinha e nela se deitou e, por estar enfadado, logo adormeceu, ao claro de uma lâmpada elétrica, coisa que ele havia conhecido em São Luís, quando tinha feito a sua segunda viagem.
Portanto, não é estranho dizer, que o ato ou efeito de aprender alguma coisa no interior, especialmente para as crianças, adolescentes e juventude começa muito cedo. Lá, o exercício ou prática inicial do aprendizado dá-se no pesado serviço do roçado. A matéria aprendida é a do respeito estabelecido pelos mais idosos, cujos ensinos tem como exemplo até os dias de hoje em todos os seus afazeres, sejam eles: familiares, profissionais ou sociais.
Lá pelas tantas do mês de julho de 1971, ele ficou de férias da escola que estudava a 4ª série do Ensino Fundamental. Como já havia planejado visitar, naquele período, alguns engenhos nos quais trabalharam pessoas da sua parentela, uma semana antes do encerramento das aulas, ele começou a arrumar a mala, nela colocou objetos pessoais, ferramentas para procedimento clínico bucal e materiais para a confecção de prótese dentária. Botou também acessórios para consertos de pneus e pequenos reparos na bicicleta que iria viajar pelo sertão em busca de informação dos seus ancestrais.
Por volta do meio dia de uma linda sexta-feira, ele agasalhou, na garupa de sua bicicleta, a sua bagagem, que pesava cerca de 60 quilos e da Rua Major Delfino Calvo saiu em direção do leste pedalando a sua magrela. Subindo e descendo morros, por uma estrada de piçarra chegou a Colinas do Maranhão. Lá, ficou hospedado na residência do coronel Ricardo Mozinho Filho, um rico fazendeiro das encostas do rio Itapecuru, em cuja região os coronéis Bento Carreiro, Júlio Guimarães, Lucas Coelho, Ricardo Mozinho e Sal Moreira, tiveram grandes propriedades rurais e engenhos de fazer cachaça e rapadura. Entre tantos, destacam-se os engenhos: Jenipapeiro, Conceição, Charel e Mirador, nos quais trabalhavam Antônio Ferreira Mota, Domingos Leandro, Estevão Ferreira de Sousa, Feliciano Alves Costa, Francisco Alves Costa, Furtuosa Alves Costa, Lino Gonçalves do Nascimento, Lourença Alves Costa, Manoel Alves Costa, Miguel Ferreira Mota, Militoa Alves Costa, Raimundo Runque Seterbile, Vicente Ferreira Mota, Vicente Inácio Pereira e Vicente Ferreira de Sousa.
Depois, ele foi ao engenho Mutuca, instalado à margem direita, sentido norte-sul do rio Alpercata, conversar com sua avó e madrinha Viturina Rosa da Silva Mota, que disse: “No início da penúltima década do século XIX, meu pai, saiu da sua terra natal, região dos Inhamuns, em direção do
Maranhão. Nos engenhos Jenipapeiro, Conceição, Charel e Mirador ele ensinou índios Timbiras e Canelas a fazerem cachaça e rapadura. Depois foi para o Jenipapo do Resplande, cabeceira do rio Alpercata, onde montou o seu próprio engenho.
Ainda no século XIX, ele construiu com talos de buriti, uma balsa e, com ela desceu navegando pelas sinuosas curvas e cristalinas águas do rio Alpercata até a uma linda praia que ele batizou com o nome de “Barrinha”. Nas ingazeiras de sua margem amarrou a embarcação que viajava. Ao tocar em terra firme foi atacado por um enxame de “Mutucas”, um tipo de mosca que pertence à família Tabanídea, que tem cabeça volumosa, olhos grande, antenas curtas, aparelho bucal tipo ventosa, situado na ponta da tromba, uma perfeita adaptação para picar e sugar sangue, sendo a picada bastante dolorosa. Mudam o ponto de sucção frequentemente, do qual escorre sangue, devido às propriedades anticoagulantes de sua saliva.
A mutuca é um animal que tem hábitos diurnos; não gosta de separar-se das águas nem costuma adentrar nas habitações humanas ou estábulos. Elas preferem picar os animais ao ar livre. É comum que elas apareçam em grande número com tempo chuvoso ou após os aguaceiros do verão. A maioria das espécies tem alcance de vôo de vários quilômetros e por serem hematófagas, podem transmitir vários tipos de doenças aos animais que picam. Por esta e outras razões, ele chamou aquele vale de “Mutuca”.
Tomar banho, mergulhar e saltar lá de cima das árvores nos remansos formadores de praias no rio Alpercata é indispensável às pessoas que a visitam. Até aquela época, suas águas eram totalmente despoluídas, os peixes brincavam com os banhistas de forma amistosa. Terra que para uma moça se casar teria que ter a permissão dos seus genitores, os quais ajustavam o casamento com bastante antecedência. Sobre isso a avó Viturina falou do seu primeiro e segundo casamento. Sentada ao seu lado, num banquinho que estava escorado na parede que dava visão para o Morro das Barreiras e Praia da Barrinha, ela disse:
- “Numa certa manhã de sol ardente do mês de maio de 1927, apareceu na casa da minha mãe dois cavalheiros devidamente a caráter. Em um tronco de aroeira, fincado no terreiro eles amarraram os seus animais, em seguida conversaram com a minha mãe sobre o ajuste do casamento com o viúvo Manoel Gonçalves do Nascimento, para o dia 18 de julho. Desde então, o enxoval foi encomendado e confeccionado pelas mãos das moldistas da região (vestido, anágua, grinalda e outros acessórios), roupa aquela que a noiva só podia ver no dia do casamento.
- No dia e hora marcada, montados em jumentos, ela e seus familiares chegaram ao Leandro, local onde iria ser celebrado o casamento. Depois que amarraram os seus animais em troncos de árvores espalhados pelo pátio da casa, foram assistir à missa, batizados, crismas e consagração de crianças. Após tudo aquilo é que os noivos foram chamados ao altar. Todos se ajoelharam para receberem do padre celebrante um longo sermão, que foi recheado de recomendações. O primeiro a ser interrogado foi Manoel Gonçalves do Nascimento, a quem o padre perguntou:
- Você aceita receber a senhorita Viturina Rosa da Silva Mota como sua legítima esposa, na alegria, na saúde, na tristeza até que a morte os separe? Como a resposta foi “SIM”, a partir daí é que fiquei sabendo quem era o meu futuro marido. Em seguida o padre me perguntou: a senhorita Viturina Rosa da Silva Mota aceita receber o senhor Manoel Gonçalves do Nascimento como seu legítimo esposo, na alegria, na saúde, na tristeza até que a morte os separe? A minha resposta também foi “SIM”. A partir de então, foi que ele ficou sabendo quem iria ser a sua esposa e assim fomos casados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
- Depois que todos receberam a bênção do celebrante, nós fomos para a fazenda Maravilha, onde os pais dos noivos recepcionaram a todos com uma grande festa: comida de vários tipos e música de acordeom rolou até o raiar do dia seguinte. Quando terminou a festa, cada um foi para a sua casa
viver e constituir família. Eu com meu marido vivemos somente 30 dias, pois na semana seguinte ele adoeceu de sarampo, uma doença grave, que o levou a óbito no dia 18 de agosto do mesmo ano.
- Por causa do sentimento, somente dois meses depois é que notei que estava grávida. Com ajuda da minha mãe sofri de desgosto até o menino nascer, em 12 de março de 1928, o qual foi batizado com o nome de Manoel Mota do Nascimento. Três anos depois me casei novamente com o viúvo Joaquim Raimundo de Sousa, com quem geramos 8 filhos: José Raimundo de Sousa Mota, nascido no dia 9 de outubro de 1931; Antônio Raimundo de Sousa Mota, nascido no dia 7 de março de 1933; Raimundo Mota de Sousa, nascido no dia 5 de dezembro de 1935; Pedro Raimundo de Sousa Mota, nascido no dia 5 de fevereiro de 1937; Maria da Paz Mota de Sousa, nascida no dia 31 de agosto de 1943; Francisco Raimundo de Sousa Mota, nascido no dia 16 de janeiro de 1945; Niomisa de Sousa Mota, nascida no dia 12 de novembro de 1946 e Rita de Sousa Mota, nascida no dia 12 de novembro de 1948”.
Impressionado com tantas informações, o aventureiro pesquisador resolveu ficar mais um dia naquele lugar para conhecer de perto os monumentos que sua avó informava ter naquele vale. Acompanhado dos seus tios, no amanhecer do dia seguinte, foram ao Morro das Barreiras, um lugar de difícil acesso, pois tem mais de 500 metros de altura e cerca de uma légua de circunferência. Lá em cima, o vento era muito forte e quase não tinha vegetação, somente alguns pés de orquídeas penduradas pelas rochas formadoras daquele enorme monumento de tabatinga. Segurado numa cruz de madeira que a comunidade local havia fincado no alto do morro, onde estavam sepultados vários entes queridos, eles ficaram meditando sobre tanta beleza criada pela natureza. Naquele momento passou por sua cabeça o que havia feito o profeta Habacuque, quando subiu em uma torre de uma fortaleza para se apresentar ao Senhor Deus.
Saciado de tanta beleza e boas meditações, ele e seus guias desceram o morro e foram banhar na praia da Barrinha. Depois daquele inesquecível banho e do almoço, ele viajou para o povoado Leandro, onde pernoitou e conversou com outros parentes. Entre tantos, destacam-se a senhora Maria Ferreira do Nascimento, João Ferreira do Nascimento, Raimundo Melo de Sousa e Cecília Messias de Sousa, os quais contaram que no início do século XX, apareceu na fazenda Maromba, uma alma pedindo esmola para a “Farra do Judas”.
Aquela aparição deixou toda a comunidade alvoroçada e assombrada, menos o vaqueiro Cândido, que batia no peito dizendo para o seu patrão, o capitão Estevão Ferreira de Sousa:
“Esta história de alma, lobisomem e Bicho Tibungo é só enchimento de linguiça, isso não existe”.
Acontece que o Messias Ferreira de Sousa, um menino de 10 anos, vendo aquilo, resolveu fazer um Juda que foi vestido com roupas rasgadas e outros adereços esfarrapados. Montado em um jumento, que levava no pescoço um enorme chocalho e no escurecer do Sábado de Aleluia, ele saiu de dentro daquela marmota pela comunidade batendo palma nas portas. A primeira casa a ser visitada foi a do vaqueiro Cândido, que ao ver aquilo pedindo esmola para uma alma que estava em trevas, o vaqueiro correu de casa aos prantos e só parou quando caiu dentro do riacho. Naquelas alturas ele já estava todo “breado”, com aquilo mesmo, que você pensou (massa alimentar desidratada pela combustão estomacal).
Aquela brincadeira foi o bastante para virar tradição cultural da comunidade leandrense, principalmente dos Motas que lá residem. Todos os anos eles confeccionam Judas, que são montados em jumentos e saem pelas casas de toda redondeza, colhendo prendas (rapadura, cachaça, arroz, farinha, galinhas, perus, leitoas e outros mantimentos), para a festa, as quais são preparadas e comidas por todos, no Sábado de Aleluia, dia da ressurreição do nosso Senhor Cristo Jesus.
Do Leandro ele foi para o Escondido do Tainor, onde pernoitou na casa do professor Luciano Gomes de Melo, o sujeito que havia lhe visitado no dia 27 de agosto de 1966, no povoado Caxixi e ensinado a profissão de dentista protético, o qual lhe disse:
“Em todo Estado do Ceará, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Maranhão existem pessoas com sobrenome Mota, os quais vieram da Itália, Portugal e da França para o Brasil, em busca de mineração e terra para o cultivo de cana de açúcar. No Maranhão, eles foram os primeiros na formação de fazendas de gado, cana e café, principalmente nas regiões Leste, Centro-Oeste e Sul do Estado, onde ensinaram índios e escravos dos senhores de engenho a fazerem cachaça e rapadura”.
No dia seguinte, ele foi ao povoado Palmeirinha, Município de Tuntum, visitar Joaquim Ferreira Mota, outro filho de Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva. Lá, ele conheceu as principais atividades agrícolas dos Motas: o plantio e a colheita de arroz, milho, mandioca, feijão, café, cana de açúcar e a fabricação de cachaça e rapadura. Conheceu também, o engenho Bolandeira construído com madeira nobre, no início do século XX.
Da Palmeirinha ele foi à cidade de Tuntum, onde se encontrou com o escrivão José Ricardo Araújo, o Advogado Julho do Nascimento Dantas, o prefeito Luís Gonzaga da Cunha, o vereador Raimundo Lourenço Mota, o ex-prefeito José Uruçu da Silva, o líder político Luís Coelho Batista e os frades Antônio Porteeri Tavernole, Dionísio Guerra e Liberato Giudici, os quais lhe informaram como aquela comunidade se desenvolveu e emancipou-se politicamente em 1965.
Na última semana de agosto, a cidade festeja o seu aniversário, cujo encerramento é dia de São Raimundo Nonato, o santo padroeiro do município. O festejo acontece na Praça São Francisco de Assis, que fica totalmente tomada por barracas de bebidas e comidas típicas da região, além de muitos ambulantes que fazem daquela data, uma oportunidade para aumentar as suas rendas familiares. Durante o festejo são feito leilões de bolos, frangos assados e outros apetitosos pratos que são doados pela comunidade da igreja. Toda verba arrecadada nos leilões era repassada para a Paróquia e os padres revestem aqueles recursos em obras sociais na jurisdição da igreja que é mantida pelos fiéis, entre os quais há muitos descendentes de Antônio Ferreira Mota e Merenciana Rosa da Silva.
De Tuntum, ele foi a São Domingos, aonde chegou ao pôr do sol do dia 3 de setembro, concluindo assim uma longa e cansativa viagem de 35 dias e cerca de 60 léguas, viajadas em uma bicicleta carregada com pesada bagagem, por caminhos esburacados é que pode chegar à Praça Getúlio Vargas, onde foi recebido e aplaudido por Sebastião Alves Feitosa Mota e sua esposa Maria Alves Mota, filha de Antônio Alves Mota e Realina Melo Mota, todos oriundos da região dos Inhamuns, Estado do Ceará e primos legítimos de Antônio Ferreira Mota.
BICHO ZOADENTO
Ainda me lembro que numa ensolarada quinta-feira do mês de setembro de 1963, no instante que a professora Nilde Amorim da Costa chamou os alunos acima mencionados para darem suas lições, surgiu na direção da estradinha que dava acesso à casinha onde estávamos estudando um barulho estranho, todos nós fomos para o terreiro olhar o que estava acontecendo, quando de repente aponta no caminho uma coisa estranha e zoadenta. Quando aquilo parou debaixo das mangueiras que sombreava aquela casinha, um sujeito de cor escura saiu de dentro do “bicho zoadento” e levantou o capô e no radiador colocou água. Foi o suficiente para que todos pensassem que aquilo comia gente.
Os mais medrosos pediam socorro a todos os santos e correram para o mato; os mais corajosos, aos poucos, foram olhar de perto aquela coisa estranha. Passados alguns minutos, alguns tocaram nele e viram de perto os seus acessórios: faróis, pneus, boleia e o herói de todos - “o chofer”, que saía de dentro da cabine como se fosse uma grande autoridade e logo foi dizendo:
- “Eu sou José Maria Soares, filho de Araripina, Pernambuco, de onde saí dirigindo este caminhão GMC para comprar madeira de lei nesta terra de gente hospitaleira”.
O caminhão do destemido José Maria Soares, para funcionar, precisava de uma alavanca e muita força braçal. Em cima da sua carroceria tinham quatro ajudantes, um jerico, um motor de bancada, uma máquina de escrever e outra de costurar, uma vitrola e um rádio. Tinha também, vários discos de vinil do Trio Nordestino, Pedro Sertanejo, Noca do Acordeom, Ari Lobo e Luís Gonzaga. Tudo era novidade para aquela gente, pois até então, lá ninguém conhecia aquilo.
Inquestionavelmente, foi uma das maiores atrações que aquela terra recebeu, pois até aquela época, a única máquina que lá existia era o engenho de madeira do Coronel Raimundo Ferreira Mota, que para funcionar, precisava de muita força animal e o alambique de destilar cachaça e fazer rapadura, que era movido a fogo, assim como o aviamento (a casa de fazer farinha de mandioca), que também precisava de muita força braçal para funcionar.
O rádio de pilha foi instalado na casa do Genésio Tomás de Andrade Mota. Lá, ele ficou em cima de uma mesa de madeira coberta com uma alvíssima toalha de algodão e só era ligado nos fins de cada dia. Quando todos chegavam do serviço, ao seu redor eles ficavam ouvindo os programas “Aquarela Nordestina e Alegria na Taba”, transmitidos pelas rádios Sociedade da Bahia e Timbira do Maranhão. A máquina de costura foi para a sala da senhora Maria Tomás Mota e a Radiola para a casa de Raimundo Ferreira Mota. O motor de serrar madeira foi montado em um barracão próximo ao centro, local que aquela gente trabalhadora cultivava a terra anualmente. Lá, muitas toras de cedro, ipê e outras madeiras de lei, o João e Pedro do Motor serraram para o madeireiro José Maria Soares.
A JANELA QUE SE ABRIU NO SEU CAMINHO
Mesmo vivendo em lugar distante da cidade e da tecnologia, aquele garoto que nasceu e viveu em condições desfavoráveis para obter conhecimento e ser um bom profissional, sonhava em um dia ser doutor. A cada dia o seu espírito tinha sequência de pensamentos, de ideias vagas, mais ou menos agradáveis, às quais se entregava em estado de vigília, para fugir à realidade que vivia e isso começou a acontecer no dia 27 de agosto de 1967. Naquele dia, ele acordou um pouco mais cedo do seu habitual costume, quando se levantou da rede que dormia, foi até a janela do quarto, dela retirou a trave e debruçou-se sobre ela para cumprimentar o sol. O dia estava esplêndido; até parecia que toda natureza colaborava para a inauguração do ano e de um novo dia. Ali, ele embebeu os olhos no horizonte e ficou longo tempo imóvel, refletindo as maravilhas do mundo, como se interrogasse o futuro do lugar que vivia, uma terra fecunda, onde todos trabalhavam na agricultura de subsistência, no engenho de fazer cachaça e casa de farinha de mandioca.
Quando saiu daquela janela, foi em direção a uma pedra que havia no terreiro de sua casa e na parte mais alta dela se sentou e lá ficou por um bom tempo ouvindo o cântico dos passarinhos, que faziam naquele momento pelos galhos das árvores, uma bela sinfonia. Quando de repente aparece, no caminho que dava acesso àquela moradia, um sujeito bem trajado, que aparentava ser um homem letrado e ter uns vinte cinco anos.
O seu animal estava enfeitado com os adereços de montaria: sela, pelego, coxonil, carona, alforjes e arreios bem trabalhados com finas fitas de camurça, fivelas, bombinhas, estribos e esporas de prata. Enfim, tudo brilhava naquele burro de sela, pois eram confeccionados com materiais de primeiríssima qualidade.
A chegada daquele moço na sua casa não foi estranha, pois ali sempre apareciam viajantes, alguns vendendo bugigangas, outros comprando o que produziam: azeite de coco babaçu e macaúba, arroz, algodão, criação, cachaça, coco babaçu, feijão, fumo de corda, farinha, milho, pele de animais silvestres, rapadura, entre outros produtos de lavra daquela região e consumidos em outras localidades.
Com simpatia, ele cumprimentou-o, pedindo um copo d’água e foi logo pondo os pés em terra firme. Naquele momento os passarinhos interromperam as suas cantigas e Evangelista as suas meditações. Da pedra desceu para receber o ilustre visitante, que se vestia com certo apuro, gesto ao mesmo tempo familiar e discreto, por isso foi honrosamente recebido e hospedado naquela cabana. Naquele momento ele perguntou ao nobre viajante:
- Qual o seu nome?
Luciano Gomes de Melo, respondeu o forasteiro, que em seguida perguntou:
- E você, como se chama?
Evangelista Mota Nascimento, seu criado.
A partir de então, entre os dois fluiu uma longa e divertida prosa, antes, porém, o seu animal foi amarrado em uma cocheira que havia do lado da pedra que Evangelista meditava em um dia ser doutor. A sela do animal retirou e pendurou no alpendre de sua modesta casinha, os demais adereços foram colocados numa travessa que ali repousava exclusivamente para tais fins. Feito isso, um tamborete de madeira coberto com couro cru de gado foi colocado para o forasteiro se sentar e, sem fugir à tradição dos camponeses, ele contou parte da sua sofrida vida de agricultor naquele lugar.
Numa certa altura da conversa Luciano disse-lhe: “Amigo não vim a esta terra falar de agricultura e muito menos de sofrimento de sua gente, mas para dar-lhe o cumprimento de bons anos,
pois estou sabendo, que hoje você está completando 17 anos de vida. Vim também, com você, marcar uma caçada de onça pintada, um valente felino que está acabando com os animais desta região”.
É verdade, hoje estou completando 17 anos de sofrimento nesta terra que tudo que se planta nela dá, mas a falta de conhecimento e visão dos seus proprietários faz com que todos que aqui moram sejam analfabetos, inclusive eu, que nessa idade, mal sei assinar o meu nome. Também é verdade, que a Onça Lídia está acabando com as criações deste vale, disse Evangelista para Luciano.
Fazia apenas meia hora que eles ali estavam proseando, quando chegou o convite para o almoço; sem demora os dois saíram da sombra das árvores e foram em direção à cozinha, almoçar, ao redor da mesa estava Manoel e Maria esperando-os para saborearem aquele petisco, que havia sido preparado especialmente para comemorar a passagem da adolescência para a juventude, do seu filho mais velho. Um tanto acanhados, logo foram dizendo:
- Senhor, não repare o nosso almoço, é apenas um guisado de tatu, um mamífero que a natureza cria na selva, porém, quando preparado com leite de coco, arroz e farinha, ele fica saboroso. Por ser, hoje, uma data muito especial, fizemos questão de fazer este almoço à moda da casa, pois o nosso filho é um caçador de primeira linha e como tal, ele aprecia muito carne de caça.
Com toda educação, Luciano também disse para aquele casal e para o aniversariante Evangelista:
- “Não se preocupem, aprecio bastante este tipo de comida, sou lavrador e caçador por convicção, aqui estou para com vocês comemorar a magnânima passagem da adolescência para a juventude deste jovem homem, que um dia pensa em ser doutor e também fazer uma caçada de onça pintada, a qual está acabando com vossas criações”.
Admirados com a elegância e educação do visitante, os donos da casa disseram em uma só voz:
- “Olá companheiro, você também gosta de caçada”?
Luciano respondeu:
- “Sim, quero com vocês me deliciar com este prato e mais tarde conhecer as matas desta região. E acrescentou - Tenho na minha bagagem, espingarda, munição, lanterna e aratacas, para juntos fazermos neste lugar uma grande caçada de onça pintada e outros animais da selva sertaneja”.
Sem mais formalidade, depois daquele pequeno diálogo, todos se sentaram nos tamboretes, que estavam ao redor daquela mesa, a qual estava repleta de alimentos. Durante e depois do almoço, elogios e informações foram dialogados, os quais fluíram mais ou menos assim: Luciano disse que o almoço estava muito saboroso. Disse também, que certa vez se hospedou na casa do Tatá Carreiro, um velho amigo seu, morador de São Bento, onde passei três dias atendendo as pessoas que moravam naquela redondeza com trabalhos dentários. Lá, conheci o Telvino José Ferreira, um fazedor de sela e outros adereços de montaria, um dos mais antigos moradores do Brejo do João, um povoado encravado na cabeceira do riacho do mesmo nome, o qual me informou, que no Caxixi tinha muita caça e por este esporte como hobby, aqui estou para fazer com vocês, uma caçada e também ensinar a profissão de dentista protético ao aniversariante de hoje, pois vi nele um futuro brilhante e muito promissor.
A elegância de como Luciano colocava suas palavras no decorrer daquela conversa, deixou o aniversariante e seus pais mais descontraídos para falarem de caçada e profissionalismo. Os quais disseram para aquele ilustre visitante, algo mais ou menos assim:
- “Senhor, nós compreendemos a sua fala, o seu discurso. Sobre a caçada não há nenhum problema, amanhã vamos ao boqueirão, lá tem um grande carrasco, muitos pés de caraíbas, veado catingueiro e onça pintada, porém, o ensinamento da sua profissão ao nosso querido filho não vai ser possível agora, ele não tem estudo, sabe apenas escrever o seu nome e fazer algumas contas e também
não temos dinheiro para comprar os equipamentos que certamente vai precisar, como pagar os seus honorários de professor. Somos trabalhadores da juquira, vivemos do que produzimos na roça, engenho e casa de farinha. O que ganhamos mal dá para sobrevivermos sem passar fome”.
Luciano, que era um homem inteligente e na intenção de conquistar ainda mais a confiança daquele casal que era muito religioso, disse-lhes: “Veja como Deus é poderoso, na sua suprema sabedoria Ele traçou os caminhos e as condições que me trouxeram até aqui, para nesta manhã estar almoçando com pessoas tão maravilhosas como são vocês. Trago na minha bagagem, vários artefatos para caçada e fazer próteses dentárias. Quando passei pelo engenho falei com o Coronel Doca Mota, o patriarca desta conceituada família e ele me recomendou que o procurasse. Ao chegarmos a sua casa fui recepcionado por um rapaz que estava em cima de uma pedra, sombreada por enorme cajueiro, um lugar aconchegante para meditações espirituais. A título de cortesia, pretendo ensinar-lhe a profissão de dentista protético, pois vejo nele um excelente candidato a desenvolver neste lugar um trabalho de socialização cultural, o qual certamente ira lhe preparar para mais tarde concluir sua paixão, estudar e ser doutor, assim como um excelente professor”.
As palavras do professor Luciano foram tão bem colocadas, que eles tiveram a coragem de disser-lhe: “Até que gostaríamos de ter na nossa família, um doutor, mas aqui a vida é muito difícil, não há escola e nem condição para sustentar um filho na cidade até se formar”.
Quando eles encerraram suas falas, Luciano disse novamente: “É claro que para uma pessoa ser doutor ele precisa estudar e muito, mas aqui estou disposto a ajudá-lo, ensinando-o as primeiras lições práticas da nobre profissão que exerço há vários anos, dando-lhe melhores conhecimentos profissionais, os quais certamente irão lhe ajudar a conseguir outros patamares mais altos, no seu desenvolvimento cultural e profissional. Sobre o dinheiro ou custos de materiais, isso se fala depois. Permita-me então lhe sugerir que venda parte de sua produção agrícola, vá à cidade mais próxima e compre um pouco de material e ferramenta para o serviço de próteses dentárias, o resto deixe comigo, que com satisfação farei o possível para ensinar-lhe uma boa e nobre profissão”, a qual certamente irá lhe ajudar a entrar na Universidade e um dia ser doutor de direito e de fato, por que ele já é um competente doutor.
Como eles eram semi-analfabetos, não demonstraram interesse pela educação do filho e foi observando isso que o nobre visitante novamente fez uso da palavra para lhes dizer:
- “Senhores, quando estive no engenho do coronel Doca Mota, ele me informou que está com viagem marcada para a semana que vem à cidade de Curador, onde vai conversar com o advogado Valeriano Américo de Oliveira, sobre o inventário e legalização de suas terras. Então, aproveite esta oportunidade e peça a ele que compre os utensílios que seu neto vai precisar para iniciar o seu trabalho como protético dentário”.
Dito isso, Luciano se retirou da mesa e foi para o quarto de hóspede descansar um pouco. Em uma rede se deitou com o rosto voltado para a janela que dava visão para o campo e à verde floresta que rodeava aquela casinha construída no meio de um pomar de variadas frutas cítricas, por eles plantadas para próprio consumo. Olhando para os cajueiros, mangueiras, laranjeiras, limoeiros, coqueiros e outros tipos de árvores, pensou como é triste a falta de conhecimento e visão do futuro de quem mora em lugar isolado, como era o Caxixi naquela época, onde a maioria dos moradores da região não via futuro na educação.
Evangelista, que também estava deitado numa rede de labirinto naquele quarto, disse-lhe:
- “Hoje, para mim, é um dia muito especial, além de estar proseando com o amigo, tenho sonho de um dia poder estudar, escrever um livro, fazer parte da sociedade organizada, constituir família e muitos amigos, coisas estas que ainda não pude fazer no decorrer destes 17 anos de sofrimento, na
terra que tudo que se planta dá, mas, a falta de escola e determinação dos mais idosos que nela moram, deixam-me sem opção de trabalhar numa profissão mais digna e que seja capaz de um dia ter uma vida melhor. Mas, quando eu chegar a minha maioridade, deste lugar irei embora. Onde estiver vou estudar e tentar cumprir com as coisas que o destino tem traçado para mim, que é ser doutor, escritor e professor.
Luciano, dando um tom de voz com a rigidez da resolução, respondeu-lhe dizendo: -“Amigo, há neste mundo circunstâncias que me obrigam a passar meus conhecimentos aos que deles precisem e por isto aqui estou disposto a lhe ajudar, basta que você queira. Vejo em você extraordinária visão e determinação de um dia vencer na vida. Estudar é o primeiro passo para ser um profissional liberal de sucesso, basta ter vontade, fé em Deus e coragem de enfrentar as dificuldades que o mundo oferece às pessoas que nele vivem. Escrever um livro, ser professor e constituir família, basta querer”.
Ao encerrar a sua fala, Luciano percebeu no rosto do amigo, um sorriso, porém, com certa preocupação. Por esta razão achou melhor mudar de assunto e propôs a ele uma caçada logo no dia seguinte. Naquele momento ele tomou nas mãos um romance que rimava a história comovente de um menino do interior que pretendia vencer na vida, mas não tinha apoio da família e muito menos dos poderes constituídos, uma leitura que fez em voz alta para todos que lá estavam escutar e compreender o que ele queria informar para as pessoas que têm visão e determinação para vencer as dificuldades da vida.
Evangelista, que estava de cabeça baixa, ouvia com atenção aquela leitura, disse consigo mesmo: “Que coisa linda é saber ler e escrever, só eu que não tive a felicidade de aprender nada, a não ser trabalhar na roça, engenho, casa de farinha, caçar e contar história de caçador. E acrescentou na sua mente, este sujeito veio do céu para ajudar a melhorar a minha vida, eu não vou perder esta oportunidade, nem que meus pais proíbam!
Como Luciano era um autêntico observador, mesmo lendo o seu romance, logo percebeu que o amigo imaginava algo muito importante para sua vida e com postura de intelectual, do lado direito da sua rede colocou o livro, olhou-o com firmeza dizendo: “Menino, procure esquecer o que seus pais disseram há pouco, vamos trabalhar, o mundo é grande, nele há espaço para todos. Se você quiser crescer na vida, posso lhe ajudar a partir de hoje, ensinando-lhe uma boa profissão”.
Um tanto nervoso Evangelista perguntou a Luciano:
- Como pode me ajudar?
“Ensinando-te uma profissão de valor.”
- Que profissão? Novamente perguntou.
“A de dentista protético” - respondeu Luciano.
Retrucou Evangelista: “Como posso exercer tão nobre ofício? Não posso comprar as ferramentas e materiais que vou precisar para trabalhar nesta importante profissão. Não tenho dinheiro, conhecimento das letras, sou menor de idade e sem o apoio dos meus pais, a quem obedeço às determinações e ordem”.
- Respondeu-lhe Luciano: “Você está próximo de completar sua maioridade, é um jovem cheio de energia, tem vontade e determinação. Dinheiro é o de menos, novamente vou com seus pais falar, para um professor contratar e deixar você estudar e trabalhar nesta comunidade como dentista protético e, logo que alcançar a sua maioridade procure uma cidade, uma escola de bom nível e se matricule, pois isso vai lhe fazer muito mais feliz e realizado”.
Atento a todas aquelas informações, Evangelista logo procurou conhecer detalhes do que podia aprender e os custos que aquilo poderia lhe acarretar.
Luciano, usando de toda sua inteligência disse: “Aprender a ler e escrever basta querer, ser dentista protético é ainda mais simples do que trabalhar na roça. Herdei essa profissão dos meus parentes, com a qual ganho o suficiente para criar e educar os meus filhos. Mesmo só tendo cinco anos que nela trabalho e o primeiro ano que curso Sociologia na Universidade Federal do Maranhão, aqui eu estou aproveitando minhas férias para lhe ajudar e com você caçar Onça pintada nas matas deste vale.
Naquele momento Evangelista disse: “Amigo, eu aceito o desafio. Amanhã, vamos ao boqueirão, uma das melhores regiões para se caçar nesta época. Quando chegarmos do mato, fico a sua disposição para fazer o que você quiser ensinando-me uma nova profissão”.
Mesmo sendo um homem semianalfabeto, Evangelista aprendeu com Luciano a profissão de protético dentário, em poucos dias de ensinamento, ou seja, no dia 29 do mês seguinte ele foi ao povoado Estreito, um lugarejo que ficava cerca de duas léguas da sua casa, lá chegando encontrou, José Pereira da Costa, agonizando com dor de dente. Ele pedia por todos os santos um dentista para extrair o seu dente, ao ver aquilo, imediatamente pediu alguém da casa do aflito homem, que fervesse água para esterilizar os instrumentos que iria utilizar na extração dos dentes do rapaz que gritava em voz alta com dor de dente.
Como tudo que ele faz tem a bênção de Deus, aquele trabalho foi um sucesso e assim a notícia correu por toda vizinhança que ali acabava de chegar um doutor dentista. Trinta dias depois, ele voltou àquela comunidade para fazer a prótese dentária do cliente. Pelos serviços cobrou CR$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros). A partir de então, ele tomou gosto pela nova profissão, conseguiu muitos outros clientes e se profissionalizou como protético dentário, cuja profissão deu-lhe condição de sair do seu torrão natal para outros lugares, onde estudou e trabalhou com regularidade até os dias de hoje.
CAÇADAS
Segundo especialistas, caçadas é o ato de caçar variados tipos de animais silvestres e por assim ser, registram-se aqui algumas inesquecíveis caçadas que Evangelista fez na época que morou no Caxixi. Como a mais badalada de todas que fez foi a da onça Lidia, iniciamos esta narrativa contando para os nossos leitores que a Onça Pintada é o terceiro maior felino do mundo e também, a mais poderosa das Américas. Ela salta três metros de altura ou em distância, sem precisar tomar impulso e pode cair de até quatro metros de altura sem se machucar. Sobe com facilidade em árvores, atravessa grandes rios a nado e é uma caçadora hábil e sagaz.
Suas presas preferidas são animais solteiros, porcos queixadas, caititu, capivara, paca, cutia, tatu, jacaré, tartaruga, jiboia, anta, tamanduá, gambá, preguiça, aves, peixes, bezerro, vacas, cavalos e cães. Receia os humanos, touros crescidos, sucuris e animais que andam em bandos.
Mesmo sabendo que corre risco de ser atacado por uma onça, tem caçador que arrisca imitar o pio dos macucos, em lugares onde há este traiçoeiro felino.
A onça caminha normalmente de 02 a 05 quilômetros por dia, por vezes até 20 km. Quando perseguida, ela pode percorrer até 65 km numa só tarde. Costuma caçar no início da noite, dormir da meia-noite às 03 da madrugada e durante a manhã até o meio-dia. Ruge de forma semelhante ao tigre e também produz um estalido característico quando mexe as orelhas, que pode ser reconhecido por caçadores ou zoólogos experientes. Pode alcançar mais de 60 quilômetros/hora em distâncias curtas (até 200 metros), mas não tem resistência para corridas mais longas. Com suas presas e mandíbulas, ela consegue sem esforço, perfurar o crânio de uma capivara ou o casco de uma tartaruga de uma só mordida.
Costuma fazer emboscada e saltar sobre a vítima, tentando mordê-la na nuca ou no crânio, isto é, um bote, que tem alcance de 05 metros; se acertar a presa, certamente há disputa de forças. Para caçar um animal grande, ela salta por trás ou do lado e o derruba, quebrando-lhe o pescoço na queda, os pequenos ela mata com uma patada na cabeça. Quando ferida, mesmo levemente, pode reagir com um ataque furioso.
Depois de subjugar a vítima, ela carrega para lugar seguro e, se sobrar carne, guarda para o dia seguinte. O território de um macho estende-se no mínimo por 30 km², o de uma fêmea, por 10 km². Vive até 12 anos em estado selvagem e 20 em cativeiro. O macho atinge a maturidade em 03 anos e a fêmea em 02. O tempo de gestação da fêmea dura 100 dias, a ninhada é de um a quatro filhotes e mesmo sendo um animal temido e muito bonito, não é perigoso, principalmente quando está em plena liberdade no seu habitat natural.
Por volta da metade do mês de fevereiro de 1950, os caçadores Luís Henrique e Alfredo Alves Ferreira, foram em dois jumentos de carga buscar melancia em uma roça que tinham no Baixão do Caboclo. Consigo levaram também dois cachorros, que antes de chegar à roça saíram correndo e ganindo atrás de um bicho. Ao chegarem à porteira da roça, ouviram o ladrar intempestivo dos cães, na direção em que eles estavam, o que lhes chamou a atenção, pois era uma onça suçuarana, que demonstrava cansaço e como estava pressionada ela se escorou na cerca, um lugar que lhe dava proteção, ali ela esturrava e procurava a cada instante fisgar os cães com suas garras.
Quando eles viram aquela cena entreolharam-se e combinaram o que poderiam fazer para matar aquele animal, pois não tinham arma de fogo, somente um facão estava com eles. Como a onça estava com o rabo enfiado entre a forquilha e as estacas da cerca, Luís Henrique nele agarrou e o Alfredo passou-lhe o facão no pescoço da “bicha” e assim aquela onça foi morta.
Ao amanhecer de um lindo sábado de julho de 1959, Manoel Mota do Nascimento mandou o seu filho Evangelista buscar milho para os porcos na roça do Baixão do Caboclo. Com um balaio de palha de coco a tiracolo, ele foi fazer o que seu pai havia mandado. Consigo foi a cachorrinha Faceira, que ao chegar à roça saiu ganindo atrás de um bicho pela mata dos arredores da roça.
Logo que ele apanhou o milho, pegou o caminho de volta. Nas proximidades de sua casa escutou o ganido da cachorrinha que continuava perseguindo alguma coisa. Em pé ele ficou por alguns minutos, ouvindo o troar da cadelinha que marchava em sua direção, quando de repente um “Veado Sutinga” risca em sua frente. O seu primeiro instinto foi jogar o balaio com milho no veado, que já estava em desvantagem, como ele tinha os chifres grandes o balaio ficou enganchado na sua cabeça, isso atrapalhou a sua visão e acorrida. Naquele momento a cachorra agarrou-o com os dentes e com as espigas de milho, o menino matou o veado. Depois de consumado o fato ele agarrou o veado pelas pernas, jogou nas costas e levou para casa, onde tirou o couro e ajudou a separar a sua carne para o almoço daquele dia.
Quando seu pai soube da notícia foi se certificar. De igual modo fez a vizinhança, todos queriam saber como um menino tão pequeno conseguiu matar um veado com espiga de milho e assim, a história se espalhou rapidamente por outros lugares, que a princípio serviu de chacotas, porém, só até a devida comprovação, que ele realmente tinha matado o veado com espigas de milho.
Passados alguns anos, uma equipe de jornalistas da TV Cultura, do Rio de Janeiro, foi a sua casa fazer um documentário sobre “O Veado Sutinga Morto com Espigas de Milho”, que foi exibido por várias vezes nos Trens de passageiros da Companhia Vale do Rio Doce e nos programas culturais da emissora.
Dito isso, passa-se então à história da caçada de onça pintada, que Evangelista Mota Nascimento fez com Luciano Gomes de Melo, no Caxixi, em 28 de agosto de 1967. Naquele dia os dois, café com farofa tomaram, depois com água encheriam os cantis, pegaram as armas e por uma trilha estreita foram ao Boqueirão. A bagagem foi reforçada com farinha, rapadura, facão, munição, aratacas, espingardas e lanternas. Depois que andaram bastante, chegaram numa mata de varas que tinha uma árvore de porte médio com uma poça d’água no seu tronco, a qual estava sendo frequentada por vários tipos de caças. Nos pontos estratégicos eles enterraram duas aratacas.
Um pouco mais à frente eles encontram um pé de Caraíba jogando flor no chão, alimento preferido dos veados catingueiros, um animal de passadas sutis e cautelosas, que procura comida somente à noite. Antes de adentrarem o local que vão se alimentar, costumam dar seis paradinhas nos cesteiros para sondar o ambiente, somente após aquele ritual é que eles vão comer. Sabendo disso os dois subiram nos galhos mais altos daquela árvore e lá armaram as suas redes e ali passaram o resto do dia e a noite inteira sem dormir, esperando a chegada daqueles inofensivos animais.
Já passava da meia noite, quando a primeira caça desceu a serra, pisando nas folhas secas estendidas no chão daquela mata. Sem interrupção e passadas sutis logo se aproximou do cesteiro, era um veado catingueiro, que ao chegar naquele local fez a sua costumeira parada. Como os traiçoeiros caçadores estavam atentos, engatilharam as armas, focaram as lanternas e miraram na “taba” do pescoço (parte mais larga), porém um só apertou o gatilho, foi um tiro fatal, no mesmo instante ele assentou o cabelo.
Um pouco mais tarde, outras caças também foram à espera e do mesmo modo da primeira, foram abatidas. Quando amanheceu o dia, dois veados catingueiros, uma paca e um tatu estavam estendidos no chão, as quais foram amarradas e enfiadas numa vara e em direção da poça d’água que haviam deixado as aratacas, armadas com aquelas caças nas costas eles seguiram viagem. Lá chegando viram que um bicho havia sido agarrado. Era uma enorme onça pintada que estava furiosa com aquele estranho relógio no braço. Quando eles se aproximaram da fera, ela rosnou forte, mas estava sem
alento, com um único e certeiro tiro de espingarda no pé da orelha, ela se acalmou. Em seguida Luciano tocou no bicho e reconheceu, é a “Onça Lídia”, um felino que metia medo a muitos moradores daquela região. Ela já havia dado muitos prejuízos, principalmente aos criadores de gado, mula, égua, jumento, porco e bode.
Como a caçada havia sido boa, logo os dois retornaram ao Caxixi. Quando lá chegaram a notícia correu em toda vizinhança, que os caçadores: Evangelista Mota Nascimento e Luciano Gomes de Melo tinham liquidado com a vida da “Onça Lídia”. Sabendo disso os criadores da região foram cumprimentá-los por terem tirado dos seus pastos um animal que já havia proporcionado muitos prejuízos.
O nome “Lídia” foi atribuído àquela onça porque ela comeu no ano de 1965, uma vaca de estimação do coronel Feliciano Alves Gomes Costa, um rico fazendeiro que morava no povoado Jenipapo dos Gomes, Município de Tuntum, Maranhão, que tinha esse apelido.
REINICIANDO OS ESTUDOS
Numa sexta-feira do final do mês de fevereiro de 1969, Evangelista foi à praça central da cidade que escolheu para morar, estudar e trabalhar em outras profissões, fazer uma caminhada. Lá viu uma escola, mercado, igreja e muitas lojas comerciais. Admirado com tudo aquilo, ficou por alguns minutos pensando o que fazer, mas logo se decidiu, adentrou a igreja e orou; foi uma longa conversa que teve com Deus naquela casa de oração. Dele pediu sabedoria e luz, para o seu novo projeto de vida, “estudar e morar naquela cidade”. Depois da oração foi à escola, falar com a diretora, de quem solicitou ficha de matrícula para ensino básico noturno e foi atendido.
No momento que ele terminou de assinar a ficha, recebeu o calendário de aulas do ano letivo, que tinha início no dia 3 de março. Como ele iria estudar no período noturno, as suas aulas começavam às 19h e 30min, recebeu também, o modelo do fardamento: calça de cor azul, blusa de cor branca, com três listras azuis nos ombros, gravata azul, sapatos e meias pretas.
Ao retornar à casa que estava hospedado, informou a bondosa viúva que já estava matriculado na 1ª série primária noturna da Escola Municipal Teixeira de Freitas.
Meia hora antes do previsto para o início das aulas, ele chegou à escola, lá foi recebido pela diretora, que gentilmente pediu-lhe que aguardasse um pouco na primeira sala. Minutos depois, o restante dos matriculados para aquele horário foram chegando e sentando no restante dos bancos que estavam naquela sala. Pontualmente, conforme estava marcado no calendário, a diretora Simplícia Silva Coelho adentrou aquela sala para fazer a abertura das aulas e do ano letivo de 1969. Com palavras bem colocadas ela agradeceu a presença de todos e desejou bons estudos aos alunos. Em seguida apresentou as professoras Angelita Almeida, Maria do Carmo Pinto e Maria do Amparo Torres como colaboradoras e orientadoras naquela escola, as quais usaram metodologias pedagógicas que lhe atraiu bastante, até porque, já estava beirando os seus 19 anos, no meio de uma garotada que não passava dos 13, mesmo assim, em poucos dias ele se adaptou a toda turma, apesar da enorme diferença de idade.
Passados alguns dias, Simplícia recebeu na diretoria daquela escola a visita de três ilustres vereadores: Francisco Maia, João Epaminondas Torres e Sebastião Alves Feitosa Mota. Enquanto ela conversava com aquelas autoridades municipais, educadamente Evangelista foi à diretoria e lá bateu à porta do gabinete. Com toda gentileza, a diretora levantou-se da sua cadeira e abriu a porta, com palavras dóceis, mandou-o que entrasse e sentasse na sua cadeira. Educadamente ele cumprimentou as autoridades ali presentes e agradeceu o assento, mas pediu-lhe emprestado um caderno de literatura, um lápis e um livro de gramática para fazer uma pesquisa.
Entusiasmado com a forma que ele solicitou da diretora o material de estudo, os vereadores perguntaram-lhe o seu nome, onde morava e o que fazia.
Com certa dose de romantismo, ele disse: “Chamo-me Evangelista Mota Nascimento, tenho 19 anos incompletos, sou filho de Manoel Mota do Nascimento e Maria Tomás Mota, ambos são agricultores por profissão no Caxixi, o lugar que deu origem a região do Japão Maranhense. Aqui, eu estou temporariamente hospedado na casa de Dona Eriquita Cardoso, que também divide o seu pão de cada dia comigo, pois não tenho dinheiro para comprar alimento e nem fazer os meus documentos, ou qualquer outra coisa que preciso e para completar, hoje, ela me avisou que procurasse outro lugar para morar e se alimentar, pois estava com viagem marcada para o fim do mês e só chegaria quando fosse concluída a reforma da casa”.
Deslumbrados com aquelas informações, os vereadores tornaram lhe a perguntar sobre sua matrícula numa escola pública, sem endereço fixo e sem documentos pessoais.
- Ora, estudar é o que eu mais quero. Documentos tiro depois - respondi. Sobre o endereço fixo, eu peço a vocês que são os legítimos representantes desta cidade, que me ofereçam um lugar para morar e trabalhar sem nenhum ônus, pois dinheiro eu não tenho, porém estou determinado a ganhar, desde que me derem oportunidade – continuei com o diálogo.
Sem mais uma só palavra, naquele instante, aquelas autoridades ofereceram-lhe, um depósito, que estava desativado, para nele improvisar a sua morada e montar o seu laboratório de prótese dentária pelo tempo que quisesse e sem pagar um só tostão pela ocupação do espaço. Diante da situação que estava vivendo, imediatamente ele aceitou aquela irrecusável proposta e com eles marcou para as 8 horas do dia seguinte, o conhecimento do local que iria morar.
Quando em casa chegou, a notícia deu para a bondosa viúva que lhe dava apoio familiar, a quem agradeceu pelos dias que lá estava morando e comendo sem pagar um só centavo. Disse também, que haveria marcado com eles para conhecer o local e nele fazer a divisão necessária logo no dia seguinte e para isso iria precisar de alguns materiais e mais uma vez aquela senhora lhe surpreendeu, doando-lhe: ripas, pregos, lâmpada, fio elétrico e vários metros de chita para a divisão que precisava fazer naquele salão.
Na hora marcada, ele lá chegou com as prendas que havia ganhado das pessoas que lhe davam apoio naquela cidade. Primeiramente fez a limpeza do salão que estava sem piso, forro e energia elétrica. Por ser muito grande e ter bastante algodão em caroço no seu interior, ele dividiu-o com a madeira e a chita que havia recebido e ali fez a sua casa de morada e ponto de trabalho.
Para melhor informar o que fazia naquele cantinho, na rua principal que dava acesso àquele salão, ele colocou uma placa, e por lá ficou, gritando o dia todo: - Olha o protético dentário! Foi o suficiente para, em poucos dias, arranjar uma boa clientela. Em seguida foi a um restaurante popular que ficava próximo da sua nova moradia conversar com seus proprietários, o Senhor Marceu Damasceno Fortaleza e Virgilina Carneiro Fortaleza, com quem firmou contrato para fazer as suas refeições naquele hotel, a vinte cruzeiros por mês.
A roupa que sujava lavava no banheiro que havia improvisado no salão, a qual era passada com um ferro esquentado a carvão que a vizinha emprestava-lhe nos fins de semana e assim foi até o dia 30 de dezembro de 1972.
MASCATEANDO PELA PERIFERIA DA CIDADE
Logo que entrou para estudar na escola Teixeira de Freitas, ele teve aulas sobre “mascates viajantes”, pessoas que vendiam quinquilharias nas residências com baixo investimento, visto que ele não tinha dinheiro para comprar o fardamento da escola e outros objetos de uso pessoal. No dia seguinte, ele foi à Farmácia dos Pobres comprar alguns produtos farmacêuticos para vender nos povoados da periferia da cidade que morava.
Bondosamente o senhor Sebastião Alves Feitosa Mota, proprietário da farmácia, atendeu-lhe com uma venda de CR$ 16.000,00 (dezesseis mil cruzeiros). A mercadoria foi colocada numa mala e com ela nas costas ele foi ao povoado Lagoa Nova, que ficava cerca de duas léguas da cidade. Lá ficou hospedado na casa do José Bezerra Araújo, o popular Zé André, onde rapidamente vendeu toda mercadoria e fez também, alguns trabalhos dentários, o que aumentou ainda mais o apurado, cerca de CR$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros). Quando retornou à cidade, foi direto à farmácia que havia feito a compra, lá chegando, do bolso retirou o dinheiro e disse para o gerente: traga a minha conta, aqui está o seu pagamento.
- Calma, disse o vereador Sebastião Mota. Primeiramente veja o que vai precisar para a próxima viagem. Pelo que já levou só vou cobrar a metade, o restante é uma ajuda que lhe dou para comprar o seu fardamento colegial. Ele suspirou fundo e se sentiu mais à vontade com seu novo patrão.
O ganho que teve com as vendas e trabalhos protéticos que fez naquela primeira viagem como “Mascate Viajante” pelos arredores da cidade de São Domingos do Maranhão, com uma enorme mala nas costas deu para pagar a pensão e comprar o fardamento escolar e ainda sobraram algumas moedas, que foram guardadas dentro de um cofrinho de barro.
Como não lhe faltava determinação e vontade para trabalhar, ele agendou para todos os fins de semanas e feriados, sair a pé pelos arredores da cidade vendendo alguma coisa e fazendo prótese dentária. O dinheiro que ganhava era depositado no cofrinho de barro. Quando encheu, ele foi a uma loja de departamento, onde foi atendido por um simpático senhor de poucos cabelos, que atendia pelo nome de Juarez Nascimento, o qual lhe vendeu uma bicicleta Monark Barra Circular de cor azul, por CR$ 160.000,00 (cento e sessenta mil cruzeiros). Como ele só tinha CR$ 130.000,00 (cento e trinta mil cruzeiros), os trinta mil restantes foi faturado em três notas promissórias de CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) cada, ou seja, 30, 60 e 90 dias e assim ele assinava a sua segunda nota de crédito naquela cidade, crédito aquele, que foi ampliado até os atuais dias e certamente serão enquanto vida tiver, com honradez e sinceridade.
Como ele não sabia andar de bicicleta com perfeição, da loja saiu empurrando a sua magrela em direção ao armazém que morava. Logo na primeira esquina passou por um grupo de rapazes que estava na calçada de um barzinho, não deu outra, logo gritaram: - Olha o tabaréu empurrando a bicicleta! Aquilo não lhe incomodou e com passos firmes ele foi até a praça central dar as suas primeiras pedaladas na bicicleta nova, as quais certamente foram desajeitadas. Naquele momento, passava por lá a polícia de trânsito e lhe advertiu com alguns silvos, mas ele não conhecia sinal de trânsito e nem entendia o que era silvo, portanto, continuou pedalando o seu veículo por aquele passeio e aquilo aumentou ainda mais a gritaria e a gozação da molecada, eles gargalhavam ao seu redor.
Em nome da lei, a polícia prendeu sua bicicleta. Como nada mais poderia fazer ali, ele saiu andando de cabeça baixa pela calçada, em direção da loja que havia comprado a sua magrela. Lá chegando procurou o gerente, mas ele havia acabado de sair de viagem e só voltava no mês seguinte. Um tanto constrangido com aquele acontecimento, foi à casa do vereador Sebastião Mota, mas ele também não estava, havia viajado e só retornava na semana seguinte. De lá foi à residência do vereador
João Torres, mas ele também havia viajado. Restava então falar com a diretora da escola que estudava, mas ela também não estava em casa, estava viajando e não tinha data para retornar.
Preocupado com aquela falta de sorte, ele teve uma nova ideia, ir à delegacia de polícia, falar com o delegado e dele pedi a devolução de sua bicicleta, pois era tudo que tinha conseguido para ser o seu veículo de trabalho nas viagens que fazia pelos arredores daquela cidade, como mascate viajante, nos fins de semana e feriados. Mas como já era noite deixou o seu plano para o dia seguinte.
Quando o dia amanheceu, um café com beiju de tapioca tomou, fez sua costumeira higiene corporal e em seguida foi à delegacia de polícia. Lá chegando, foi recebido por um sujeito de cara fechada e de poucas palavras que estava armado até os dentes, suas roupas eram de cor escura e cheias de emblemas. Aquele homem com cara de mau, logo foi lhe solicitando os documentos de identificação e também perguntando o que queria com o delegado.
Mesmo espantado com o que via na sua frente, ele disse: - Não tenho documento e quero a minha bicicleta de volta, aquela que você prendeu na Praça Getúlio Vargas, no fim da tarde da última sexta-feira.
Qual bicicleta? - perguntou aquele guarda policial.
- Aquela que está acorrentada na grade do portão, mostrou e respondeu imediatamente ao guarda que só não lhe prendeu porque estava uniformizado com a farda oficial da Escola Municipal Teixeira de Freitas, a que estudava no período noturno a 4ª série primária.
O impetuoso guarda disse-lhe: - Vá embora, antes que o prenda! Você está sem documento e hoje é feriado, o delegado só atende nos dias de trabalho e em horário previamente agendado com os advogados processantes.
Diante daquelas ameaças ficou um tanto desapontado e sem saber o que fazer, mas em um instante obedeceu às ordens do policial e retornou para o lugar onde morava.
Na segunda feira e no horário comercial, lá chegou e novamente. Foi recebido pelo mesmo impetuoso soldado que logo foi informando-o: - O delegado está em audiência e não vai poder recebê-lo, volte outro dia, o seu caso é gravíssimo e só será resolvido através de um processo formalizado por um advogado.
- Que crime eu cometi? - Perguntou para aquele militar intimidador.
- Você desobedeceu às ordens da autoridade - respondeu o guarda.
- Como, se não disse uma só palavra na hora que você prendeu a minha bicicleta? Retrucou.
- Ora, foram muitos silvos que soprei e você não parava de pedalar a sua magrela, somente na terceira volta é que pude lhe botar a mão, isso é desobediência a autoridade.
- Não sei o que são silvos. Na terra onde morava, quando a gente queria parar alguém gritava pelo seu nome e o senhor não fez nada disso, respondeu com muita educação.
- Olha moço, acho que estamos jogando conversa fora, faça o que estou lhe recomendando e somente depois das 9 horas é que o doutor delegado vai lhe receber e com ele você acerta as suas contas direitinho, disse o guarda para o dono da bicicleta apreendida na praça pública daquela cidade.
Acho que o senhor é quem está mal informado, não tenho conta alguma para acertar com o delegado, o que devo é nas casas pernambucanas, a primeira prestação vai vencer daqui a 25 dias e se Deus permitir e vocês deixarem, ela e as duas restantes vão ser pagas nos seus respectivos vencimentos.
- Não é deste débito que estou falando, mas sim da multa sobre a infração que você cometeu ao passear de bicicleta em praça pública, o que é proibido e por isso será cobrado a bagatela de três salários mínimos vigentes no país.
- Quanto é esse tal de salário mínimo? Perguntou o dono da bicicleta.
- Vinte cinco mil cruzeiros, respondeu o soldado.
Mesmo ainda sendo um rapaz tabaréu, depois daquelas informações, nada mais perguntou àquela autoridade que cumpria ordem do delegado Expedito.
No dia e hora marcada na delegacia, ele chegou sozinho para falar com o delegado, um sujeito que usava um enorme bigode, óculos escuros, roupa preta e falava como muita autoridade. Mesmo assim aquele jovem homem disse-lhe: “Quero a minha bicicleta, não tenho dinheiro para pagar multa, tudo que aconteceu foi por falta de conhecimento, aqui estou para estudar e trabalhar na paz e na amizade. Por enquanto, aqui estou estudando e trabalhando como mascate viajante, mas em breve serei um vencedor, uma autoridade como você, que merece respeito e atenção”.
Como homem da lei, ele entendeu a solicitação daquele jovem estudante e imediatamente, determinou a um de seus seguranças que entregasse a bicicleta, porém recomendou-lhe: - Não ande mais de bicicleta pelos passeios públicos e acrescentou, tenha-a como um transporte, de forma inofensiva, usada de forma correta e pelas vias legais - disse o delegado.
O que aconteceu com um jovem estudante do ensino primário, em uma praça pública de uma cidade da região dos cocais maranhenses, lá pelas tantas do mês de maio de 1971, ano que ele havia iniciado a escrita de um audacioso projeto: fazer uma viagem de bicicleta pelos lugares que morou seus bisavós, está acontecendo em muitos outros municípios brasileiros. Autoridades que não sinalizam e fiscalizam corretamente os seus logradouros públicos e abusam das funções de que estão investidas, principalmente com as pessoas desinformadas.
O CRAVO E A ROSA
Na década de 70, Francisco Mariano Pereira (Chico Marreteiro), como era conhecido, contratou o cantor José Augusto para fazer um show no Clube que presidia em São Domingos, “A União dos Artistas”. O cantor chegou naquela cidade de avião e para chamar atenção, antes de pousar numa improvisada pista de chão batido, fez várias acrobacias em baixa altitude pelo centro da cidade, aquilo chamou atenção de muitos e até deixou alguns alvoroçados.
Quando o bicho pousou no meio daquela pista empoeirada, foi recepcionado pelo presidente do clube e muitos fãs do ilustre cantor. No meio daquela gente estava uma linda moça e um simpático rapaz, que com sagacidade e educação entreolharam-se e trocaram algumas palavras sobre o perfume que usavam naquele recinto (cravo e rosa).
Como o sol estava escaldante, a moça suava muito no meio daquela multidão. O rapaz, vendo aquilo, educadamente e com gentileza retirou do seu bolso um lenço branco e para ela entregou dizendo: - Este pedaço de pano é para você enxugar o seu lindo rosto, que se derrete pelo calor desta terra cheia de poeira.
Com simplicidade e educação ela aceitou-o dizendo: - Ele está perfumado com mirra, o mais puro incenso retirado do cravo, uma planta que gostaria de ter plantado no meu jardim, um lugar, onde passo todos os dias para respirar o aroma que a natureza nos proporciona, gratuitamente, no seu dia-a-dia de luta e muita competitividade pela sobrevivência da vida.
Por ser muito tímido, aquele rapaz se fez de surdo, porém com sagacidade disse: - Compreendo a sua comparação, no entanto, este lenço só foi perfumado com amor e carinho, o que realmente cheira aqui é o perfume da rosa que enfeita este ambiente, cujo buquê gostaria de tê-lo plantado no coração do meu lar, que apesar de modesto, tem espaço para uma rosa como você.
E assim foi rolando uma descontraída e discreta conversa entre os dois, que já se olhavam com mais aproximação e também, trocaram alguns gestos, o que aproximou ainda mais um do outro, naquele lugar.
- Em seguida, o rapaz perguntou para ela: - Qual o seu nome?
- Rosa, respondeu a moça.
- E você é o Cravo que perfuma este lugar? Perguntou aquela jovem moça ao rapaz que lhe olhava sagazmente no meio daquela multidão.
- Sim, ele respondeu.
Naquelas alturas o avião já taxiava na cabeceira da pista que fervia de calor e poeira.
O Cravo, naquela época, tinha cerca de 20 anos, era um rapaz alto e magro, não exageradamente, a pele era de cor branca, porém bem bronzeada, cabelos curtos e castanhos, barba raspada, olhos castanhos e nariz afilado, trajava-se socialmente com roupas bem passadas, camisa de mangas longas com bordas metidas por baixo do cinturão, sapatos pretos e muito bem engraxados. O perfume que usava tinha cheiro de jasmim.
Rosa aparentava ter 23 anos, era de boa estatura, tinha um corpo muito bem desenhado, até parecia com as silhuetas de um violão. Os seus cabelos eram longos e muito bem tratados, olhos castanhos, pele fina e clara, porém corada, a boca bem modelada, lábios carnudos e dentes na mais completa anatomia, trajava-se com um longo vestido de vuale, que suavemente demonstrava suas pernas carnudas.
Como os dois já estavam com um pouco de intimidade, logo que o avião pousou, eles marcaram encontro no salão no qual iria se realizar o show e foi o que aconteceu, pois naquele momento todos que ali estavam se retiraram para os seus aposentos, onde se arrumaram para a grande festa, que começou pontualmente às 22 horas.
Na hora marcada, no clube, muitos rapazes chegaram com suas damas, menos o Cravo, que chegou sozinho. Numa mesa que estava isolada em um canto da parede ele se sentou e ali ficou de cabeça baixa, meditando sobre o que havia combinado com a moça que encontrou no aeroporto daquela cidade. Não demorou muito, naquele recinto Rosa também chegou e fez-lhe um sinal, porém muito discreto, apenas um “psiu” o qual fez com que ele levantasse a sua cabeça e visse Rosa do seu lado. Com afago ele a convidou para sentar-se na cadeira que estava reservada para ela. Educadamente ela aceitou o convite. Já sentada apresentou-lhe as companheiras, que em seguida pediram licença e se retiraram, um gesto amigável, o que deixou os dois mais à vontade, que de forma elegante e sorridentes se olharam de forma bastante carinhosa. Naquele momento, o Cravo fez elogios, ofereceu-lhe um copo com bebida e indagou, sobre a sua família.
A princípio, ela ficou um tanto assustada com o que via e ouvia, mas entendeu, e com palavras dóceis respondeu todas as suas perguntas.
- Rosa disse: - Sou filha de pais pobres, porém honrados, eles se chamam Cordeiro e Maria.
- O que eles fazem? - perguntou novamente o Cravo.
- São agricultores e comerciantes, respondeu.
A donzela também perguntou ao rapaz que lhe interrogava sobre a sua família, que mesmo sendo tímido, respondeu-a dizendo: - Meus pais são agricultores por profissão lá no médio sertão, onde nasci e fui batizado com nome retirado dos evangelhos da Bíblia Sagrada. Aqui estou estudando e trabalhando com prótese dentária. Nos fins de semana e feriados vendo medicamentos para as comunidades da periferia da cidade. Moro em um armazém de algodão do vereador mais popular desta cidade e almoço na pensão do Povo, que é administrada por Marceu e Virgínia Fortaleza Damasceno.
Naquele momento, os músicos aqueciam os tambores e uma valsa eles tocaram. A primeira música do show que começou com força e vigor, todos os casais foram dançar, ficando o salão totalmente ocupado com os dançarinos. Por terem dançado bem o Cravo e a Rosa, tornou-se o casal mais elegante da festa. Mesmo discretos, os dois sorriam e conversavam sem parar. Quando iam dançar, todos paravam para vê-los valsando. Ao terminar a parte, eles pediam o bis e, quando se sentavam, as conversas rolavam descontraidamente entre os dois.
Na intimidade de namorado, o Cravo sutilmente passou a mão na cintura da moça dizendo: - Rosa, você é uma linda mulher, tem corpo delgado, rosto angelical, de forma graciosa e uma languidez eflúvia, parece um vaso de fina porcelana, no qual se toca com receio para não quebrar. Você parece com uma linda e perfumada flor, daquelas regadas nos jardins mais bonitos desta cidade. Seu alongado rosto se afeiçoa a seus cabelos castanhos, uma pele rosada e macia; a testa lisa e bem moldada; os olhos brilham como um rubi, depositado num dos mais luxuosos porta-joias.
Aquelas doces palavras fizeram a moça estremecer da cabeça aos pés, mas aceitou tudo com tranquilidade. Ficou ofegante, sua beleza realçava um sentimento que mexia no fundo de sua consciência, era uma coisa sem igual, tinha paciência e tranquilidade, por isso tornava-se ainda mais carinhosa, o que fez com que os dois trocassem alguns beijos durante e depois da dança, um aconchego que a música prescreve ou permite entre os pares que estão se amando.
Quando a festa estava próxima de terminar, Rosa provocou o Cravo dizendo-lhe: “Encontro como este deveria acontecer por mais vezes no ano”!
Ele que já havia perdido parte de sua timidez, concordou com aquela simpática proposta. Tanto concordou que a convidou para um breve passeio no pátio do clube, justamente onde estava o amigo Chico Marreteiro conversando com outras pessoas.
É de se imaginar que no decorrer daquela caminhada eles pensaram: “Será verdade ou falsidade o que está acontecendo conosco neste dia? Talvez tenham eles ficado por alguns minutos de cabeças baixas, pensando como se desculparem pela timidez, mas certamente não tiveram coragem, apenas disseram consigo mesmos: O excesso de trabalho poderá nos distanciar um do outro logo mais”.
Em seguida, o rapaz disse para a moça: - Você tem cara de rainha, que convence a grandeza involuntária de um pobre homem que veio lá dos confins do estado maranhense para ser feliz neste lugar, ao lado de uma linda mulher como você, uma majestade que tudo pode.
- Calmamente ela ouvia os seus elogios, mas nada dizia, apenas sentia na alma que ele tinha satisfação em tê-la como namorada, uma imaginação confusa, pois ela sempre deixava nas suas conversas alguns suspenses, principalmente, quando dizia: - Será você o príncipe da noite o qual nasceu para me fazer a corte?
O romance que ali rolava era mesmo um suspense, tudo era confuso para ambos os lados. A moça era simpática, mas parecia orgulhosa; o rapaz era tímido, porém esperto. Com seu ar de leveza, viu nela certa sinceridade e lhe dava um beijo e um abraço amigável. Minutos depois chama o garçom para servir a mesa com refrigerante. Depois que foram servidos, dirigiram-se para o interior do salão, onde dançaram um bolero na maior calma possível. Ao término da música, a moça pediu licença e foi até o palco receber do cantor um autógrafo. Com delicadeza, ela da bolsa retirou o seu diário com uma linda caneta esferográfica e entregou-os para o artista assinar, beijou-lhe a mão e saiu se desmanchando de satisfação.
O que ele escreveu naquele diário não se sabe o que foi. Seja lá o que tenha escrito, com os olhos muito bem arregalados ele ficou reparando o que se passava ao seu redor, pois já desconfiado de traição, pergunta a ela: - “Quem são aquelas pessoas e porque beijou na mão do cantor com tanta satisfação?
- Disse a moça: - As pessoas que abracei são meus parentes, o beijo foi apenas uma gentileza de minha parte para com o ilustre visitante, que faz show musical pela primeira vez nesta cidade.
Naquele momento, os dois foram até a mesa de alguns amigos para conversar um pouco sobre a festa. Ao se aproximarem da que estava a sua majestade, o presidente do clube conversando com alguns vereadores e suas digníssimas esposas, sobre aquela gloriosa festa. Depois de um rápido cumprimento, aquelas ilustres autoridades, ouviu-se o prelúdio de mais um bolero, o que incentivou a todos a se retirarem das mesas para o meio da sala de dança e brincarem até o raiar do sol do dia seguinte.
O Cravo e a Rosa ficaram naquele baile o tempo todo conversando com franca intimidade. Os amigos: Chico Marreteiro, João Torres, Sebastião Mota, João Paulo, Luís Sousa Lima, Francisco Maia, José de Almeida Freitas, Genésio Ferreira, Santana Mota, Maria do Amparo, Simplícia Coelho, Angelita Almeida, Maria do Carmo e outros amigos que ali estavam prestigiando aquele evento, também ficaram até o fim do baile.
Quando o show acabou, o Cravo se despediu dos amigos e da moça que lhe fazia companhia e procurou se retirar do salão onde rolava aquela festa social. Rosa, que ainda tinha algo importante para lhe falar, acompanhou-o até a praça que ficava próxima do clube. Lá eles sentaram-se em um banco e
dentro de pouco tempo, ela falou-lhe que em breve pretendia viajar para uma cidade distante, um desejo antigo e que sempre era adiado. Disse também, que seus pais estavam se mudando para outro município do Maranhão. E finalizou a sua fala, perguntando ao rapaz: - Quando você vai conhecer os meus genitores?
O Cravo que já tinha perdido a timidez, disse para aquela donzela: - Logo que você marcar a data, com todo prazer lhe visitarei e com seus pais terei uma boa prosa familiar. Disse também: - Sou um eterno admirador das belezas que a natureza criou na terra, como as plantas que brotam dos seus galhos flores tão cheirosas como você. Não posso ficar como andorinha desgarrada, mudando-se de um lugar para outro, quando bem quiser; fico por aqui sozinho à espera de um dia ter muitos encontros como este. Em seguida deu-lhe um beijo na sua mão direita e partiu para o seu local de trabalho.
Naquele momento a molecada que estava jogando bola de gude, nas proximidades daquela praça, ficou murmurando de curiosidade em ver os dois saindo calmamente, em direção contrária um do outro, como se nada tivesse acontecido entre eles no decorrer daquela noite, que terminava dando início a um lindo dia de sol ardente.
Passados alguns dias, o Cravo se arrumou e foi à casa da Rosa para conhecer a sua família e lá, foi carinhosamente recebido, na sala de visitas, por seus pais José Cavalcante e Maria Belchior Cordeiro. Num sofá, sentaram-se um pouco, trocaram algumas informações sobre costumes familiares. Depois daquela prosa, deles o rapaz se despediu e retornou para o seu trabalho, um armazém de guardar algodão em pluma e nunca mais foi à casa de sua ex-amada Rosa Belchior Cavalcante, que em poucos dias se mudou para local não identificado e nunca mais deu notícia aos seus familiares.
COORDENANDO CAMPANHA POLÍTICA
No ano de 1972, deflagrou-se em todo Estado do Maranhão a campanha para prefeito e vereador, época que foram qualificados muitos novos eleitores. Entre tantos, destaca-se um jovem homem que fazia exame de admissão para ingressar no ginásio de uma escola pública municipal da região dos cocais.
Como marinheiro de primeira viagem, ele tirou fotografia e Título Eleitoral pela primeira vez. Como era um sujeito bastante dinâmico, logo foi procurado pelos vereadores João Epaminondas Torres e Sebastião Alves Feitosa Mota, para ajudar-lhes na coordenação do Comitê da ARENA e MDB - Aliança Renovadora Nacional e Movimento Democrático Brasileiro, que tinha como candidato a prefeito e vice-prefeito, José de Almeida Freitas e Luís Sousa Lima e mais 12 pretendentes a uma vaga na Câmara Municipal.
Mesmo sem nenhuma experiência política, ele dedicou todo tempo que tinha disponível naquela campanha. No dia 18 de novembro, o juiz eleitoral da Comarca local anunciou o resultado da apuração dos votos e o nome dos eleitos. Elegeu-se prefeito o candidato da oposição Francisco Alves de Andrade, que tinha como companheiro de chapa, Paulo Batista Lopes e os vereadores: Antonio Gomes, Expedito Alves Nascimento, Francisco Pereira, Francisco Maia, João Epaminondas Torres, Genésio Ferreira, Raimundo Cosmo, Raimunda Assunção e Sebastião Alves Feitosa Mota.
O seu candidato a prefeito perdeu a eleição por 21 votos, para o qual ele deu uma boa ajuda na organização dos comícios e por ainda não existir a lei de responsabilidade eleitoral, montou dentro do comitê, o seu gabinete dentário e no decorrer da campanha extraiu 3.125 dentes e fez 258 dentaduras para as pessoas carentes daquele município, sem cobrar um só centavo, por isso ficou conhecido em todo município como “Dentista do Povo”. Foi uma verdadeira lição de firmeza e organização que ele apresentou naquela eleição, principalmente, quando propôs respeito, determinação e total união do grupo em todos os momentos, pois só assim é que podemos ser vencedores e respeitados em todos os seguimentos da sociedade organizada.
MUDANDO-SE PARA OUTRA PASÁRGADA
Por ter perdido a eleição, boa parte dos adversários do grupo político que ele havia ajudado na coordenação, começaram a lhe chacotear com piadas de mau gosto. De igual modo fizeram alguns dos seus correligionários. Chateado com aquela situação, no dia 25 de dezembro, ele foi à residência do amigo Herculano Gomes e Dona Aurora, com quem teve uma longa prosa sobre o que estava se passando com ele naquela cidade.
No final daquela conversa, o mestre Herculano lhe disse: - Meu filho, você concluiu a primeira fase do ensino básico, aprendeu a ler e escrever muitas coisas, está cursando o exame de admissão para ingressar no ginásio, portanto, mais um sonho foi realizado no seu novo projeto de vida. Brilhantemente ajudou a coordenar uma das mais acirradas campanhas políticas já vistas nesta cidade e com dinâmica, conseguiu eleger quatro vereadores do seu grupo político e, por pouco, não conseguiu eleger o prefeito e o seu vice, os quais, logo depois da eleição, o abandonaram. Ação seguida por sua namorada, Rosa, o que certamente tem lhe deixado um tanto chateado e com vontade de se mudar deste lugar o mais rápido possível para outra pasárgada, que pode estar se formando no oeste do Estado.
Calmamente ele ouviu tudo que disse o velho mestre, em seguida agradeceu os conselhos do amigo, dele se despediu e voltou para seu aposento, onde tomou em suas mãos um jornal de circulação nacional, que tinha como manchete de primeira página: Na década de 50, um bravo presidente da república brasileira, que determinou que o Brasil fosse dividido ao meio por uma estrada, que ele mesmo a chamou de “Espinha Dorsal do País”.
Refletindo sobre aquela reportagem e os conselhos do velho mestre e amigo Herculano, imediatamente ele foi à agência de ônibus do Zé Lotenga comprar a sua passagem para Açailândia, um povoado que se formava à margem direita sentido sul-norte da rodovia Belém-Brasília, no oeste do Maranhão, mas só conseguiu passagem para o dia 30 de dezembro.
Depois que a passagem estava comprada, ele visitou as professoras Simplícia Silva Coelho, Maria do Amparo, Maria do Carmo e Angelita Coelho, os vereadores João Epaminondas Torres, Francisco Maia e Sebastião Alves Feitosa Mota; os proprietários da pensão do Povo, senhor Marceu Damasceno Fortaleza e Dona Virgilina Carneiro Fortaleza, a lavadeira de roupa Maria do Socorro e Dona Eriquita Cardoso, dos quais se despediu desejando-lhes um feliz ano novo, porém sem dizer que pretendia se mudar daquele lugar para outra pasárgada, mas quando em casa chegou começou a arrumar a mala, onde colocou os objetos pessoais, um rádio de pilha, alguns instrumentos e materiais de fazer prótese dentária. A bicicleta foi desmontada e colocada em uma caixa de papel.
No dia e hora marcada ele foi a Praça Getúlio Vargas, com aquela modesta bagagem no ombro para embarcar no ônibus Estrela Dalva, que lá já estava estacionado na calçada da agência de viagem daquela cidade. Enquanto o agente etiquetava as bagagens e conferia as passagens, ele ficou sentado num banquinho de madeira que estava escorado na parede, lendo a poesia do poeta Manoel Bandeira.
“Eu vou-me embora pra Pasárgada.
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana, a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive.
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada.
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar.
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada”.
Quando ele terminou a leitura, adentrou no ônibus que já fazia sinal de partida e nele viajou 23 horas ininterruptas por empoeiradas e esburacadas estradas de chão batido, cuja partida deu-se por volta das 08 horas do dia 30 de dezembro de 1972. Ao raiar do sol do dia seguinte, o condutor do ônibus disse: - Senhores passageiros, estamos chegando a Imperatriz, o fim desta viagem, cuidado com suas bagagens, obrigado pela companhia e até outra oportunidade.
Minutos depois, suavemente o ônibus estacionou na parada final. Na calçada daquela velha e maltratada casa de desembarque ele ficou cerca de uma hora sentado, em cima de sua minguada bagagem. Meditava sobre o que poderia acontecer consigo, pois nada conhecia naquele lugar e muito menos no que pretendia morar, que ficava um pouco mais à frente.
Quando o sol começava a esquentar as paredes das casas, aparece por lá um ancião, com óculos de grossas lentes no rosto, dirigindo uma novíssima Rural, dizendo de viva voz: - Quem vai para Açailândia? Foi o suficiente, para que em poucos minutos, o seu veículo ficasse lotado e em direção do
lugar anunciado seguir viagem. Chegou por volta das 10 horas, de um ensolarado domingo, último do ano de 1972.
PISANDO EM OUTRO CHÃO
A Rural estacionou na frente do mercado municipal, onde estava acontecendo uma feira pública de arromba, ali ele ficou vigiando a sua minguada bagagem, como cão sem dono, pensando para onde iria. Quando de repente, para do seu lado um caminhão carregado com outros aventureiros, como ele. Foi um momento de reflexão, pois a poeira e o barulho eram estarrecedores naquele lugar. Muitas foram às suposições que passavam por sua cabeça. Ele se sentia perdido, num mato sem cachorro e sem saber o que fazer. Olhava para o que se passava ao seu redor e viu que muita gente subia e descia o morro que ficava do lado daquela grande feira pública, que estava repleta de camelôs. Entre tantos, que por ali passavam, apareceu um simpático ancião que se aproximou e perguntou: - Você espera por alguém?
- Se precisar de um lugar para se hospedar, eu tenho um hotel, fica perto daqui e com preço bem acessível.
O forasteiro que estava sem dinheiro e muito cansado da viagem sacudiu a poeira que tomava conta do seu corpo e respondeu ao velho ancião dizendo: - Acabei de chegar neste lugar, vim para nele ficar e trabalhar com prótese dentária, não tenho dinheiro e muito menos bens materiais, mas tenho determinação e disposição para vencer as dificuldades que atormentam muitos brasileiros como eu e já faz mais de 30 horas que estou viajando. Portanto, preciso de um lugar para tomar banho, comer alguma coisa e descansar um pouco, se o senhor tiver coragem de hospedar um forasteiro nestas condições, porém honesto, aqui estou a sua disposição.
O velho disse: - Eu sou Manoel de Sousa Primo e a minha esposa se chama Maria de Lourdes Primo, somos donos do Hotel Açailândia. Lá, o senhor pode ficar hospedado pelo tempo que necessitar e por preço bem acessível. Para você que está em dificuldade, vou cobrar só 20 cruzeiros por mês, com direito a tomar banho de cuia, café, almoço, janta e dormir em quarto separado dos demais hóspedes que já tenho como fregueses. Dito isso, ele pegou a bagagem e levou-a para a sua casa de hospedagem, que naquela época era um tanto modesta: coberta com cavacos de madeira e paredes de taipa, o piso era de cimento queimado, a água vinha do riacho que dava nome ao lugar, em carroça de tração animal. Era colocada em tambores para os hóspedes tomarem banho com cuia. No período da noite, a iluminação era feita com candeeiro de azeite e todos teriam que dormir de rede, pois cama não tinha uma só naquela casa, mesmo assim lá ele ficou hospedado até o dia 31 de março do ano seguinte.
Conforme havia combinado com seus proprietários, em um quartinho daquela hospedaria ele pendurou a sua redinha, no quintal um banho de cuia tomou, trocou de roupa e almoçou carne de veado mateiro com arroz e feijão. Depois do almoço se deitou na rede que havia pendurado no quarto que lhe foi reservado para morar naquele lugar, para descansar um pouco da fatigante viagem que tinha acabado de fazer. Lá pelas tantas da tarde, os feirantes começaram a embalar as mercadorias que estavam expostas para venda na feira pública. Naquele momento, ele da sua rede se levantou e por maltratadas ruas que mais pareciam vielas de favela, saiu andando em direção a um barulho de pandeiro e zabumba que tocavam sem parar, um pouco mais abaixo da casa que estava hospedado. Quando se aproximou daquele local, viu cerca de 10 pessoas dançando de forma agitada. Com o dono do bar, o senhor Joaquim Conceição Sousa, ele conversou um pouco sobre as condições sociais e culturais do lugar que acabava de conhecer. Para a sua surpresa, aquele moço deu-lhe informações bastante temerosas, quando disse: “Aqui é uma terra sem lei, semanalmente jagunços e pistoleiros matam pessoas inocentes, não existe escola, hospital, médico, dentista, energia elétrica, água encanada e nem segurança pública. Tudo aqui acontece ao bel prazer de cada pessoa, as quais chegam, em comboio diuturnamente e com elas vêm mais problemas sociais e de ordem pública.
Quando aquele comerciante parou de falar ele levantou as mãos para o céu dizendo: - Ai, meu Deus, o que vim fazer aqui? Ele estava em um prostíbulo, um dos lugares mais imundos e pecaminosos que já havia visitado durante toda sua vida. Como homem temente a Deus, dali se retirou imediatamente para o seu aposento, onde orou e de Deus pediu luz e sabedoria para enfrentar as dificuldades, que porventura lhe atormentassem naquele lugar.
No dia seguinte ele visitou a Cooperativa Canguru, na Colônia Gurupi, onde teve uma longa e proveitosa prosa com o gerente daquela empresa, o Sr. Galdino Claudino Andrade, um sujeito bastante educado, que lhe emprestou uma máquina de escrever, na qual escreveu as seguintes informações: “Acaba de chegar neste lugar um especialista em prótese dentária, o seu laboratório está instalado no Hotel Açailândia, vale a pena conferir e comprovar o que estamos anunciando”.
A mensagem foi colocada nas casas do povoado. Foi o bastante, em poucos dias ele formou uma boa clientela. Com o dinheiro que ganhou, deu para comprar um terreno, no qual construiu uma casa para morar e trabalhar no centro do povoado. Numa das suas salas ele montou o seu local de trabalho e em outra, uma empresa comercial. O restante da casa ficou servindo de garagem, residência e abrigo para as suas meditações culturais e espirituais.
A partir de então, ele começou mostrar o que um homem de bem é capaz de fazer pelo progresso do lugar que escolheu para morar e criar a sua família. Ele fundou escolas, clubes sociais e culturais. Fez amizade com todos os que atendiam no seu estabelecimento comercial. Isso lhe deu credibilidade e confiança na comunidade.
REINICIANDO OS ESTUDOS
Como bem disse o poeta Fernando Pessoa: Somos o intervalo entre o que desejo ser e o que os outros me fizeram. O admirável e imutável em tudo isso é que a história de cada um de nós é única. Somos únicos e insubstituíveis, principalmente quando temos conhecimento e determinação para enfrentar todas as dificuldades, que eventualmente possam lhe atingir.
Se a manhã um de nós não existir, o mundo será diferente, nossa biografia é importante. Por isso, precisamos contar nossa história, escrevê-la e reescrevê-la, quantas vezes for necessário, porém de forma original. A maquiagem descaracteriza todas as virtudes da humanidade. O amor, a ética, a honestidade, tem que ser vivido em plenitude.
Por ser um homem destemido e corajoso, aos 18 anos saiu de sua terra natal, do meio de sua parentela para estudar e trabalhar na cidade que escolher como pasárgada, pois na cidade de origem não havia escola de Ensino Médio. Mas na intenção de continuar os seus estudos, logo que lá chegou, escreveu para o Instituto Universal Brasileiro pedindo material para fazer o Ginásio por correspondência. O pedido foi atendido e o material enviado via correio.
No final de fevereiro de 1974, ele esteve conversando sobre o curso que fazia com o professor José Nunes Silva, que naquela época ministrava aula de matemática para alunos da 4ª série primária, na Escola Municipal Gonçalves Dias, do lugar que estava morando. Aquela conversa resultou na fundação do “Ginásio Professor José Nunes”, fundado no dia 3 de março do mesmo ano. Assinaram a ata de fundação os professores José Nunes Silva, Luís Gonzaga Silva, Sandra Silva, Washington Silva e o estudante Evangelista Mota Nascimento, na qual ele estudou até o final do ano de 1976.
Com o incentivo dos fundadores do ginásio em Açailândia, em maio de 1975, o professor Dogival Gerônimo da Silva fundou naquele lugar o Colégio José Américo de Almeida, onde ele se matriculou e estudou Contabilidade. A formatura da primeira turma deu-se no dia 13 de dezembro de 1980.
Foram seus colegas de aula e formatura, como Técnico em Contabilidade, no Colégio José Américo de Almeida: Almir de Jesus Nascimento, Antônio Gomes Vieira, Antônio José Almeida Araújo, Antônio Ferreira Miranda, Antônio José de Sousa, Antonieta Gomes Figueiredo, Ana Maria Miranda Cruz, Diram Santos Miranda, Francisco Cardoso Costa, Francisco Sousa Lima, Filina Sousa Alves, Genecy Pereira Lima, Glória Regina Almeida Araújo, Joidelmo de Andrade, Luzia Barros dos Santos, Manoel Sátiro Parente de Sá, Marco Antônio Rodrigues Cruz, Maria Nalva Silva Sousa, Maria Aparecida Alves Brandão, Maria de Lourdes Santos, Maria Francilene Silva, Nilson Ramalho Diniz, Natanael Costa Primo, Ornil Alves Ferreira, Rosilda Pereira Macedo, Rosilene Ferreira Lima, Rosilene Vieira Oliveira, Virgínia Aranha da Silva e Wilson Oliveira da Silva.
Os professores foram: Albino Joaquim do Nascimento, Dogival Gerônimo da Silva, Dorneles Malta de Sousa, Dário Brito Cruz, Eduardo Hirata, Hélio Rodrigues Brás, Haroldo Silveira Leite, João Batista Mendes da Silva, Maria Emes, Maria do Nascimento Ferreira, Maria de Lourdes Cardoso, Sílvia Emes, Raimunda Ferreira do Nascimento, Tânia Silveira Leite, Valdomiro Torres Pântono e Zildete Almeida de Sousa.
No momento que ele recebeu das mãos do diretor da escola, o seu diploma de Técnico em Contabilidade, leu o seguinte discurso:
- Senhoras e Senhores,
Aqui estou com a alma envaidecida, por pensar que em alguns anos passados eu chegava neste Colégio, na condição de estudante da 7ª série, quando me foi dada a graça de ser matriculado na 8ª
série ginasial, matrícula aquela que perdurou até o presente momento. (Durante esse período fui orientado pelos professores e pelos livros que eles adotaram para melhorar o nosso aprendizado). Hoje, na qualidade de concludente do 2º grau, recebo das mãos dos meus queridos mestres o “Diploma de Técnico em Contabilidade”, um documento que me dá direito de exercer a profissão de contador, a qual será desenvolvida com responsabilidade e honradez em todos os trabalhos que irei prestar aos meus clientes. De igual modo deverão fazer os meus colegas, que comigo foram diplomados nesta memorável casa de ensino.
Há poucos minutos, de viva voz prestamos solene juramento, fazendo compromisso de nunca usar o diploma que acabamos de receber, como instrumento de vaidade pessoal e sim como documento que nos autoriza ao uso da nobre profissão que escolhemos para a manutenção de nossas vidas e de quem mais pudermos ajudar.
Apesar de bem preparados, tenho a convicção de que por muitas vezes será necessário consultarmos os livros e também os mestres que nesta escola nos orientaram a sermos bons profissionais, pois sem as suas orientações a continuação do nosso trabalho poderá não alcançar os resultados esperados.
Aqueles que vierem até nós, em busca de esclarecimentos, haveremos de dar-lhes conhecimento e confiança do que aprendemos para o trabalho que ora se inicia. Pois aqui estamos com a convicção absoluta de que compomos uma equipe de contadores que juntos procuraremos dar a polidez deste colégio que nos premiou como Técnicos em Contabilidade. Procuraremos ainda conservar esta profissão com amor, respeito e, sobretudo, dar aos nossos futuros clientes a qualidade nos serviços que a eles iremos prestar.
Dos nossos mestres e familiares, solicitamos todo apoio necessário para o enriquecimento do trabalho que pretendemos exercer, principalmente, quando estivermos no exercício da profissão, pois sem este apoio nossos trabalhos poderão não alcançar resultado satisfatório.
Aos nossos futuros clientes, peço que nos deem firmeza e coragem para que possamos trilhar pelos espinhosos caminhos que escolhemos como profissão daqui para frente.
Por fim, peço permissão para lembrar a memória daqueles companheiros que já foram convocados para o colégio celestial, os quais, quando em vida deram formação exemplar há muitas famílias. Por terem se conduzido no caminho da retidão, hoje eles colhem os louros dos vossos ensinamentos lá no paraíso.
Senhoras e Senhores aqui presentes, recebam destes novos contadores e amigos os mais sinceros agradecimentos, quando regressarem aos vossos lares, transmitam aos seus familiares e amigos, estas recomendações.
A todos, nosso muito obrigado!
INGRESSANDO NA UNIVERSIDADE
Como o seu objetivo, era se capacitar ainda mais, em julho de 1983, foi à capital do estado prestar vestibular para Medicina na Universidade Federal do Maranhão. Entre os 416 candidatos concorrentes, ele conseguiu se classificar em 10º lugar. E foi com a ingenuidade de um calouro, que dias depois de ter saído o resultado dos aprovados em tão concorrido concurso, ele entrou pela primeira vez em uma universidade.
Na sala de entrada da reitoria, ele viu pendurados pelas paredes, vários quadros com fotografias dos ex-professores que por ali passaram e deram àquela instituição as suas contribuições. Viu também, que no meio daquele casarão de arquitetura neoclássica, havia um pequeno jardim e uma estátua de uma pessoa, esculpida em bronze. Um pouco mais a frente, viu várias salas, as quais tinham portas e janelas de vidros coloridos, nelas funcionavam os laboratórios, refeitórios, bibliotecas e aulas teóricas.
Na entrada principal da biblioteca estava escrito a seguinte inscrição: “Ele acendeu e transmitiu a flâmula sagrada; o princípio que traz o seu nome iluminado, os espaços celestes dos que aqui chegaram com objetivo de contribuir com o crescimento desta casa de ensino superior, que continua pesquisando fórmulas mais compreensíveis para o conhecimento cultural e social de todos nós”.
O acesso para cada uma delas dava-se por passarelas com piso de cimento e coberturas com telhas de barro, nas suas laterais haviam vários bancos construídos com granito, que exibiam nos encostos, nomes de empresas comerciais, certamente as patrocinadoras daquelas estruturas. Em um daqueles bancos ele se sentou da bolsa tirou o seu diário e com uma caneta esferográfica escreveu a movimentação das pessoas que por ali passeavam gente que comia sanduíche e tomava refrigerante, outros mascavam chicletes e namoravam.
Como fazia poucos dias que aquela universidade havia divulgado a relação dos aprovados no curso de Medicina, por ali se encontravam outras pessoas com boinas verdes nas suas cabeças, um disfarce que deixou ele mais à vontade para ir até a cantina daquela entidade tomar um suco de fruta. Enquanto degustava aquela bebida, passou por si uma moça a quem ele perguntou: - Onde fica o departamento de matrícula do curso de Medicina?
- Bem ali, ela disse e com a mão direita apontou a direção de uma sala de três compartimentos que estava na sua frente. Ele agradeceu a informação e imediatamente foi para o lugar indicado pela moça. Quando lá chegou, foi por uma distinta senhora de meia idade recebido na porta de entrada e com doces palavras ela perguntou o que ele precisava.
Ainda um tanto acanhado, do bolso tirou a carteira de identidade, o certificado de conclusão do segundo grau, o diploma de Técnico em Contabilidade e a prova de que tinha passado no vestibular de Medicina daquela Universidade e entregou para aquela simpática senhora, que no mesmo instante deu uma rápida olhada na documentação para conferir se tudo estava correto. De cara viu que ele era um homem de grande conhecimento, a menor nota que tinha no seu boletim escolar era 8,5. O seu nome também expressava algo muito extraordinário, um sinônimo de religiosidade. Viu também, que ele tinha sido o 10º em classificação daquele curso. Em seguida, ela preencheu e assinou a sua ficha de matrícula e entregou-lhe o calendário de aulas e as disciplinais que haveria de estudar naquele primeiro semestre.
Como qualquer outro calouro, ele entrou naquela universidade cheio de entusiasmo, no entanto, não demorou muito para começarem a aparecer às dificuldades e as decepções, mesmo assim concluiu as matérias básicas do curso em tempo hábil.
Quando se preparava para concluir o 8º período do curso, lá pela metade do mês de julho de 1987, chegou a casinha que morava com a esposa e seus quatros filhos. A alegria foi tamanha, que ao tomar em suas mãos o filho caçula, que naquela época tinha menos de dois anos, seu braço esquerdo bateu em um espelho que estava pendurado na parede. Por causa do impacto, ele se fragmentou em vários pedaços e caíram em cima do bebê, que se assustou e teve febre alta minutos depois, por isso foi levado ao hospital de plantão, onde ele foi examinado e medicado pela Dra. Maria Alice.
No dia seguinte, eles foram conhecer alguns pontos turísticos da cidade: praças, igrejas, teatros, museus, entre outros. No decorrer daquele passeio, o menino demonstrava não estar bem e por isso foi consultado e examinado por vários outros profissionais da pediatria, que solicitaram dezenas de exames laboratoriais do menino, mas nenhum deles diagnosticou o problema da criança, que a cada dia se agravava ainda mais. O empenho dos médicos era grande, eles queriam descobrir e tratar a doença do menino, que havia parado de falar e crescer.
Nos dias 17 e 23 de maio e 6 de junho de 1988, ele foi examinado por uma junta médica, formada por profissionais do ramo da neurologia e radiologia, os doutores: Benjamin Ohana, Saul Raychtock e Enemézio Martins e decidiram que seus pais o levassem ao Hospital de Base, em Brasília, naquela época lá trabalhava um médico oriundo da Rússia, com quem agendaram consulta para as 10 horas do dia 25 de julho.
Três dias antes da data, seus pais o levaram a Brasília. Na cidade de Taguatinga ficaram hospedados, em casa de parentes. No início da noite que antecedia a consulta, ele teve febre, foi levado a um pronto socorro, o médico de plantão receitou ASS infantil e o liberou. Depois que foi medicado, seus pais o colocaram em uma cama e minutos depois ele dormiu.
Ninguém viu, mas por volta das quinze horas do dia seguinte o seu coraçãozinho deixou de bater no seu peito, sem alarme ele faleceu. Os seus pais que dormiam no mesmo quarto só perceberam aquela fatalidade no amanhecer do dia, quando se levantaram. A morte do menino deixou os seus pais desesperados, mesmo assim tiveram força para providenciar o traslado para Açailândia, onde foi velado e sepultado no dia 28 de julho de 1989.
Foram dois anos de luta, mas Deus quis assim, até compreenderam, que tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz. Evidentemente é inadmissível simplificar a discussão e fato como esse, até porque o sistema de ensino superior público estava, naquela época, atrelado à burocracia e à falta de sensatez, por isso ele perdeu a oportunidade de realizar o sonho de se formar e ser um bom médico.
Mas como bem disse a escritora Rosana Braga: “O charme da história e sua lição enigmática consistem no fato de que, de tempos em tempos, nada muda e mesmo assim tudo é completamente diferente”. Isso aconteceu com o pai do falecido, um brilhante estudante do 8º período de Medicina na Universidade Federal do Pará, que por não ter trancado a matrícula, durante os quase três anos que ficou cuidando da saúde do seu filho, foi jubilado. Um fato lamentável, mas foi o que aconteceu apesar de ter procurado a Reitoria e a Justiça Estudantil para reconsiderar os fatos, mas nenhuma das partes lhe atendeu, isso lhe causou muita tristeza e constrangimento.
Numa linda sexta-feira do mês de junho do ano de 1991, um jovem homem desprovido de vaidade, porém, com inteligência e de muita fé em Deus e amigos na terra, mas por ter se esquecido de trancar a matrícula do curso de Medicina que fazia na Universidade Federal do Pará, no período que esteve cuidando da saúde do seu filho caçula, que faleceu em Brasília, no dia 25 de julho de 1989, foi sumariamente jubilado. Acordou cedo, como de costume, abriu as portas e janelas de sua casa e viu que
o dia estava alegre. O sol aparecia no horizonte com brilho radiante. Na sua escrivaninha, que ficava de frente para o nascente, ele ficou por 3 horas refletindo sobre tudo o que estava acontecendo consigo.
O ENCONTRO COM O DOUTOR MARQUES
Às 11 horas, ele se levantou para almoçar, ao chegar à mesa, toca a campainha, na porta da frente. Como estava sozinho, imediatamente foi atender o chamado. Para sua surpresa, lá estava o Dr. José Marques Gonçalves, um velho amigo do seu tempo de universidade, que vinha lhe visitar. A conversa foi familiar e descontraída, enquanto os dois almoçavam. Marques falou da sua nova especialidade, a de cirurgião dentista, do Disco Fascinação que havia gravado (uma história de pura determinação Divina), que estava fazendo o maior sucesso nas paradas musicais do país e com isso entrou no assunto que pretendia explorar naquele encontro de amigo.
De forma simples, porém sincera, ele disse: - Amigo, apesar da distância que tem nos separado nestes últimos anos, estou seguindo os seus passos pelos jornais e outros meios de comunicação de massa existente neste imenso país. Através de amigos dos nossos velhos tempos de faculdade, fui informado que você perdeu o seu curso de medicina, o que me deixou preocupado e triste, pois eu sabia que era o seu maior sonho, um dia ser médico, escritor, filósofo e professor. Preocupado com isso, vim até aqui para lhe oferecer uma ajuda.
- Que ajuda?- Perguntou.
Disse o Dr. Marques: - As instituições financeiras têm linhas de crédito para financiar estudante de nível superior, o juro é acessível, com este dinheiro você paga a mensalidade de uma universidade particular, aluguel, transporte e alimentação até terminar o seu curso. Com o diploma na mão, não lhe vai faltar serviço, pois você já é um profissional, que muito sabe fazer, o que lhe falta é habilitação e isso pode ser rapidamente conquistado, basta participar de todas as aulas e debruçar-se sobre os livros e fazer os trabalhos solicitados pelos professores.
Quase sem palavra ele agradeceu as sugestões do amigo, mas lembrou-o de que a burocracia brasileira tem desestimulado muitas pessoas a seguirem em frente com seus projetos, principalmente nos que precisam de investimentos financeiros e de forma simples parabenizou o amigo, sobre sua nova especialização e a triunfante coragem de ter lançado um disco musical. Agradeceu também a visita que ele acabava de lhe fazer e pelas valiosas sugestões que foram para si como um grande presente.
Naquele momento o telefone toca, ele pediu licença ao amigo e foi até a sala que estava o aparelho chamando sem parar. Quando tirou o interfone do gancho, ouviu do outro lado da linha uma
voz sorrateira dizendo: - Prezado senhor, nesta manhã recebemos do Dr. Marques um e-mail lamentando que um dos seus maiores amigos, havia sido jubilado do curso de medicina que estava próximo de ser concluído na Universidade Federal do Pará. Lamentou ainda a burocracia e a rigidez daquela instituição de ensino superior em ter lhe cortado do seu quadro de estudante um aluno dedicado, sem antes procurar saber o que lhe levou a ficar sem estudar, como já passamos por situação idêntica, pretendo te ajudar a resolver este caso, disse o interlocutor que estava do outro lado da linha e desligou o telefone.
Marques, que estava do lado, notou que o amigo tinha mudado de cor, logo que o telefone foi desligado, perguntou: - “Quem estava ao telefone falando com você?”
- Um desconhecido que não quis se identificar, apenas disse que lhe conhecia e lamentava pelo que tinha acontecido comigo e se ofereceu a me ajudar arranjar uma faculdade particular para que eu pudesse me formar, respondeu.
Marques, que já havia terminado de almoçar, ficou agradecido e foi descansar em um quarto de hóspede que ficava do lado da sala de jantar, ele também entrou para o seu quarto de dormida. Uma hora depois de lá saiu, com os olhos avermelhados e os passos vacilantes, a boca contraída e os cabelos
em desordem. Na escrivaninha se sentou e escreveu uma carta ao desconhecido que lhe prometia ajudar a conseguir uma faculdade para estudar. Depois que a carta ficou pronta colocou-a no envelope, retornou ao seu aposento de descanso, tomou um banho, vestiu-se com uma roupa nova e na porta da frente de sua casa ficou conversando com o amigo que também já tinha se levantado da cama. Os dois por ali ficaram esperando passar um táxi. Não tardou, um carro de aluguel cruza a rua de sua residência e com um simples sinal ele estacionou. Com sua esposa e o amigo ele foi apresentar ao ilustre visitante os pontos turísticos da cidade que morava.
Em um confortável ambiente de lazer deram uma parada. Lá desceram do veículo, pagaram a conta e dispensaram o taxista. Com a esposa e o amigo ele dividiu atenção, tomaram sorvete de fruta e comeram pizza de framboesa com suco de laranja.
Como já estava se aproximando do horário de partida, ele chamou um táxi e foram para a rodoviária. Lá, ele tirou do bolso a carta e para o amigo entregou dizendo: - Leve este documento e entregue para o seu amigo, ele tem algo interessante para te falar. Deu o telefone e o endereço do encontro que os dois haveriam de ter logo na semana seguinte.
Marques, que também é poeta, ali se despediu dizendo: Daqui saio alegre por ter visto o amigo com sua família, todos com saúde com saúde, ética e determinação para em tempo hábil, entrega-me um documento que certamente vai lhe ajudar terminar o seu curso de medicina, o que certamente fará de si um grande profissional.
Foi uma demonstração de respeito que o doutor José Marques Gonçalves deu para o amigo Evangelista Mota Nascimento e sua esposa Raimundo Ferreira do Nascimento, que concordaram com a frase: “Tudo neste mundo tem o seu dia para acontecer”; uma demonstração de que aquele encontro foi programado por Deus para acontecer naquele dia e de forma espirituosa.
Já era noite, quando ele embarcou para a cidade que morava, onde iria cumprir tudo que havia agendado com o amigo, que tinha perdido o direito de estudar numa universidade pública, uma intenção fraterna de ajudar quem de ajuda precisasse e como tal, ele agradeceu-o pela visita. A conversa e as sugestões que lhe ofereceram, todas foram de grande valor profissional. E acrescentou: -“Você foi e será meu eterno padrinho, um amigo do coração, aquele que nunca falha” e com um triplo e fraternal abraço, ali os dois se despediram exatamente na hora do embarque, o ônibus partiu levando um amigo para outro lugar distante.
INGRESSANDO NO MAGISTÉRIO
No início do ano de 1980, ele foi convidado pelo professor Raimundo Silva Porto a ministrar na escola Dr. José Sarney, uma palestra sobre História do Maranhão, para alunos da 4º série. O convite foi aceito e agendado para as 14 horas do dia 3 de março.
No dia e hora marcada ele adentrou o recinto da escola que iria ministrar a palestra, onde fez o que todo palestrante faz ao se apresentar ao público. Em seguida, usando de alguns conhecimentos, pausadamente passou a expor o assunto em pauta para 28 alunos.
Mesmo com algumas limitações, ele expôs o que estava programado. Foram cerca de 60 minutos de conversa e 30 de perguntas, todas respondidas a contento. No momento que deu a palavra final, o professor Raimundo Silva Porto entrega-lhe o contrato de professor titular da escola, para ensinar: Ciência, História e Programa de Saúde.
A partir de então, passou a fazer parte do corpo docente de Açailândia, trabalho este, que foi continuado em outros estabelecimentos educacionais da rede privada e pública, até os dias de hoje.
Em 1991, ele foi ao Rio de Janeiro tratar de alguns negócios particulares. Quando passeava pela Av. Ernâni do Amaral Peixoto, viu na casa de número 836, Niterói, escrito com letras grandes o nome de “Centro Educacional de Niterói”, que era conveniado com a Fundação Brasileira de Educação Superior, responsável por Capacitação e Aperfeiçoamento Profissional de Professores de 1ª à 4ª Série, nos termos do Art. 16 da Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971.
Empolgado com o que estava escrito na parede daquela casa, ele ali adentrou para conhecer melhor aquela instituição e lá dentro teve a felicidade de se encontrar com a Pedagoga Maria de Lourdes, que morava na cidade de Imperatriz, Estado do Maranhão, conversando com Nilde Pereira Muniz, Diretora Regional do MEC, sobre a possibilidade de montar nas cidades de Açailândia e Imperatriz um polo de capacitação de professores. A ideia era tão boa que ele agradeceu e incentivou ainda mais aquelas autoridades educacionais a levarem adiante o projeto em discussão.
No dia 23 de julho de 1992, o curso foi instalado em Açailândia com 43 alunos matriculados, entre tantos, estava Evangelista Mota Nascimento, que com dedicação e responsabilidade, no dia 24 de julho de 1994, foi diplomado professor de 1º à 4º série, cuja diplomação foi sequenciada, por várias outras, até porque já exercia tal profissão, desde o mês de março de 1981.
Em julho de 1998, a professora Laura de Jesus Oliveira instalou em Açailândia, o Instituto de Ciências Filosóficas do Maranhão, que deu seguimento à formação de muitos professores na cidade, entre tantos, lá estava o guerreiro e esforçado professor Mota, que no dia 2 de fevereiro de 2003, foi diplomado em Filosofia, pela Faculdade Associada de Filosofia, Teologia, Ciências Humanas e Sociais, polo de Imperatriz.
Pelo fato de estudar em tempo integral numa cidade que ficava cerca de 80 quilômetros da que morava e à noite ainda ter que ministrar aulas para 5 turmas da rede municipal, ele dormia muito tarde, porém cedo já estava acordado. Leitura de livros e trabalhos escolares fazia a bordo do ônibus que o levava a faculdade, onde também se formou em Pedagogia, um ano depois.
Aquele excesso de estudo e trabalho deixava-o sem tempo até para comer e cuidar de sua família. Apesar de tudo isso, ele trabalhava com entusiasmo e bem humorado e de nada reclamava. No dia que se formou, disse para os colegas e professores, algo mais ou menos assim: “Nesta memorável noite, quis o Grande Arquiteto do Universo, que todos nós estivéssemos aqui para Dele receber bênçãos de gratidão pela conclusão de mais um curso, uma investidura que fará de nós eternos sacerdotes da
educação, o que lhe inspirava dizer, que somos bem aventurados. As coincidências existem, mas nunca declinam contra a carreira que escolhemos.
Somente o Divino Criador de todas as coisas pode negar novos horizontes para aqueles que não tiveram a felicidade de nascer. Só Ele pode nos dar o privilégio de ter nascido e aqui estar para comemorar essa silenciosa e fria noite de onde vamos viajar para outros lugares mais longe, para ver aqueles que estão com outros irmãos elevando orações, e professando cânticos de fé.
Portanto, ainda dirão que isto sempre foi assim e existem aqueles que veem a educação como sendo coisa separada do resto da sociedade e isso não podemos aceitar, porque somos testemunhas de boas informações. E acrescentou: - São vários os motivos que me deram alegria nesta memorável noite. Entre os 11 filhos que meus genitores geraram, eu fui o único que, a duras penas, conseguiu se formar.
Em janeiro de 2004, ele iniciou no Centro de Avaliação, Planejamento e Educação do Maranhão a sua Pós-Graduação, especializando-se na Educação do Ensino Superior, curso aquele que terminou em março de 2005. A partir de então, compreendeu que a educação e os livros quando bem usados, fazem parte da mais completa cultura que o homem já pode alcançar no decorrer de sua vida, mesmo que não tenha o apoio da família, como foi seu caso, pois tudo que aprendeu, foi por iniciativa e determinação própria e para homenagear os seus familiares.
O DISCURSO DE FORMATURA
Ao receber dos reitores e diretores das instituições que ele se formou, os diplomas de Filósofo, Pedagogo e Especialista em Educação do Ensino Superior, saudou a todos que ali se faziam presentes naquele memorável evento cultural. Depois das saudações de praxe, leu o seguinte discurso:
Se observarmos o que o conhecimento é capaz de fazer no homem é possível ver o coração, fazer chover amizade sobre as criaturas humanas, tanto quanto o firmamento faz chover nos campos mais áridos e tristes da face da terra. A orvalhada das noites, que se esvaem com os sonhos de manhã, ao cair das primeiras flechas de ouro do disco solar que brilha na nossa mente, os quais geram grandes conhecimentos e fazem parte da visão intelectual dos que estudam e ensinam outras pessoas carentes de conhecimentos.
Embora o realismo dos adágios teime no contrário, o arrojo de enfrentar pelo menos uma vez a sabedoria dos provérbios das escrituras sagradas e dos livros que lemos no caminho da faculdade, certamente eles lhes disseram “o maior pecado do homem é não saber como é certo, o que corre neste mundo, ou, pelo menos, muitas e muitíssimas vezes não se espalham pelos que não têm o hábito de ler, estes sim, vivem longe do coração daqueles que pensam que a filosofia do saber é a ciência das letras”.
A mente e o coração de uma pessoa que lê muito é bastante fértil. Há, neles, mais que um prodígio moral e filosófico. Porque eles são os órgãos da consciência, da fé, da esperança, do ideal e da vida e do conhecimento humano. Por isso é que os livros saem da odisséia e sobem na arte da compensação do povo, dos costumes da liberdade e da república das letras, que prosperam os estados, que moralizam as sociedades honradas e nações de qualquer fronteira.
Quis com isto enfatizar que o aprendizado não está na língua que estudamos e sim no entendimento da interação das forças que a natureza projetou para cada um de nós. Isso também diz que o segredo do bom entendimento está na observação atenta dos fenômenos existentes na natureza, na sinceridade absoluta para conosco mesmos que no aprendizado de sua linguagem gráfica, ou seja, o movimento das linhas que você mapeia para andar durante a sua vida por elas.
Para os olhos mortais do homem, a educação é o mais velho dos princípios que regulamenta a palavra, e ela foi escrita à mão na primeira página de seu livro, antes mesmo de ser pronunciada. Alguns cientistas creem que ela seja cega, enquanto outros, talvez mais sabiamente, alegam que ela viaja cegamente e que, na verdade, não possa ver nada, exceto, enxergar os finos traços das aspirais e galáxias derramadas no vazio que o conhecimento do homem reservou para ele.
Neste contexto o conhecimento afirma que só existem dois dias do ano sobre os quais nada pode ser feito. Um deles se chama ontem e o outro é o amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para você amar, sonhar, ousar, produzir e acima de tudo acreditar que a educação traz conhecimento para aqueles que antes mesmo de nascer, foi iluminado por Deus.
O conhecimento é o poder da força, da vontade e do livre arbítrio que o ser humano possui para transformar muitas e muitas coisas dentro dos limites impostos pela natureza na sua alma, a genética e o mundo externo de cada um de nós. Muitos destes limites são intransponíveis e a isto chamamos de falta de determinação, ou mesmo de vontade em fazer o que tem que ser feito, mesmo que não possa atravessar seus limites. Portanto, considera-se este poder de transformar como sendo uma reação elaborada por situação existente, através das conquistas de sua liberdade interior.
O homem não pode modificar um dia de chuva, mas pode aprender o gostar de um dia chuvoso. Não pode transformar a violência em descontrole do mundo, mas pode aprender a proteger e se
distanciar dela. Talvez não possa modificar as antipatias que alguém sente por você, mas pode modificar a forma com que elas possam ser respondidas sem deixar sequelas graves. Não existe deficiência que o homem não possa transformá-la em eficiência e de boa qualidade.
Se tiver alguém vivendo com negatividade, o homem saberá como modificá-la, assim evitar que sua negatividade desequilibre sua vida. O ser humano aprende a superar as limitações que a vida lhe impõe, desenvolver as outras capacidades e potencialidades que ele ainda não desenvolveu. Dessa forma, acredita-se que tudo neste mundo pode ser transformado e nada deveria tolher a capacidade de alguém ser feliz e fazer muito mais pelos que precisam dos seus feitos.
No mundo inteiro há milhões de pessoas que são felizes quando nada a sua volta tem cara de felicidade e foi pensando nesta felicidade, que passamos por muitas provações, no interior, na cidade, nas escolas do ensino médio, na política, na sociedade, na família, nas universidades e na doença. Mas quando ele recebeu das mãos do reitor da Faculdade na qual estudara, o diploma de graduado em Filosofia, Pedagogia e de Pós-Graduado na Educação do Ensino Superior, fez um minuto de silêncio, enquanto isso, refletiu sobre tudo quanto já tinha acontecido consigo antes de receber os mencionados documentos e certamente, o conhecimento adquirido nestes longos e intermináveis anos de estudos e muito sofrimento. Então refletimos sobre o mundo em que vivemos.
No nosso modesto ponto de vista, o mundo não se importa nem um pouco se você vai ter sucesso ou não, mudar para melhor ou pior. Sua atitude diante da vida não afetará o mundo tanto quanto afeta você mesmo. O fato de que alguém possa ser considerado, educado, inteligente ou abastado de bens materiais, não será o mais importante, o que importa são as boas atitudes que ele apresenta e pratica para o engrandecimento de sua própria vida e dos seus semelhantes.
As pessoas que praticam atitudes positivas, certamente vão desenvolver de forma criativa as suas inteligências, as quais devem proporcionar para si mesmo o que pode possibilitar as dificuldades que lhe cercam no dia-a-dia de labuta. Quando melhorar a sua atitude, automaticamente melhor será a sua capacidade de compreender verdadeiramente, como refletir as coisas que o cercam. Se quiser demonstrar uma expressão com o olhar, precisa pensar, para ter certeza de que é aquilo que a sua alma está esperando. Ninguém, absolutamente, pode mudar a imagem que seus olhos projetam sem antes mudar a maneira de pensar.
Você descobrirá que uma grande atitude poderá criar grandes oportunidades, um processo que pode fazê-lo ainda mais feliz. Ali você vai se descobrir e produzir mais, em menos tempo. É neste caminho que você vai encontrar o que procurava. Se traduzirmos isso para a realidade física do pensamento é possível que você possa manter a sua mente num campo ainda mais fertilizado pelo conhecimento.
Quando nossas atitudes são corretas, nossas capacidades alcançam o máximo, o que é seguido sempre de bons resultados. As atitudes corretas permitem que você se desenvolva como um líder e obtenha algo para todas as situações. Já percebeu que, quanto mais alto chegar numa organização, melhor são as pessoas que vão conquistar naquele e em outros ambientes, boas coisas.
Se você acompanhar conscientemente as suas atitudes, vai passar a conhecer melhor as pessoas com quem entra em contato, como se fossem as mais importantes na terra, mesmo não sendo iniciado no mérito. Se tratar todos dessa maneira, você vai começar a formar um hábito essencial de amor a respeito do trabalho para com elas.
Foi refletindo e imaginando assim, que encontramos caminhos para reavivar a alma, porém sem esquecer que a humildade, a simplicidade e a disposição de ouvir, sugerir e aceitar sugestão em todos os segmentos da vida pode render bons resultados, no que fazer, como fazer, quando fazer, onde fazer e por que fazer isso. Portanto, é necessário que você esqueça a primeira pessoa do singular e passe a usar
somente a primeira do plural, pois só assim reinará fraternidade, igualdade, liberdade, solidariedade e felicidade em você e nas pessoas que lhe cercam com amor e carinho. Desta forma é que pensa o determinado e incansável professor Evangelista Mota Nascimento.
ENTIDADES CULTURAIS E SOCIAIS QUE FUNDOU
Mesmo sendo um homem simples, logo que chegou ao povoado de Açailândia, viu que o lugar que escolheu para morar e trabalhar era desprovido de vários empreendimentos educacionais, culturais e sociais. Como cidadão de visão futurista, idealizou e escreveu alguns projetos de grande envergadura e junto com a comunidade local e circunvizinha, conseguiu fundar e ajudar a manter entidades que muito têm dignificado o seu povo no campo da cultura e socialização.
O seu primeiro investimento foi projetar e fundar uma escola de Ensino Médio e junto com os professores: José Nunes da Silva, Luís Gonzaga da Silva, Sandra Silva e Washington Silva fundou em 3 de março de 1974, o Ginásio Professor José Nunes.
No dia 14 de março de 1974, fundou a empresa Comercial Mota Ltda, que até os dias de hoje, continua operando no ramo de produtos Farmacêuticos, Odontológicos e Hospitalares.
No dia 3 de março de 1976, junto com os mações Alzino Pereira de Oliveira, João Queiroz Alencar e José Antônio Neto, fundou o Triângulo Maçônico 18 de Março.
No dia 22 de junho de 1976, junto com os maçons: Alvimar de Oliveira Braúna, Alzino Pereira de Oliveira, Antônio Padre Neto, Ary Pinho, Antônio Pereira de Sousa, João Queiroz Alencar, João Barbosa Silva, José Antônio Neto, Manoel Unias de Macedo, Moacir Farias Lima, Valmirando Fer-nandes Borges, Vicente Gomes de Oliveira, Wilson Coelho Bandeira de Melo e Wilson do Socorro Passos, fundou a Loja Maçônica Heitor Correia de Melo.
No dia 20 de março de 1977, junto com Mauro Cordeiro dos Santos fundou o Night-Clube, o qual foi a pedra de arrimo das demais casas de diversão do lugar.
No dia 24 de junho de 1978, propôs na Loja Maçônica Heitor Correia de Melo, a fundação do Clube das Samaritanas, Ieda Borges. Sua proposta foi aprovada e consagrada no mesmo instante.
No dia 21 de abril de 1982, junto com os maçons: Antônio Pereira Jurema, Joel Ribeiro da Silva, Alfeu Marciano de Souza, Jair Ribeiro da Silva, Leonardo Lourenço de Queiroz, Osmar Santos Lima, Raimundo Pereira Coutinho e Zezito Justino Silva, fundou no Povoado de Felinto Muller, Estado do Pará, a Loja Maçônica União e Fraternidade Juscelino Kubitschek.
No dia 22 de abril de 1982, propôs na Loja Maçônica União e Fraternidade Juscelino Kubitschek, a fundação do Clube das Samaritanas, Clemilda Ribeiro. Sua proposta foi aprovada e consagrada no mesmo instante.
No dia 20 de agosto de 1986, junto com os donos de farmácia da cidade que morava, fundou a Associação dos Proprietários de Farmácia de Açailândia.
No dia 17 de novembro de 1990, junto com os maçons: Raimundo do Livramento Ribeiro, Agnaldo Figueira de Queiroz, Antônio Ferreira de Oliveira Sobrinho, Delício dos Santos, Dogival Gerônimo da Silva, Élson Pereira Rocha, José Inácio de Lima, Joaquim Teixeira Filho, José Alves de Jesus Sousa, José Manoel do Nascimento, Otacílio de Castro Ferreira, Weimar Lima Verde Moreno, Wilson Coelho Bandeira de Meio e Zezito Justino Silva, fundou a Loja Maçônica Juvino Oliveira.
No dia 18 de novembro de 1990, propôs a fundação do Clube das Samaritanas, O Pelicano. Sua proposta foi aprovada e consagrada no mesmo instante, cuja entidade funciona até os dias de hoje a Loja Maçônica Juvino Oliveira nº 46, porém, com o nome de “Clube das Acácias”.
No dia 11 de maio de 1994, junto com os Demolays Gutemberg Mota Nascimento, Jorge Araújo Dias e Wideglan Ferreira Mota, fundou o Capítulo Demolay Evangelista Mota Nascimento Júnior, que foi patrocinado pela Loja Maçônica Juvino Oliveira.
No dia 20 de agosto de 1996, junto com os produtores de artefatos de espuma e couro, fundou a Associação dos Tapeceiros de Açailândia.
No dia 22 de setembro de 1998, junto com os distribuidores de produtos químicos e farmacêuticos de Açailândia, fundou o Sindicato dos Proprietários de Farmácia do Sul do Maranhão.
No dia 4 de junho de 2000, junto com: Ariel Costa Primo, Antônio Leite Gama, Domingos Isaías Cézar Ribeiro, Estevão Gomes Castro, Fátima Jane Correia Vasconcelos, Hélio Rodrigues Braz, João Bosco Gurgel, José Napoleão Nunes Gomes, José Marinaldo Gonçalves de Jesus, Luís Gonçalves da Costa, Milton Teixeira Santos Filho, Moacir Fernandes de Sousa, Maria Arlene Sales, Nezeilde Araújo da Costa, Otoniel Costa Primo, Raimundo Morais Pessoa, Raimunda Ferreira do Nascimento, Raimundo Telefre Sampaio, Sebastião Moreira Menezes e Wener Roberto dos Santos Moraes, fundou o Centro de Cultura Popular Engenheiro Bernardo Sayão.
No dia 28 de outubro de 2001, junto com os protéticos dentários da região Sul do Maranhão, fundou o Sindicato dos Dentistas Práticos do Sul do Maranhão.
No dia 29 de abril de 2004, junto com Amaro Pedrosa, Erno Sorvo, Eulália Dias do Norte, Francisca Francila Silva de Miranda, Francisco das Chagas Pereira Vieira, Francisca Cardoso de Araújo, Francisco Bueno Júnior, Hélio Rodrigues Braz, Jaqueline Melo Galdino, Jessé Cutrim Gonçalves, João Bosco Gurgel, José de Ribamar Teixeira, Luís Gonçalves Costa, Maria Enoy Brito dos Santos, Marcos Antônio Silva Camelo, Raimundo Nonato Ribeiro Bezerra, Walter Maxwell Abreu de Carvalho e Williams Pereira Alves, fundou a Academia Açailandense de Letras.
Foi também co-autor das seguintes fundações: Loja Maçônica União e Fraternidade Grajauense, fundada em Grajaú-MA, no dia 14 de janeiro de 1976; Loja Maçônica Luz do Oriente, fundada na Vila Bela Vista, Estado do Pará, em 18 de novembro 1995; Loja Maçônica Monte das Oliveiras, fundada em Açailândia, em 22 de junho de 2000; Loja de Perfeição Arco Iris, fundada em Açailândia, no dia 28 de novembro de 1994; Capítulo Cruzeiro do Sul, fundado em Açailândia, no dia 29 de maio de 1995; Escola Infantil Nelson Oliveira, fundada em Açailândia, no dia 26 de outubro de 2007.
Nestas e outras entidades, ele recomendou aos seus membros combaterem a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros, e glorificarem o direito à justiça e a verdade, promover o bem estar da pátria e da humanidade, levantarem templos à virtude e cavarem masmorras ao vício. Recomendou também, que nas horas difíceis peçam a Deus luz e sabedoria para resolverem as dificuldades sem ofender ou prejudicar um só dos que lhe criticam, pois nestas casas “não se fala mal de pessoas, ora-se por elas”.
REALIDADES E MERAS COINCIDÊNCIAS
Se imaginarmos que o mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos é a mesma coisa de pensar que alguém começou a ter sucesso antes mesmo de completar seu primeiro ano de vida. Nos dias de hoje é possível observar inúmeras semelhanças de imagens que comparadas com a realidade elas têm representação reduzida do objeto real e ao mesmo tempo é uma ampliação da figura que aparece no negativo dela, exemplo disso está nos discursos que o Apostolo Paulo fazia quando pregava a palavra de Deus no seu estado de fé.
Mesmo que você seja pego de surpresa, experimentando outra fé, a maneira como você encara a vida é que faz toda diferença, principalmente, quando se encontra perdido nas prateleiras de uma biblioteca um diário, que relata a história de uma tradicional família, que residia numa pequena comunidade do interior do Maranhão e na sua primeira página estava escrito: “foi numa linda sexta-feira, de 3 de março do ano de 1922, que nasceu um robusto menino; na quarta-feira, dia 14 de janeiro de 1925, uma bonita menina; no domingo, dia 12 de março de 1928, um grande bebê e no sábado de 8 de agosto de 1931, uma bela menina. Ambos nasceram de parto normal e em lugares bastante diferentes um do outro e eram todos filhos de agricultores que nunca se viram, até por que moravam muito longe”.
Até parece sem muita importância o que estava escrito naquele diário. Mas partindo do princípio de que toda semelhança com a realidade é mera coincidência, ela pode ser transformada em uma grande história que resultou em juras de amor.
Apenas usando das modestas faculdades mentais no campo da investigação, descobriu-se que o 1º foi batizado com o nome de João Ferreira do Nascimento, 2º de Perpétua Ferreira do Nascimento, o 3º de Manoel Mota do Nascimento e 4º de Maria Tomás Mota. Observando estes nomes é perfeitamente compreensível dizer, que havia entre eles certo grau de parentesco. Descobriu também, que todos foram criados no mais absoluto rigor dos costumes da época.
Por isso mesmo a longa distância que os separavam uns dos outros, o primeiro contato, que eles tiveram deu-se lá pela década de 40, exatamente quando um rico fazendeiro daquela região resolveu fazer na sua propriedade uma grande festa. Um mês antes do evento ele determinou que alguns dos seus trabalhadores fossem em todas as casas daquela redondeza e convidasse os seus moradores para aquela confraternização festiva, que foi regado com muita comida e bebida forte.
Naquela época, homens e mulheres costumavam ir para as festas trajando-se em bons ternos de linho e gabardina branca, sapato de couro e chapéu de massa na cabeça, as moças se vestiam com longos e confortáveis vestidos de vuale com flores azul-celeste e cingido de fitas cor-de-rosa e cravejados de botões da mesma tonalidade.
No dia e hora marcada chegam os convidados, entre eles, estavam os dois rapazes e as duas moças, acima mencionados. Ambos tinham estaturas medianas e olhos de falcão, cujas características certamente fascinaram-nos logo no primeiro olhar, um sentimento sincero e recíproco que os uniu desde o primeiro instante em que se viram. Por algum tempo. Aquele proibido namoro foi mantido em completo sigilo, correspondiam-se através de olhares furtivos e cartas confidenciais.
Quando seus pais souberam do namoro, logo procuraram o padre da região para fazer o casamento. O primeiro realizou-se em 15 de julho de 1942, o segundo, em 29 de outubro de 1949, os quais, no decorrer de suas vidas, geraram vários filhos, entre tantos, um menino e uma menina. O menino nasceu num lindo domingo de agosto do ano de 1950 e a menina numa bonita quinta-feira de fevereiro do ano de 1957 e em lugares muito distante um do outro. Mas as coisas do destino são assim, eles foram os únicos da família que se formaram e em consequência disso, fizeram algumas economias
de bens materiais. Fizeram também, pesquisa de mercado e um bom projeto sobre o que pretendiam explorar nos negócios que criaram para a manutenção de seus filhos.
Sem nenhuma pretensão, um deles planejou visitar alguns dos seus parentes no final do ano de 1976 e conforme havia planejado, por volta das 17 horas do dia 15 de novembro daquele ano, ele partiu de sua residência em direção do leste do estado que morava. Lá pelas tantas do dia seguinte chegou à bela e histórica cidade de Barra do Corda, onde deu uma paradinha, na casa de sua tia Ana Ferreira Damasceno. Enquanto com ela tomava café e proseava, viu em cima de uma estante a fotografia de uma linda moça, mas apenas olhou e nada disse. Minutos depois, dela se despediu e continuou a sua viagem.
No dia 23 retornou da viagem, quando chegou à casa da tia Ana encontrou-se com a moça da fotografia, com quem teve uma pequena prosa, a qual resultou no convite para um culto de ação de graças na I Igreja Cristã Evangélica daquela cidade, alusivo às professoras do Colégio Diocesano, que iriam se formar no mês seguinte. O convite foi aceito e na hora marcada os dois foram àquela casa de oração. Lá chegando, sentaram-se no banco da frente, o que certamente chamou atenção do pastor Abdiel Santos, o pregador daquele culto, que abriu os trabalhos lendo o livro de Mateus, justamente no versículo que cita: Vem Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus. Então o reino dos céus será semelhante às dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
Depois da leitura, ele falou do amor familiar e contou uma pequena história de um casal de jovens que casualmente se encontraram no meio do deserto do Saara e se apaixonaram à primeira vista.
Até parece que tudo estava programado, mas de programa mesmo só o da celebração do culto, alusivo à formatura de várias professoras e da visita que ele fazia aos seus parentes naquela região. Terminado o culto os dois de mãos dadas saíram da Igreja em direção da praça central, que ficava a alguns metros dali. Lá ficaram por alguns minutos sentados em um banco de cimento.
A noite estava linda e com uma brisa que vinha do rio, aquilo soprava um ar de floresta verdejante que a lua cheia iluminava.
Sentado naquele banco, eles olharam um para o outro e, minutos depois ele disse: - Moça, fale-me um pouco de sua família, da sua cidade e do que aqui está para acontecer em prol do engrandecimento da cultura deste lugar.
Em poucas palavras ela respondeu a sua pergunta, dizendo: - Por ser filha de agricultores, tenho nome bastante familiar, Raimunda Ferreira do Nascimento. Tenho também sete irmãos, todos moram no interior, onde trabalham para da terra tirarem o sustento para si e para suas famílias. Para esta cidade vim quando ainda era muito pequena para estudar e morar com a tia Ana Ferreira Damasceno e seu esposo, o tio Daniel Tavares Damasceno. Sobre a cidade, apenas sei que ela foi fundada por Manoel Rodrigues de Melo Uchoa, em 3 de maio de 1835. O nome foi dado em razão do rio Corda, antes conhecido como rio “Capim”. Como existiam muitos cipós que se enrolavam em forma de corda, daí o nome rio Corda e por estar geograficamente bem localizada, logo passou a cidade, que foi intitulada de “Barra do Corda”. Com relação ao que está para acontecer, no momento só me lembro da festa de formatura, que o Colégio Diocesano vai fazer no dia 17 de dezembro. Nesta data vão se formar várias professoras, entre elas eu sou uma das concludentes do Magistério.
Mesmo tímido, porém com certa elegância e um tanto poético, ele respondeu a moça dizendo: - Meu pai tem nome de rei, a minha mãe de rainha e também são agricultores por vocação, lá no médio sertão maranhense onde tenho mais nove irmãos. Aqui estou a passeio. Moro em Açailândia, um povoado que fica bem distante. Lá tenho uma pequena empresa comercial e um laboratório de próteses dentárias e na sociedade organizada, tenho algumas participações.
Foi memorável aquela noite, ele mais uma vez foi surpreendido pela moça que lhe fazia companhia, ela lhe convidou para ser o seu padrinho de formatura, uma proposta irrecusável, porém, demorou dizer que aceitava. Como ele já tinha formação em filosofia e entendia de psicologia, ao receber aquela maravilhosa proposta foi cortês e gracioso com a moça, dizendo-lhe que a noite passava com volubilidade serena, de igual modo era a vida de estudante, principalmente, quando estava se aproximando da formatura. Sem mais uma só palavra, reclinou sua cabeça no ombro da donzela, como quem estava pensando, mas estava era tentando preencher os intervalos de sua fala com assuntos que a deixou mais à vontade e com menos timidez, e assim o diálogo continuou entre os dois de forma descontraída até mais tarde. Quando de repente a moça ficou calada e pálida, parecia estar vendo algo estranho. Desconfiado com aquilo ele disse: - Parece que a senhorita vê alguma coisa estranha na sua frente?
- Sim, respondeu a moça. E novamente perguntou ela: - Há poucos minutos passou na nossa frente um jovem homem, que há muitos dias tento esquecer seu nome.
- Por quê? Ele lhe fez algum mal? Novamente perguntou.
- Não, ele foi meu ex-namorado, disse a moça.
- Entendo... Você ainda está por ele apaixonada, falou o rapaz um tanto consternado.
Como quem chorava internamente, a moça suspirava com certa dificuldade, no momento em que pedia desculpas pelo mico que havia cometido.
Com elegância e educação ele disse-lhe: - Senhorita, a filosofia e a psicologia explicam que os sentimentos passam pela gente naturalmente e na maioria das vezes deixam as pessoas distraídas e esquecidas do que estavam fazendo. Portanto, não se assuste! Isso são coisas do destino.
Não havia dúvida, o brilho dos olhos da moça falava a cada frase do seu diálogo. A cada minuto, suspirava fundo para poder voltar à sua normalidade, tanto é que se levantou do banco que estava sentada, dizendo: - Já está ficando tarde demais, portanto, é hora de irmos para casa, porque um novo dia está se aproximado e nele temos muita coisa para fazer.
Sem mais formalidades os dois dali saíram em direção do carro que estava estacionado ao lado, nele adentraram e partiram até a Praça da Bandeira, onde morava a moça. Lá chegando o rapaz foi para o quarto de hóspede dormir numa confortável rede de labirinto, que já estava armada. A moça antes de ir para o seu quarto, veio até a porta que ainda estava aberta e novamente suspirou fundo, com uma voz suprema de quem estava apreensiva por ainda não ter recebido a resposta, se ele aceitava ou não o convite “ser seu padrinho de formatura”, desejou-lhe boa noite e se retirou.
Naquele momento ele pensou mil coisas, como por exemplo: porque entre tantos ilustres filhos da cidade eu fui o escolhido para tão honrosa missão, ser padrinho de formatura de uma linda professora. Mas sendo um homem correto em tudo que fazia, ficou um tanto preocupado pelo constrangimento que estava causando àquela moça, o silêncio era profundo sobre o assunto, no entanto, estava meditando numa forma mais romântica para dar o sim. Deitado naquela rede pensava se aquilo seria um acaso ou uma ilusão. Pareceu-lhe subir a pressão, nem sei se dormiu direito naquela noite. Talvez não.
Quando o dia amanheceu, no rio um banho tomou, se perfumou e trocou de roupa e foi até a sala de jantar tomar café com a donzela, que lá já estava lhe esperando com um lido sorriso. Sem mais formalidade, uma oração de gratidão a Deus ela fez, de quem pediram saúde e muito pão na mesa de todos os cristãos. Agradeceu pelo novo dia que se iniciava e pediu do Pai Celestial muita compressão para todos os seres humanos. Terminada a oração, todos se sentaram nas cadeiras que estavam ao redor da mesa e se serviram de tudo que ali estava exposto: frutas, leite, bolo, mel e beiju de tapioca com paçoca, entre outras iguarias que os nordestinos gostam de usar nas refeições matinais.
Ao término de tudo, ele fez uma pausa, suspirou fundo e a professora respondeu assim, dizendo: - Vale, pois, não o tamanho da responsabilidade que o homem é convidado a aceitar, mas aceito o desafio de ser seu padrinho de formatura, somente agora pude dar-lhe a reposta, pois tudo que faço é devidamente calculado, para que nada dê errado.
Em seguida, com ela agendou o dia e hora que iria chegar naquela cidade para apadrinhá-la. Na sua mão deu um aperto e um leve cheiro no seu rosto, que foi correspondido por outro. Depois, despediu-se dos seus pais e se retirou para a sala, lá tomou nas mãos a sua bagagem e a colocou no automóvel, uma novíssima Brasília. Na ignição deu a partida e engatou a primeira marcha, fez sinal de despedida e por ruas calçadas com pedras seguiu viagem para Açailândia, aonde chegou no fim do dia.
No dia seguinte foi à cidade de Imperatriz, lá comprou um lindo corte de tecido. Depois que pagou a conta, levou-o ao melhor costureiro daquela cidade para dele fazer o seu terno que iria vestir no dia da formatura da professora Raimunda Ferreira do Nascimento, em 17 de dezembro de 1976.
Quando o terno ficou pronto, ele ligou para a moça e com ela falou sobre o modelo e cor da roupa que pretendia vestir no dia de sua formatura. Disse também, que suas ocupações comerciais e profissionais impediam-no de chegar naquela cidade mais cedo, para com ela prosar um pouco mais. Mesmo assim, na hora do evento lá estava como sem falta. A partir de então, a comunicação entre os dois aconteceu semanalmente, porém, por telefone, quando emocionava ainda mais o seu coração.
O ENLACE MATRIMONIAL
Conforme já havia programado, no final do dia 16 de dezembro, de sua casa ele partir em direção da Barra, aonde chegou ao amanhecer do dia seguinte. Depois que tomou café visitou alguns amigos, retornando somente lá pelo meio dia para o almoço na casa dos pais da moça, onde foi recebido por seus familiares e amigos com um delicioso almoço, no qual o poeta e historiador João Pedro Ferreira da Silva, pediu permissão para fazer uso da palavra, que foi concedida sem mais formalidade. Como bom orador, ele iniciou a sua fala fazendo um extenso agradecimento às autoridades e pessoas ali presentes e em rima ele concluiu a sua fala dizendo: - Para que essa festa se torne mais justa e perfeita, faz-se necessário que o Juiz desta Comarca, o Dr. Manoel Gomes, o prefeito Alcione Guimarães, o comerciante Raimundo Fernandes e as professoras Elizabeth Maria e Marlene Queiroz reúnam-se no Cartório Almir Silva, com Evangelista Mota Nascimento e Raimunda Ferreira do Nascimento, com seus respectivos pais Manoel Mota do Nascimento, Maria Tomás Mota, João Ferreira do Nascimento e Perpétua Ferreira do Nascimento, para testemunharem o enlace matrimonial que iremos realizar ainda hoje.
Sem dúvida, a insinuação daquele poeta foi como um incêndio que do nada surge no bosque e rapidamente abrasa o que encontra pela frente e foi o que aconteceu horas depois, eles estavam em nome da lei se casando e às 19 horas, no salão nobre da Igreja Nossa Senhora da Conceição, recebendo do Frei Jesualdo Lázaro, o Diploma de Formatura da professora, que com cavalheirismo deixou a timidez e a mão da esposa beijou, no entanto, nada disse, apenas entregou-lhe o seu Diploma e se retirou do palco.
Era natural que eles saíssem daquele recinto, vaidosos e triunfantes. Mas apesar de todas as vitórias alcançadas, ele dizia para si mesmo, fui longe demais, o que vou dar a essa moça para que me corresponda satisfatoriamente? Pensava, ainda hoje mesmo tenho que voltar para Açailândia, onde tenho inadiáveis compromissos a cumprir, lá nada deixei programado, tudo aconteceu tão rápido, mas seja o que Deus quiser, já estou casado, só resta orar ao Senhor meu Deus e dele pedir muita luz e sabedoria para vivermos bem e constituir uma nova família até que a morte nos separe. E assim iniciava-se ali uma nova aventura entre aquelas duas criaturas.
Ela estava radiante e cheia de felicidade, pois naquele dia se formava e se casava ao mesmo tempo, mas também estava preocupada, pois quase nada tinham programado para tão grande e inesquecível acontecimento, até porque também já estava ciente dos compromissos comerciais e sociais que o marido haveria de cumprir na sua cidade logo no dia seguinte, por isso também demonstrava certa preocupação, em ter que com ele viajar para um lugar desconhecido, logo depois do cerimonial de sua formatura.
Como tudo tinha acontecido de forma improvisada, quando chegou à casa que estava hospedado combinou com o sogro para ir com ele até a sua casa levar a digníssima filha e esposa do convidante, que foi aceito e logo as malas começaram arrumar. Quando o galo cantou, das redes que dormiam eles saltaram e no carro que já estava estacionado na porta embarcaram e por uma estrada enlameada e poeirenta eles partiram em direção do leste.
Ao pino do sol do dia seguinte chegaram à BR-010, que já estava asfaltada, por onde seguiram viagem em direção do norte até o destino traçado para aquela viagem, onde desembarcaram por volta das 15 horas do dia 18 de dezembro de 1976.
Naquela nova rodovia o trânsito era mais intenso, no entanto, foi ali que o casal começou a se comunicar, pois até então, nenhum tinha dito nada. João que silenciosamente viajava no banco de traz do carro, parecia um tanto desprezado pela filha e o genro, mas apesar do longo silêncio ele entendia
que dirigir carro é uma tarefa que merece cuidado e atenção redobrada, principalmente, quando se anda em estrada esburacada como a que acabaram de enfrentar.
Quando em casa chegaram, o carro foi guardado na garagem, em um sofá que estava na sala de visitas os três se sentaram, enquanto o almoço era servido. Uma hora depois eles foram à cidade de Imperatriz, onde tinham agendado para aquele dia inadiáveis compromissos. Depois que ele cumpriu tudo que estava programado, foi até a rodoviária local embarcar o sogro para a sua terra natal. Quando o velho partiu, eles retornaram para Açailândia, aonde chegaram ao amanhecer do dia. Cansados dos compromissos e das longas viagens que havia feito naqueles três dias, logo foram dormir.
UMA LONGA PROVA DE AMOR
Onze horas do dia 19/12/76, acordaram, ainda um tanto sem jeito e foram até a mesa para almoçar, antes, porém, conversaram um pouco sobre tudo que estava acontecendo entre eles. No decorrer daquela conversa, o esposo perguntou à esposa, o que sentiu ela no dia em que eles se encontram na Praça Mela Uchoa de Barra do Corda.
Ela, que ainda estava tímida com o marido, confessou que foi um dia de grande sentimento, quando o viu pela primeira vez, sentiu na alma uma emoção muito forte, tanto foi que, imediatamente tomou a decisão de lhe convidar para um culto de ação de graças e adoração a Deus, ao mesmo tempo para ser o seu padrinho de formatura e para a sua felicidade, tudo aconteceu como ela havia pensado.
Não satisfeito com as suas respostas, ele insistiu que queria uma explicação mais detalhada, pois naquela cidade há tantos ilustres rapazes, e ele que morava tão longe e totalmente desconhecido na região, foi o escolhido para tão nobre missão, a de ser padrinho de formatura de uma jovem professora que certamente tinha naquele lugar muitas amizades.
De forma ainda mais gentil, ela disse para o marido: - O mundo é assim, tudo tem o seu dia e hora para acontecer. Quero que você me conheça primeiro e depois faça jus ao que acabei de lhe contar ao redor desta mesa de jantar, na hora do nosso primeiro almoço como marido e mulher.
Naquele momento alguém da casa anunciou que o almoço já estava na mesa e poderiam se servir à vontade. A conversa entre os dois foi interrompida por alguns instantes e com gentileza, ele tomou em suas mãos o prato da esposa e com um pouco de tudo que havia na mesa a serviu, carinhosamente.
Depois da sobremesa, ela retirou da gaveta de sua escrivaninha um álbum de fotografias, que tinha como título de capa “Vida de Solteiro”. Na primeira página que ela abriu viu uma declaração de amor sem assinatura. Por curiosidade leu-a e sorriu, perguntando ao marido o que era aquilo.
Com um sorriso um tanto fechado ao ser interrogado daquela forma, ele sentiu que a presença da esposa era para si uma necessidade, e à proporção que se aproximava dela, no peito, seu coração batia mais forte, o sangue corria nas veias com mais rapidez, uma razão que a ciência fisiológica explica como sendo a moral e paixão que se espalham, formando assim na intimidade daquele casal, emoções que vinham do espírito e assim se iniciava ali, os primeiros contatos amorosos entre os dois. Era um estado de alma que acabava de ser descoberto pelo invencível amor espiritual. Era também o início da violação de uma liberdade que eles não conheciam, principalmente, quando ele respondeu a sua indagação, dizendo que eram fotos e anotações do seu tempo de solteiro e foi dessa forma que os dois se entregaram um para o outro e foram viver felizes, sem mais nenhuma formalidade.
A união conjugal do casal foi tão perfeita que nas suas aceitações mútuas geraram quatro filhos, O 1º nasceu no dia 3 de setembro de 1979, o 2º no dia 4 de junho de 1981, o 3º no dia 9 de fevereiro de 1983 e o 4º no dia 10 de dezembro de 1985, este último (in memória).
Portanto, se imaginarmos que a paixão é como uma transcendência filosófica, é possível que ela tenha ótica imanente, nos fenômenos naturais existentes na terra, nos quais o poeta se inspira para escrever texto iniciado com letra Maiúscula. No miolo coloca ideias e termina com Ponto.
Esta e outras questões refletem importantes possibilidades sobre a grandeza da alma espiritual, um ser que até o presente momento nenhum olho humano teve o privilégio de ver, nem ouvir a sua voz e isso é o que chamamos de “coincidências que resultou em juras de amor”, até porque diz o ditado que muitos têm se apaixonado pelo que viram e até pelo desconhecido, porque a paixão é intocável, apenas sente-se no peito um aperto no coração amado, o que é bom, belo e bonito e isso tem acontecido com muitos em todos os recantos da terra.
LIVROS PUBLICADOS
Por ter se identificado com a leitura desde que aprendeu a ler as primeiras letras do alfabeto, Evangelista escreveu e publicou, em jornais, revista, livros e mural de escola e outras repartições públicas, inúmeros trabalhos literários, históricos e poéticos.
ENSAIO, lançado no dia 05 de dezembro de 1992, com 40 páginas, nas quais se lê a história de fundação e construção da Loja Maçônica Juvino Oliveira, nº 46, fundada no dia 17 de novembro de 1990, no Oriente de Açailândia. AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA, lançado no dia 04 de setembro de 1996, com 220 páginas, nas quais estão registradas onde, quando e como foi construída a rodovia Belém-Brasília, como foi descoberto o riacho Açailândia, como o lugar se desenvolveu e foi emancipado. Como se deu o desenvolvimento político, educacional, cultural, econômico, religioso e social de Açailândia.
O PROPÓSITO DE DEUS PARA COM A FAMÍLIA, lançado no dia 29 de outubro de 1999, com 20 páginas, nas quais se lê a história dos 50 anos de casamento de Manoel Mota Nascimento com Maria Tomás Mota. O IDEAL DE UM GUERREIRO, lançado no dia ---/---2001, com 67 páginas, nas quais se lê a história de como começou a Ordem Demolay no mundo, como chegou ao Brasil e da fundação do Capítulo Demolay Evangelista Mota Nascimento Júnior, nº 228, fundado no dia 11 de maio de 1994 e instalado no dia 11 de setembro do mesmo ano, no Oriente de Açailândia.
PASSADO E PRESENTE DE UM MENINO CHORUMINGO, lançado no dia 26/01/2002, com 84 páginas, nas quais se lê a história de um menino pobre com 05 anos de idade, residindo no sertão maranhense, mas queria ser doutor quando crescesse.
COMO GOVERNAR BEM UM MUNICÍPIO, lançado no dia 25 de julho de 2002, com 20 páginas, nas quais se lê como planejar e executar as diretrizes administrativas de um município, estado e de um país.
A DIVINA PROVIDÊNCIA DO CRAVO E DA ROSA, lançado no dia 29 de abril de 2004, com 38 páginas, nas quais se lê o que o cérebro humano é capaz de criar em cima de uma simples observação de abelhas, borboletas e beija-flores, no jardim de uma praça pública.
AAL – ACADEMIA AÇAILANDENSE DE LETRAS, lançado no dia 29 de abril de 2004, com 38 páginas, nas quais se lê como começou o processo de fundação da Academia Açailandense de Letras e seu Estatuto.
SODALÍCIO ACADÊMICO, um periódico semestral, seu primeiro exemplar foi lançado no dia 29 de abril de 2004, com 24 páginas e atualmente está com 96, nas quais se lê: artigos, contos, poesias e outros trabalhos literários de lavra dos membros ativos da Academia Açailandense de Letras.
MISSÃO CUMPRIDA, lançado no dia 10 de dezembro de 2005, com 206 páginas, nas quais se lê como a família Mota chegou ao Brasil e a biografia de Raimundo Ferreira Mota, que se tornou Patrono da Cadeira de número 09 da Academia Açailandense de Letras, fundada por Evangelista Mota Nascimento, no dia 29 de abril de 2004.
UMA LONGA PROVA DE AMOR, lançado no dia 19 de maio de 2006, com 36 páginas, nas quais se lê a história dos 60 anos de casamento do escritor e poeta Amaro Pedrosa com Maria Pedrosa Borges.
MARANHÃO, AÇAILÂNDIA E SUA HISTÓRIA, lançado no dia 29 de abril de 2008, com 706 páginas, nas quais se lê parte da história inicial do Maranhão e o desenvolvimento econômico e político do município de Açailândia.
A CADELINHA, lançado no dia ---/---/2008, com 44 páginas, nas quais se lê a história de uma cadelinha que foi criada como se fosse uma criança, mas meses depois do seu nascimento ela teve um ataque no coração e faleceu repentinamente.
SAUDADE, lançado no dia 06 de janeiro de 2011, com 36 páginas, nas quais se lê a trajetória de sucesso do empresário Josimar Mota Nascimento e da doença “Esclerose Lateral Amiotrófica”, que o levou a óbito em 31 de dezembro de 2010.
BODAS DE OURO, lançado no dia 29 de outubro de 2011, com 48 páginas, nas quais se lê a história das “Bodas de Ouro” de Manoel Mota do Nascimento com Maria Tomás Mota e a saudade do pai, do filho e dos irmãos falecidos do autor.
Foi também co-autor de vários outros trabalhos, entre tantos. Seletas: Versos e Prosas, lançado no dia 20 de junho de 2002, com 86 páginas, nas quais se lê alguns contos, poesias e a história de criação e fundação do Centro de Cultura Popular Engenheiro Bernardo Sayão, fundado em Açailândia, no dia 20 de junho de 2000.
EPÍLOGO
Tendo em vista o pouco tempo disponível, o volume de matéria pesquisada nas muitas viagens realizadas pelos lugares que morava um ou mais membros da família pesquisada e também pela diversidade de costumes e hábitos culturais das pessoas entrevistadas, concluir esta obra, não foi nada fácil. Mesmo assim deu-se como concluída a pesquisa e a obra, que foi sendo escrita de acordo com a conveniência dos assuntos comentados. Como por exemplo, a introdução de uma carta que escreveu para os seus pais, quando estava na universidade, sobre o convite que teve de pessoas de bem para participar de uma festa alusiva ao dia dos pais.
Quando chegamos ao local que iria se realizar a festa, deparei-me com uma multidão de pessoas adentrando um enorme salão de estilo neoclássico, que estava ornamentado com lindas endumentárias, toda aquela gente estava trajando terno preto. Em um banquinho que estava escorado no cantinho da parede fiquei sentado. Do meu lado direito, esquerdo e na minha frente havia outras pessoas vestidas de aventais multicoloridos e colares bordados pendurados nos seus pescoços. Usavam também no peito várias comendas.
No meio do salão havia um altar com uma enorme bíblia aberta sob a luz de velas. Atento eu fiquei, observando tudo aquilo. Foram muitas às ideias que passaram pela minha cabeça naquele momento, até pensei que eram generais, mas apenas imaginei. Passados alguns minutos, o chefe do cerimonial anunciou o início do banquete, antes, porém perguntou aos convidados de onde eles vinham, o que estavam fazendo ali e para onde iam. Mas somente aquele que estava sentado na entrada do salão respondeu às perguntas do presidente daquela reunião. Com uma voz bastante grave ele disse: - Venho da casa do seu João, e aqui estou para ajudar a levantar templos à virtude e cavar masmorras ao vício e também comemorar o dia dos pais deste e de outros países, que o Grande Arquiteto do Universo criou para ser morada da humanidade.
Depois das respostas daquele ilustre cidadão, o presidente da reunião anunciou a ordem do dia que já estava previamente organizada para aquela festa, antes, porém, pediu ao secretário que lesse algumas cartas, as quais ele chamou de pranchas. Depois da leitura do expediente, levantou-se da cadeira que estava sentado um professor de filosofia, com uma simples palmada na mão direita ele pediu a palavra para falar de geometria. Quando o presidente franqueou-lhe a palavra ele fez uma pequena saudação às autoridades e demais presente naquela reunião. Em seguida disse que aquele recinto era bastante grande, sua largura era do norte ao sul, o comprimento era do oriente ao ocidente, a altura da terra ao céu e a profundidade, da superfície ao centro da terra e terminou a sua fala dando uma aula recheada de simbologia e esoterismo.
Depois da fala daquele ilustre professor, o presidente dos trabalhos, anunciou a suspensão das falações para dar início ao banquete, recomendando a todos que ao retornarem aos seus lares não se esquecessem de amar ao seu próximo como a si mesmos e assim o banquete teve início. Enquanto os convidados banqueteavam um apetitoso jantar, eu fui até a uma cabine de telefone que estava na minha frente e liguei para o meu pai que estava longe dali. Quando ele atendeu o telefone, eu disse: “querido papai, você sabe que hoje é o dia mais importante da sua vida, é o seu dia. O dia que todos os seus filhos lhe abraçam e lhe dão muitos presentes”.
Ele que estava do outro lado da linha disse: “Meu filho, que bom é ouvir a sua voz, ela corta-me o coração,você é o homem que tem me dado na hora precisa a força necessária.
- Papai, eu sei que você está emocionado, mas sou eu que estou com saudade de ti! Pois tu és um amigo que vem da alma e que sabe ser pai. Neste momento sinto-me, ao teu lado, com todos os meus irmãos e recebendo teus ensinamentos, pois somente eu, hoje estou distante de ti, contentando-me, com
a saudade, olhando o teu retrato e ouvindo a tua voz pelo telefone, por isto sinto alegria, porém choro de saudade de não poder estar junto contigo e também da minha mãe e de todos meus irmãos. Quando éramos pequenos, você nos ensinou a respeitar os mais idosos, o verdadeiro alimento da alma e hoje no teu dia, ouço tua voz, apenas por um fio, mesmo assim agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de existir e aqui estar neste mundo da tecnologia, falando contigo pelo telefone, até parece que foi o destino que o nosso criador traçou, para que aqui eu estivesse fiel aos deveres que tu me ensinaste na nossa mesa de jantar. Ali eu aprendi contigo como vencer na vida dentro deste mundo tão competitivo. Ainda poderia falar muito mais contigo, no entanto, meus trocados estão acabando, por isto receba meu abraço fraternal e a complementação de minha imaginação, vou fazer via correio, mesmo assim aqui estou para ti desejar muitas felicidades e também pelo teu grande dia. Mando-te um grande abraço, até a próxima oportunidade!
Depois da despedida ele foi para a hospedaria que morava naquela cidade, lá chegando entrou na sua sala de estudo para escrever uma carta para o seu pai, pois ainda tinha muita coisa para lhe falar sobre o dia dos pais, que assim ficou escrita.
Papai no telefone eu fiz apenas a introdução do meu pensamento sobre o teu dia, no entanto, quero te dizer, que no dia do teu aniversário, sentei-me em um banco para assistir um programa de televisão, quando liguei o aparelho, na tela surgiu um clarão e uma figura de um simpático ancião, aquilo fez com que a minha mente lembrasse que naquela data, você completava 60 anos de vida. Então, imaginando fiquei qual era o presente que iria comprar. Inúmeros foram os pensamentos sobre os mais diversos bens materiais que lhe poderia dar, mas todos seriam indistintamente inúteis por que tinham suas vidas úteis definidas no tempo. Quando de repente adormeci meu pensamento naquela simpática e austera figura que aparecia na tela da televisão, trazendo na mão direita um cajado e na esquerda uma espada, vestia-se com um manto branco que cobria uma bela armadura de cavaleiro.
Maravilhado fiquei pela fascinante aparição daquele estupefato velhinho. Olhei o clarão sendo substituído por uma imagem mais tensa e descaracterizada do porte altivo do cavaleiro, que se aproximava de mim e depositava nos meus pés, o cajado, a espada, o manto e uma rosa. Todos estes objetos eu olhava e ele sorria dizendo com voz forte, pausada e conselheira: - Está com algum problema? Perguntava aquele simpático velhinho a mim e desapareceu em um piscar de olhos.
Sem resposta fiquei porque estava sonolento, porém tive a ideia de examinar os presentes que via na minha imaginação e tentei desvendar a mensagem do bom velhinho. Imaginei que o cajado era um símbolo da sabedoria e servia para dar apoio um corpo cansado através da experiência e das verdades. Vi também naquele cajá---do a condução da felicidade e do amadurecimento dos conhecimentos adquiridos com o tempo. Olhei a espada usada na mão direita do velho ancião e entendia que ele era destro, por isto transmitia a importância de cultuar a prática do conhecimento. O manto era branco, um símbolo do caráter e da pureza que representa o cumprimento do dever. A armadura mostrava-me a verdade, os compromissos assumidos sem a vaidade da posição ocupada. A rosa simbolizava o perfume a produção das sementes, a fertilidade da terra o desabrochar de um novo horizonte sem vaidade. Atordoado ainda estava eu com aquela aparição, quando de repente ouço uma voz feminina, dizendo: sou tua companheira, trago na mão uma linda rosa, que encontrei no bolso do teu paletó, que vestia ontem à noite na festa de comemoração do dia dos pais e em minhas mãos ele colocou aquela rosa e declamou: “leva para a faculdade esta linda flor, isto é a felicidade de uma eternidade de vida que temos pela frente”.
Naquele momento acordei surpreso com tanta revelação espiritual. Vi que a televisão havia saído do ar e tudo não passava de um profundo sonho que havia tido. No entanto, lembrei-me da oração lida pelo presidente da reunião que tinha acabado de participar, na comemoração alusiva ao dia dos pais, cuja leitura foi o Salmo 133, que diz: Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a baba de Arão, e desce para a gola de suas
vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre.
Se pensarmos que o lazer é uma forma de proeza, é possível imaginar que próximo da nossa casa aja uma imensa área verde totalmente urbanizada pata nela fazermos nossas caminhadas de fim de tarde ou mesmo matinais e foi pensando nisso que refleti sobre as ações de valores, nas façanhas que alcançamos no decorrer de nossa vida e foi bom sentir saudade do pai, que por muitas vezes nos ensinou a refletir sobre muitos filhos que dão presente e comemoram o dia dos pais, mas na maioria das vezes eles nem sabem, porque estão fazendo aquilo. Mas quando pensei nos escândalos, nos fracassos, nas desilusões, nos desenganos, nos desapontamentos, nos desgostos e nas surpresas desagradáveis sofridas no decorrer de tanto tempo, chorei desesperadamente, enquanto isso eu imaginei na possibilidade de um dia encontrar na calçada de um lugar qualquer desse imenso país, um casal de idosos passeando de mãos dadas por ali, se isso aconteceu, imagino que você pensou em algo mais interessante e conclui o meu pensamento dando uma volta ao redor daquela calçada, um grande espaço de lazer que fica perto das casas urbanizadas pela prefeitura e se transformou numa agradável área de fazer Cooper.
De forma que, foi nas férias de junho, que pude fazer uma visitinha aos meus pais, lá nos confins do Maranhão. Mas, quando lá cheguei encontrei tudo diferente. O engenho, a casa de farinha e o curral não existiam mais. A sua casa de morada estava coberta com telha, paredes rebocadas, piso de cimento, água encanada e energia elétrica. No frechal estava uma antena parabólica fincada, na sala um conjunto de sofá e uma estante com vários livros e uma televisão, na qual o velho estava assistindo a comédia (Meu pai uma lição de vida), a história de um filho que nunca esquecia os seus pais. Portanto, aproveitando a oportunidade única de reatar e resgatar nesta carta os laços que possam ter sido perdidos no tempo, que estavam vivendo longe da família, mas a sua chegada levou de volta alegria e novos relacionamentos, uma perspectiva de vida, que pode reatar todas as dificuldades sofridas na doença que o levou a morte.
Sentado, no parapeito da cama que ele estava deitado no hospital, onde estava internado para tratamento do AVC que havia sofrido em maio, externou ao seu querido pai o Salmo 133. Naquele momento o velho homem que estava tomando um soro, levantou a sua cabeça, com olhar um tanto triste e fitou o rosto do filho, para quem disse de viva voz: - Meu filho, veja o que os pais são capazes de fazer por aqueles que foram gerados do seu próprio sangue.
É difícil mensurar. Lágrimas, privações, horas a mais de trabalho, sonhos frustrados, a própria vida, são, na enfadonha rotina do dia-a-dia, doados, em silêncio, a ele. Quando um filho reconhece o valor que tem seus pais para a sua vida, isso marca profundamente no coração daquele que o gerou e deu-lhe uma nova vida. O filme Meu Pai Uma Lição de Vida é uma comédia, uma história que representa muito na vida de cada um de nós.
O velho, apesar de enfermo, estava com sua mente em perfeita harmonia com as palavras do seu primeiro filho, que mesmo deitado naquele leito hospitalar, ele contou, que lá pela metade do mês de agosto da década de 50, em uma pequena aldeia de agricultor nasceu um menino, que deu e continua dando verdadeiras lições de vida a sua família. Disse também, que há cerca de 40 anos ele já falava em ser médico, um sonho que teve início no dia que se encontrou com o professor Luciano Gomes de Melo, um caçador de fama, pois até a onça Lídia ele capturou nas suas armadilhas. Portanto, faça uma escolha, dê uma boa olhada ao seu redor e entenda que sua vida - agora mesmo - é o resultado de todas as suas escolhas no passado e no presente. Você andou muito para chegar até aqui e certamente gosta do que vê, por isso sobreviveu e deu um jeito de estar onde está. Portanto, existem coisas que podemos melhorar ao fazê-los, lugares que gostaríamos de conhecer, é por isso que a vida está mais gratificante e emocionante do que antes.
A qualidade da sua vida é resultado direto das escolhas que você faz. A cada momento de sua vida é uma escolha. O futuro aproxima-se no mesmo ritmo de sempre. Então preste atenção nas suas escolhas, pois são elas que moldarão, ativamente, o resto da sua vida. Dessa forma você pode mover sua mente para frente, pois ela pensa continuamente. Vale mais a pena focalizar o que você quer do que focalizar o que você não quer. Mas o que você não quer pode penetrar sutilmente de muitas formas nos seus pensamentos.
Preocupações e dúvidas focalizam seus pensamentos naquilo que você não quer. Ao invés de preocupar-se com as coisas ruins que talvez possam acontecer, direcione suas ações para garantir que coisas boas e positivas acontecem nela. Ficar reclamando também pode fazer com que sua mente dedique-se às coisas que você não quer. Sobre o que você reclama geralmente é o que não gostaria que acontecesse consigo. Ao invés de ficar reclamando, aja. É a ação que o move em direção a tudo que você quer.
A raiva é mais uma maneira de direcionar negativamente seus pensamentos. Ao invés de ficar irritado com as coisas que você não gosta, use essa energia para dar-lhe a determinação necessária para conseguir tudo o que você quer. Mantenha sua mente focalizada positivamente nas coisas boas que a vida pode lhe oferecer. E são exatamente essas coisas que crescerão mais fortes e abundantes no seu mundo.
Enfim, o sofrimento e a dor também passaram pela mente do escrevente deste livro, que teve o seu cérebro ativado por muitas imaginações sobre o padecimento de muitos entes queridos de sua família que já partiram para outras dimensões. Portanto, se não fosse a imaginação, como iríamos compreender a morte de um ser humano tão bom, que, apesar do peso da idade que carregava nas costa, era saudável e querido, e partindo para os Céus nos deixava em tão grande sofrimento? Certamente foi a mão de Deus que o buscou, levando-o para junto de Si, no momento certo. É possível que ele esteja mais protegido do que os que ainda se encontram por aqui , principalmente aquele que não tem fé e amor pelos seus semelhantes. Isso nos faz imaginar as seguintes situações: se todos os homens permanecessem vivos e morressem somente depois dos cem anos, com certeza a nossa vida seria muito monótona. E se tivéssemos um ciclo determinado de anos na nossa existência, como seria a expectativa dos últimos momentos? E se a vida não fosse apenas um período de transição, como seria o destino de todos nós? Acredito que o elemento surpresa deve existir em relação à nossa existência. Daí porque a morte é surpreendente, real, infalível e irremissível. Temos que acreditar de algum modo que ela é um fim, mas também um começo. É o início de uma nova etapa. Estamos aqui somente de passagem. Cumprindo nossa missão, retornando à Casa de Deus, um momento de alegria da alma, mas de luto e profundo sofrimento para os que ficam na terra, os quais se recolhem em sua intimidade, imaginando inúmeras situações. Portanto, da minha sala de estudo, fico a observar as pessoas que passam na rua e reflito sobre suas preocupações. Nelas, às vezes, vejo alguém parecido com meu padrinho. Na minha imaginação fico numa expectativa de que a qualquer momento ele chegará como sempre fazia no seu engenho, no seu roçado e na sua casa, onde todos os dias ele deixava uma lição de vida para os seus familiares. A sua ausência é tamanha que com esta brevíssima narrativa, cumprimos parte da nossa missão, a de observar álbuns de família para concluir esta pequena história, que graciosamente foi intitula de “Coisas do Destino”.
ÁLBUM ICONOGRÁFICO
De forma resumida apresentamos neste álbum iconográfico, algumas fotos da família Mota brasileira. Algumas foram tiradas no decorrer da pesquisa, outras adquiridas com parentes e amigos, quando a pé, ou montado em jumento, carro de boi, bicicleta, caminhão, ônibus, automóveis, trem de ferro, barco e avião fomos às aldeias e cidades deste imenso país em busca de informação da origem das famílias Ferreira e Mota.
Evangelista Mota Nascimento, no local em que estudou as primeiras letras do ABC com outros colegas de sua época de criança, a década de 60. Foto: João José Mota, em 24 /06/2000.
Evangelista Mota Nascimento, com a mão esquerda, segurando um tronco de forquilha da casa onde nasceu. Foto: João José Mota, 24 /06/2000.
Evangelista com o pé direito em cima da moenda do engenho do seu avô Manoel dos Santos Lima. Foto: João José Mota, 24 /06/2000.
Raimundo, na década de 60. Foto: Reprodução do álbum de família.
Raimundo, ladeado por sua digníssima esposa Maria de Melo Lima, na frente de sua residência, povoado Cocal de Dentro. Foto: Reprodução do álbum de família.
Última aparição do velho patriarca, quando estava deitado sobre uma mesa, ao lado do caixão que nele foi enterrado pelos familiares que velavam o seu corpo, na fazenda Cocal de Dentro, Município de Tuntum-MA, em 12 de setembro de 1977. Foto: Reprodução do álbum de família.
Evangelista, na frente de sua casa, em Açailândia no dia 01/05/1972. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista, em primeiro de maio de 1972, dentro do seu laboratório de próteses dentárias, em Açailândia. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista na Escola Nossa Senhora de Fátima, Barra do Corda, em 17/12/1976, momento em que tinha entregue para a esposa Raimunda Ferreira do Nascimento, o Diploma de professora. Foto: Leônidas Ferreira.
Josimar, Evangelista, Raimunda e Analise Mota, em 1977, no interior da Farmácia São Salvador. Foto: Tarcisium Carneiro.
Raimunda, Evangelista e a funcionária Zita, no balcão da farmácia São Salvador, em 1977. Foto: Tarcisium Carneiro.
Raimunda, Evangelista, Arnaldo, Maria, Vicência e Viturina Mota em confraternização familiar à luz de vela, junho de 1977. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista, Gervásio Serafim, Luís Gonzaga, Delício Santos, Dogival Gerônimo e Dorneles Malta, em 27 de agosto de 1978 numa confraternização de aniversário, em Açailândia. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista Mota Nascimento, em 26/03/1976, ladeado por irmãos maçons da Loja D. Pedro I, de Imperatriz, quando acabava de receber da sua loja mãe o 3º grau. Foto: Reprodução do álbum de família.
Raimunda Ferreira do Nascimento, em 4 de setembro de 1979, ladeada por familiares e o médico Dalvadisio Moreira, quando acabava de ganhar Sâmara Mota, a sua primeira filha. Foto: Evangelista Mota.
Raimunda, em 13 de dezembro de 1980, levando pelo braço seu esposo e aluno Evangelista Mota para receber das mãos do professor Dogival Jerônimo, Diretor do Colégio José Américo de Almeida, o seu Diploma de Técnico em Contabilidade. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista, ladeado por sua esposa Raimunda e seus dois filhos: Sâmara e Gutemberg Mota, ao lado do frei César Gavazzi, amigos e amigas no pátio da Igreja São Francisco de Açailândia, maio de 1983. Foto: José Sousa.
Evangelista em julho de 1983, ladeado por familiares e amigos no dia que foi aprovado no vestibular de Medicina da Universidade Federal do Maranhão. Foto: Tarcisium Carneiro.
Raimunda, ladeada por Ana Ferreira e seus três filhos: Gutemberg, Sandra e Sâmara, quando estava em São Luís para fazer o último pré-natal do seu 4º filho, novembro de 1985. Foto: Evangelista Mora.
Sâmara, Gutemberg e Sandra Mota, na Escola Divino Mestre de Açailândia, em fevereiro de 1988. Foto: Raimunda Ferreira.
Evangelista, em 6 de dezembro de 1990, dia que tomou posse como Venerável Mestre da Loja Maçônica Juvino Oliveira, Oriente de Açailândia. Foto: Marcos Dias.
Os 251 filhos, netos, bisnetos, tataranetos e outros parentes na cidade de Barra do Corda, cantando parabéns pelos 90 anos de vida da matriarca Viturina Rosa da Silva Mota, em 02/11/1990. Foto: Marcos Dias.
João Pedro Ferreira falando dos 90 anos de vida da matriarca Viturina Rosa da Silva Mota, em 02/11/1990, ladeado por: Raimundo, João Artur, Evangelista, Perpétua Ferreira do Nascimento, João Ferreira do Nascimento e Pedro Mota de Araújo. Foto: Marcos Dias.
Evangelista, em cima de um carro de boi com alguns amigos, no dia 27 de julho de 1998, chegando na fazenda Caxixi, quando fazia 30 anos que tinha saído de lá. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista no local da Escola Santo Antônio, onde tinha estudado as primeiras letras do ABC, na década de 60. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista observando o que restou da casa onde ele nasceu (apenas um tronco de aroeira ainda estava fincado). Foto: João José Alves Mota.
Evangelista, no local do engenho de Raimundo Ferreira Mota, onde ele tangia boi na década de 50. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista, observando o que resto do curral que ele tinha construído para o seu avô Raimundo Ferreira Mota, na década de 60. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista, sentado em uma pedra, o único sinal que restava no local da casa que morou durante 18 anos. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista, no Cemitério da Chapadinha, olhando o túmulo de sua avó Josefa dos Reis Andrade. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista pilando arroz com amigos na fazenda Caxixi. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista tomando café com beiju, na farinheira São Manoel, local onde haviam ajudado seus pais a torrar farinha na fazenda Caxixi. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista, em 17 de julho de 1998, ladeado por seu pai Manoel Mota, o tio João Mota e vários moradores da fazenda Caxixi, no local em que viveu por 18 anos. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista ladeado por: Otávio Rodrigues, Maria Leite, Município de Tuntum, em 17 de julho de 1998. Foto: João José Alves Mota.
Evangelista com João Ferreira, na cidade de Barra do Corda, em março de 2000. Fotos: Raimunda Ferreira.
Evangelista, Sandra, Jacó e Raimunda, em março de 2001. Foto: Sandra Mota.
Perpétua, Sâmara, Antônio, Evangelista e Gutemberg Mota, na fazenda Curralinho, no ano de 1982. Foto: Raimunda Ferreira.
Evangelista, na biblioteca da escola José Américo de Almeida, pesquisando a história de Açailândia, de cujo trabalho originou sua monografia de conclusão de curso e o livro Açailândia e Sua História, que foi publicado em setembro de 1996. Foto: Raimunda Ferreira.
Evangelista fazendo o papel de juiz casamenteiro numa quadrilha junina em junho, de 1977, no momento que assinava o livro de registro matrimonial dos noivos: Trombelino Pinto Mole (Almir de Jesus Nascimento) e Trombelina Pomba Furada (Geci Pereira Lima) Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista no seu laboratório de prótese em 1983, quando preparava uma dentadura. Foto: Tarcisium Carneiro.
Evangelista, ministrando aula na escola Municipal Jurgleide Alves Sampaio de Açailândia, em 27 de agosto de 2000. Foto: Raimunda Ferreira.
Evangelista, ladeado pelos amigos Agostinho Noleto e Leonardo Queiroz, em 16 de janeiro de 2001, momento em que anunciava o lançamento do seu 4º livro (Seleta: Versos e Prosas). Foto: Marcos Dias.
Jantar de confraternização no restaurante Estrela, no dia do lançamento do livro Seleta: Versos e Prosa. Foto: Marcos Dias.
Evangelista, em 8 de maio de 2002, entrevistando Raimundo Alves Lima, o homem mais velho de Açailândia. Ele nasceu no dia 25 de dezembro de 1890. Foto: Marcos Dias.
Evangelista, em 23 de dezembro de 2004, ao lado do amigo e confrade Amaro Pedrosa, velando o corpo de Manoel Mota Nascimento. Foto: Marcos Dias.
João Tomás Mota, quando tinha 21 anos. Foto: Reprodução do álbum de família.
Maria da Silva Mota. Foto: Reprodução do álbum de família.
Igreja Nossa Senhora de Fátima, Barra do Corda, onde Raimundo Ferreira Mota foi batizado em 1904 e casado em 1924. Foto: Leônidas Ferreira.
Reunião de parte dos familiares do velho patriarca, na cidade de São Domingos do Maranhão, em 2000. Foto: Reprodução do álbum de família.
Vicência Tomás Mota, Raimundo Ferreira de Sousa Mota, filhos, netos e genro. Foto. Reprodução do álbum de família.
Raimunda Tomás Mota. Foto: Antônio
Parte dos familiares do velho patriarca, em 19 de setembro de 1977, fazendo a visita de 7º dia no local em que ele foi sepultado na fazenda Cocal de Dentro, município de Tuntum-MA. Foto. Reprodução do álbum de família.